| | | | | | | |

Análise: Qual modelo de porta de plataforma é o mais seguro?

Site percorreu todas as linhas de metrô e fez uma análise dos principais itens de segurança presentes nos equipamentos. Linhas públicas e privadas precisam atualizar sistemas para garantir maior segurança.

Portas de Plataforma (Jean Carlos)
Portas de Plataforma (Jean Carlos)

O recente acidente ocorrido na Estação Campo Limpo da Linha 5-Lilás acendeu uma discussão bastante acalorada sobre os sistemas de segurança no sistema metroviário. Em meio à cacofonia de informações desencontradas e trocas de acusações, é preciso encontrar formas de melhorar a segurança dos passageiros.

Buscando entender e esclarecer o assunto, o site percorreu nos últimos dias as estações metroviárias que contam com as portas de plataforma e fez um levantamento para verificar quais itens de segurança estão presentes e ausentes nessas fachadas.

Critérios

Pontuamos quatro critérios diferentes para esta análise. O primeiro é a identificação do sensor de presença. Este equipamento detecta se existe uma pessoa na região interna das portas e evita o fechamento acidental.

O segundo item é o anteparo lateral, que obstrui o fechamento das portas lateralmente caso haja um objeto nas faces internas do equipamento. O terceiro item é o anteparo interno, que elimina quase completamente o espaço entre o trem e a PSD.

O último item é o espaço interno. Por inferência visual, verificamos se é possível que uma pessoa fique entre o trem e a porta de plataforma, considerando a presença ou ausência de equipamentos de segurança.

Itens avaliados (Jean Carlos)
Itens avaliados (Jean Carlos)

Avaliação

Linha 1-Azul

As portas da Linha 1-Azul possuem anteparos laterais e sensores de segurança, mas a ausência de um anteparo interno e o grande espaço entre o trem e a PSD são um risco considerável. Não há proteção interna.

Nesta situação, a presença do sensor pode inibir acidentes. O anteparo lateral não é dos mais confiáveis, sendo uma haste metálica simples, possivelmente pensada como auxiliar na abertura das portas internamente. Este modelo de porta está presente nas estações Jabaquara e Tucuruvi cujos equipamentos foram montados pela empresa Alstom.

Linha 2-Verde

As portas da Linha 2-Verde são divididas em dois tipos: as antigas, presentes nas estações Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente, e a nova, instalada pela Alstom na Estação Vila Madalena.

As portas antigas não possuem sensores de segurança nem anteparo interno; existe apenas o anteparo lateral. O espaço interno é suficiente para a presença de uma pessoa. Já foi registrada ocorrência desse fato no passado e o equipamento precisa ser aprimorado.

As portas novas, por sua vez, já vieram com esse aprimoramento. Apesar de não possuírem sensores, as portas contam com anteparos internos que impedem a presença de pessoas no interior do equipamento.

Linha 3-Vermelha

Assim como na Linha 2, a Linha 3-Vermelha também possui equipamentos antigos (na estação Vila Madalena) e novos (nas demais estações).

As portas antigas não possuem sensores nem anteparos internos, apenas anteparo lateral. O espaço interno permite o acesso de pessoas, sendo necessário aumentar a segurança.

As portas novas seguem o padrão da Linha 1-Azul. Possuem sensores de segurança, mas não contam com anteparo interno, e a qualidade duvidosa do anteparo lateral é um alerta. O acesso à região atrás das PSDs é possível.

Linha 4-Amarela

A Linha 4-Amarela não possui sensores, mas, em compensação, conta com anteparos laterais e internos. O espaço entre o trem e a porta é muito pequeno, sendo considerada difícil uma ocorrência de intrusão na região.

Linha 5-Lilás

As PSDs da Linha 5-Lilás também não possuem todos os itens de segurança que evitam acidentes. Não há sensores nem anteparo interno, apenas anteparo lateral. Como amplamente noticiado e checado presencialmente, é possível uma intrusão no espaço interno das portas.

Linha 15-Prata

O monotrilho é um caso à parte. A porta de plataforma é um equipamento obrigatório para a operação do sistema. As portas da Linha 15-Prata não possuem sensores e são as únicas que não têm anteparo lateral.

As portas possuem um pequeno anteparo interno. A distância entre o trem e a PSD é muito pequena, impossibilitando intrusão indesejada.

Fatores importantes

Precisamos considerar alguns fatores importantes na análise. Um deles é o local de instalação das portas. O fato de a estação ser em reta ou em curva influencia diretamente no espaçamento das PSDs.

Na Linha 5-Lilás, no local onde houve o acidente, a plataforma curva favorece um posicionamento do trem sujeito ao aumento do espaçamento interno. Isso é natural, tendo em vista o gabarito da caixa dos trens.

Outro fato importante é a caixa dos trens e seus movimentos dinâmicos. Alguns modelos de trens possuem uma caixa em formato retangular, paralela à face das portas. Há modelos de trem com caixa trapezoidal que aumentam a área interna das portas.

Gabarito do trem é desafio em estações curvas (Jean Carlos)
Gabarito do trem é desafio em estações curvas (Jean Carlos)

No monotrilho, a caixa é ovalada, o que, neste caso, contribui para minimizar o espaço interno entre trem e PSD.

Existem também questões relacionadas à implantação. Algumas estações não foram projetadas para receber o equipamento, sendo necessárias adaptações em projetos e, eventualmente, restrições dimensionais. Isso ocorre nas linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e no trecho antigo da Linha 5-Lilás. Em estações que já foram concebidas com os equipamentos, a tendência é de diminuição dos espaços.

Outro ponto importante é a atualidade tecnológica dos equipamentos. Devemos lembrar que as portas não foram feitas para que, necessariamente, não haja pessoas entre elas e os trens. O foco é eliminar a intrusão de pessoas nas vias férreas, eliminando interferências indesejadas.

Portas de plataforma de Barra Funda iniciaram operação (Jean Carlos)
Portas de plataforma de Barra Funda iniciaram operação (Jean Carlos)

As primeiras portas de plataforma são as que menos têm equipamentos de segurança, mas só a presença delas já eliminou potenciais acidentes que poderiam ocorrer por imprudência.

As portas mais novas já vieram com atualizações, incluindo barreiras físicas ou sensores de presença que impedem a presença ou detectam a intrusão dentro das portas. Seria importante que as empresas atualizem tais equipamentos e que a burocracia não interfira no processo.

Opinião

A segurança no sistema metroferroviário depende de duas vias. A colaboração entre empresa e passageiro é fundamental para que acidentes, sobretudo os fatais, sejam nulificados.

Por parte das empresas, e aqui não há de se falar em estatal ou privada, cabe a realização de medidas proativas de segurança e aprimoramento. A minimização da burocracia deve sempre nortear as ações que visem a preservação das condições e integridade das pessoas.

Por sua vez, é necessário também ao passageiro o respeito as regras de segurança. Mesmo em estações onde não há portas de segurança muitos cidadãos se arriscam sem medo algum de um acidente com consequências permanentes. Conscientização é fundamental.

O jogo de “batata quente” entre as empresas pouco acrescenta. O radicalismo em enxergar a situação pelo aspecto ideológico deve dar lugar a um posicionamento firme: Segurança em primeiro, segundo e terceiro lugar. Há trabalho a ser feito, e é preciso que seja rapidamente concretizado.

Posts Similares

2 Comentários

  1. Uma questão: existe um tipo de sensor que é o de pressão da porta (no caso o da própria plataforma) – quando a porta nota uma pressão por ter alguém ou algo no meio dela. Isso também foi pesquisado?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *