Análise: Qual modelo de porta de plataforma é o mais seguro?
Site percorreu todas as linhas de metrô e fez uma análise dos principais itens de segurança presentes nos equipamentos. Linhas públicas e privadas precisam atualizar sistemas para garantir maior segurança.

O recente acidente ocorrido na Estação Campo Limpo da Linha 5-Lilás acendeu uma discussão bastante acalorada sobre os sistemas de segurança no sistema metroviário. Em meio à cacofonia de informações desencontradas e trocas de acusações, é preciso encontrar formas de melhorar a segurança dos passageiros.
Buscando entender e esclarecer o assunto, o site percorreu nos últimos dias as estações metroviárias que contam com as portas de plataforma e fez um levantamento para verificar quais itens de segurança estão presentes e ausentes nessas fachadas.
Critérios
Pontuamos quatro critérios diferentes para esta análise. O primeiro é a identificação do sensor de presença. Este equipamento detecta se existe uma pessoa na região interna das portas e evita o fechamento acidental.
O segundo item é o anteparo lateral, que obstrui o fechamento das portas lateralmente caso haja um objeto nas faces internas do equipamento. O terceiro item é o anteparo interno, que elimina quase completamente o espaço entre o trem e a PSD.
O último item é o espaço interno. Por inferência visual, verificamos se é possível que uma pessoa fique entre o trem e a porta de plataforma, considerando a presença ou ausência de equipamentos de segurança.

Avaliação
Linha 1-Azul
As portas da Linha 1-Azul possuem anteparos laterais e sensores de segurança, mas a ausência de um anteparo interno e o grande espaço entre o trem e a PSD são um risco considerável. Não há proteção interna.
Nesta situação, a presença do sensor pode inibir acidentes. O anteparo lateral não é dos mais confiáveis, sendo uma haste metálica simples, possivelmente pensada como auxiliar na abertura das portas internamente. Este modelo de porta está presente nas estações Jabaquara e Tucuruvi cujos equipamentos foram montados pela empresa Alstom.
Linha 2-Verde
As portas da Linha 2-Verde são divididas em dois tipos: as antigas, presentes nas estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente, e a nova, instalada pela Alstom na Estação Vila Madalena.
As portas antigas não possuem sensores de segurança nem anteparo interno; existe apenas o anteparo lateral. O espaço interno é suficiente para a presença de uma pessoa. Já foi registrada ocorrência desse fato no passado e o equipamento precisa ser aprimorado.
As portas novas, por sua vez, já vieram com esse aprimoramento. Apesar de não possuírem sensores, as portas contam com anteparos internos que impedem a presença de pessoas no interior do equipamento.
Linha 3-Vermelha
Assim como na Linha 2, a Linha 3-Vermelha também possui equipamentos antigos (na estação Vila Madalena) e novos (nas demais estações).
As portas antigas não possuem sensores nem anteparos internos, apenas anteparo lateral. O espaço interno permite o acesso de pessoas, sendo necessário aumentar a segurança.
As portas novas seguem o padrão da Linha 1-Azul. Possuem sensores de segurança, mas não contam com anteparo interno, e a qualidade duvidosa do anteparo lateral é um alerta. O acesso à região atrás das PSDs é possível.
Linha 4-Amarela
A Linha 4-Amarela não possui sensores, mas, em compensação, conta com anteparos laterais e internos. O espaço entre o trem e a porta é muito pequeno, sendo considerada difícil uma ocorrência de intrusão na região.
Linha 5-Lilás
As PSDs da Linha 5-Lilás também não possuem todos os itens de segurança que evitam acidentes. Não há sensores nem anteparo interno, apenas anteparo lateral. Como amplamente noticiado e checado presencialmente, é possível uma intrusão no espaço interno das portas.
Linha 15-Prata
O monotrilho é um caso à parte. A porta de plataforma é um equipamento obrigatório para a operação do sistema. As portas da Linha 15-Prata não possuem sensores e são as únicas que não têm anteparo lateral.
As portas possuem um pequeno anteparo interno. A distância entre o trem e a PSD é muito pequena, impossibilitando intrusão indesejada.
Fatores importantes
Precisamos considerar alguns fatores importantes na análise. Um deles é o local de instalação das portas. O fato de a estação ser em reta ou em curva influencia diretamente no espaçamento das PSDs.
Na Linha 5-Lilás, no local onde houve o acidente, a plataforma curva favorece um posicionamento do trem sujeito ao aumento do espaçamento interno. Isso é natural, tendo em vista o gabarito da caixa dos trens.
Outro fato importante é a caixa dos trens e seus movimentos dinâmicos. Alguns modelos de trens possuem uma caixa em formato retangular, paralela à face das portas. Há modelos de trem com caixa trapezoidal que aumentam a área interna das portas.

No monotrilho, a caixa é ovalada, o que, neste caso, contribui para minimizar o espaço interno entre trem e PSD.
Existem também questões relacionadas à implantação. Algumas estações não foram projetadas para receber o equipamento, sendo necessárias adaptações em projetos e, eventualmente, restrições dimensionais. Isso ocorre nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e no trecho antigo da Linha 5-Lilás. Em estações que já foram concebidas com os equipamentos, a tendência é de diminuição dos espaços.
Outro ponto importante é a atualidade tecnológica dos equipamentos. Devemos lembrar que as portas não foram feitas para que, necessariamente, não haja pessoas entre elas e os trens. O foco é eliminar a intrusão de pessoas nas vias férreas, eliminando interferências indesejadas.

As primeiras portas de plataforma são as que menos têm equipamentos de segurança, mas só a presença delas já eliminou potenciais acidentes que poderiam ocorrer por imprudência.
As portas mais novas já vieram com atualizações, incluindo barreiras físicas ou sensores de presença que impedem a presença ou detectam a intrusão dentro das portas. Seria importante que as empresas atualizem tais equipamentos e que a burocracia não interfira no processo.
Opinião
A segurança no sistema metroferroviário depende de duas vias. A colaboração entre empresa e passageiro é fundamental para que acidentes, sobretudo os fatais, sejam nulificados.
Por parte das empresas, e aqui não há de se falar em estatal ou privada, cabe a realização de medidas proativas de segurança e aprimoramento. A minimização da burocracia deve sempre nortear as ações que visem a preservação das condições e integridade das pessoas.
Por sua vez, é necessário também ao passageiro o respeito as regras de segurança. Mesmo em estações onde não há portas de segurança muitos cidadãos se arriscam sem medo algum de um acidente com consequências permanentes. Conscientização é fundamental.
O jogo de “batata quente” entre as empresas pouco acrescenta. O radicalismo em enxergar a situação pelo aspecto ideológico deve dar lugar a um posicionamento firme: Segurança em primeiro, segundo e terceiro lugar. Há trabalho a ser feito, e é preciso que seja rapidamente concretizado.
Uma questão: existe um tipo de sensor que é o de pressão da porta (no caso o da própria plataforma) – quando a porta nota uma pressão por ter alguém ou algo no meio dela. Isso também foi pesquisado?
Sensores de infravermelho na lateral da porta onde quando vai fechar a porta de plataforma.