Sistemas metroviários são modos de transporte de altíssima capacidade que precisam circular com baixos intervalos. Dentre os diversos componentes vitais para o funcionamento deste transporte está o sistema de rede aérea.
Na Linha 5-Lilás, operada pela ViaMobilidade, utiliza-se um sistema de alimentação com 1500 Volts em corrente contínua. Para manter os trens alimentados, uma série de cabos elétricos é energizada, fornecendo tensão aos trens.

Com o passar do tempo os fios acabam sofrendo desgaste, sendo necessário sua aferição e, inevitavelmente, sua troca. Veja nesta matéria como ocorre a manutenção corretiva no sistema de eletrificação da Linha 5-Lilás.
Preparação
Para que a atividade de manutenção ocorra é necessário cumprir-se diversos procedimentos. Um deles é a atividade de vistoria preventiva do trecho onde os técnicos de manutenção fazem o mapeamento de diversas regiões da via.
Em uma das inspeções foi detectado desgaste do fio de contato, que fornece energia ao trem por meio do pantógrafo. Nesta vistoria observou-se que um trecho entre as regiões Moema e AACD Servidor possuía desgaste em um dos cabos.

No local o sistema elétrico é sustentado através de catenária rígida, onde o fio é preso por um perfil metálico. Quando o desgaste da estrutura chega à 113 mm é necessário realizar a troca do cabo. A medição é realizada com paquímetro do topo da catenária rígida até a base do fio de contato.
A próxima etapa é a realização da notificação de atividade através do sistema de gestão integrado SAP. As equipes, então notificadas, realizam o planejamento das atividades.

O planejamento envolve as estratégias que serão utilizadas para a realização da atividade em campo. Ele engloba os pontos de corte do fio, equipamentos a serem utilizados e insumos a serem trocados. A ideia é ter em mente o que cada colaborador deve fazer para tornar o processo mais eficiente.
Após o planejamento da atividade é realizada ainda a etapa de programação. Uma equipe especial realiza a alocação da manutenção dentro de um dia com cronograma pré-determinado. A ideia é de que neste dia todas as atividades de manutenção não entrem em conflito com a atividade de manutenção de rede aérea.

O CCO se mantém ciente de todas as atividades, competindo a ele a supervisão em tempo real de todas as equipes que entram nas vias, bem como a retirada destas equipes para o início da operação comercial pela manhã.
Manutenção
Para a realização das atividades de manutenção, as equipes fazem preparativos de equipamentos. São separados ferramentas convencionais e especiais para o auxílio na atividade de manutenção como equipamento de medição, chaves diversas, alicates, etc.

Uma composição de manutenção especial é preparada. Ele é composto de um Veículo de Manutenção de Rede Aérea e de um Vagão Porta Bobina onde ficam armazenadas ferramentas e o cabo de rede aérea.

Outros itens importantes são os equipamentos de proteção individual, no caso, botas, capacetes, luvas, óculos, talabarte e cinto de segurança. Os funcionários precisam ter certificações especiais como a NR 10 e NR 35 que garantem segurança nos serviços de energia e altura respectivamente.
A composição que faria as atividades de manutenção estava localizada em um túnel entre as estações Eucaliptos e Campo Belo, onde há um estacionamento. A posição do trem economiza o tempo de viagem durante as intervenções.
O trem partiu apenas após a autorização do Centro de Controle Operacional. Na chegada de cada estação o trem aciona a buzina, alertando os funcionários de sua presença. A composição parou na estação AACD Servidor, local próximo a realização da atividade.

Antes da realização da atividade uma série de medidas de segurança é tomada. Em outras instalações são realizadas instalações de segurança em salas técnicas do sistema de energia localizadas em Capão Redondo, Brooklin e Santa Cruz.
Nas vias próximas é feita a medição de tensão da rede aérea com um equipamento especial. Após a constatação da ausência de tensão ocorre o aterramento da rede aérea. A partir deste momento, de fato, ocorre a atividade de troca de fios

A atividade se inicia com os funcionários se posicionando dentro do veiculo de manutenção. O equipamento possui uma plataforma elevada que permite acessa a rede aérea de forma facilitada.
O primeiro passo é a instalação de um sargento na extremidade da área de manutenção. Esse equipamento deverá manter a extremidade do fio presa a rede aérea para que apenas a área necessária seja trocada.
Para a retirada do fio da catenária rígida é necessário utilizar uma ferramenta especial. Um carrinho projetado especialmente para este tipo de alimentação elétrica é encaixado e faz a abertura da barra metálica, sendo assim possível retirar o fio de sua base.

Conforme o carrinho é puxado pelos colaboradores a barra se abre e o fio antigo vai sendo gradativamente removido. Os colaboradores cuidam para que o cabo seja posicionado em local que não prejudique a movimentação e a segurança dos colegas.
Após o processo de extração do fio é realizado o corte. Nesse processo é importante se atentar a um possível ricochete do cabo, de forma que se evite acidentes. Após a remoção parte da equipe faz o processo de separação do material que deverá passar pelo processo de logística reversa.
O lançamento do novo fio é realizado de forma semelhante à extração. Neste caso os novos cabos, na bobina, são posicionados no carrinho que é tracionado na direção oposta.

Neste momento o novo fio vai sendo automaticamente fixado pelos sulcos existentes. A barra metálica faz o papel de pinça, o que garante que o sistema de energia se mantenha rígido.
O fio passa por processo de lubrificação, de forma que o seu encaixe seja facilitado. O trabalho conta com apoio de várias pessoas para que tudo seja executado com precisão e sem falhas.

Finalização
Após a instalação do fio é realizada uma inspeção visual para assegurar a qualidade do trabalho. O trecho onde está localizado a divisa entre o fio novo e o velho é esmerilhado para que se crie uma transição suave entre as duas áreas.
O veículo de manutenção, que é munido de um pantógrafo, faz uma passagem pela área, assegurando a segurança e a boa execução dos serviços. O sargento é removido assim como o aterramento de rede aérea.

Com o encerramento das atividades em campo os funcionários seguem rumo a um estacionamento de trens ou para o pátio de manutenção mais próximo. A partir daí são realizadas as tratativas administrativas para a finalização do serviço.
Conclusão
A manutenção do sistema de rede área é fundamental para o bom funcionamento dos trens, já que é este conjunto de equipamentos que garantem a alimentação elétrica para as composições.
As manutenções só podem ser realizadas durante a madrugada, período em que é possível desligar a energia do trecho para permitir o acesso seguro dos funcionários.

Observa-se da mesma forma que é realizado um planejamento muito acurado antes das atividades. Primeiro detecta-se os pontos de atenção que são monitorados. Ao atingir o ponto de alerta é realizada a programação da troca.
Siga o MetrôCPTM nas redes: WhatsApp | Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter
As atividades são realizadas de forma que tanto os funcionários quanto o CCO saibam das atividades. As regras de segurança, individual, coletiva e do sistema permitem a realização de uma atividade complexa com qualidade e celeridade.