Defensor de concessões e parcerias público-privadas em seus tempos no governo de São Paulo, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, tenta adiar o leilão do Metrô de Belo Horizonte, de acordo com reportagem da Folha de São Paulo.
Segundo o jornal, o ex-governador de São Paulo encaminhou um ofício ao Ministério da Economia solicitando a suspensão do certame, cujo objetivo é conceder o sistema sobre trilhos da capital mineira, hoje sob responsabilidade da CBTU Minas. O leilão está marcado para esta quinta-feira, 22, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
A justificativa de Alckmin para que a concessão não ocorra foi afirmar que o leilão terá reflexo em toda a sociedade e que caberá ao governo Lula executar o acordado no contrato. O futuro vice-presidente foi acionado após as tentativas do Partido dos Trabalhadores (PT) de barrar o projeto na Justiça falharem.
O argumento dos integrantes da nova gestão federal é que caberá a ele avaliar a viabilidade do leilão sob risco de insegurança jurídica e prejuízo ao serviço público.

Concessão preparada desde 2019
A privatização do Metrô de Belo Horizonte é uma das primeiras metas anunciadas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), desde que foi eleito pela primeira vez em 2018. Já nos primeiros meses da sua gestão, Zema iniciou tratativas com o governo federal para viabilizar o repasse da Linha 1 à iniciativa privada, além de incluir a construção da Linha 2.
Durante esse tempo, o governo estadual realizou a análise técnica preliminar, os estudos do projeto de modernização e expansão e obteve os recursos para investir no empreendimento. Em dezembro de 2021, a consulta pública foi concluída enquanto o edital foi publicado em setembro deste ano, prevendo um investimento de R$ 3,7 bilhões para uma concessão de 30 anos.
Por todo o esforço realizado, o governo Zema, que foi reeleito em 1º turno em outubro, se nega a cancelar o leilão. À Folha, o secretário estadual de Infraestrutura, Fernando Marcato, afirmou que a equipe de transição de Lula negou que haveria um pedido de suspensão. Ainda segundo ele, caso a concessão seja postergada há risco de o dinheiro reservado para o projeto seja usado para outros propósitos.
O governo mineiro enviou ofício à equipe de transição ressaltando a importância da concessão já que o serviço prestado pela CBTU é precário. Em paralelo, a greve dos funcionários do Metrô de Belo Horizonte continua. O sindicato da categoria reinvidica a manutenção dos empregos e a suspensão do leilão.