Já reza a lenda que não se deve fazer planos a respeito de uma nova linha de metrô logo que as obras começam. Como se sabe, o andamento desses projetos é sempre tão complicado e lento que muita coisa muda até a inauguração.
Que dirão os moradores do entorno da estação Vila Sônia. Localizada próxima à divisa com o município de Taboão da Serra, a 11ª parada da Linha 4-Amarela nem deveria ter existido inicialmente, mas o cancelamento da estação Três Poderes, próxima à Butantã, motivou o Metrô a utilizar uma área próxima ao pátio de manutenção como alternativa.
Pois quem circula na região desde 2004 certamente não imaginava apenas 17 anos depois aquela obra um dia seria concluída com a abertura da estação neste sábado, 18 de dezembro.
Embora seja preciso relevar vários aspectos do projeto, como o fato de que Vila Sônia seja parte da fase 2 do empreendimento e que o acidente no canteiro de obras da estação Pinheiros tenha atrasado sua execução, a verdade é que para o público esses infortúnios pouco dizem já que a esperança em contar com um transporte de qualidade, veloz e confortável permaneceu em suspense por muito tempo.
A espera, no entanto, foi cruel. Primeiro foi preciso acompanhar túneis e o pátio sendo abertos no eixo da Avenida Francisco Morato entre 2004 e 2013, quando de fato a obra da estação teve início.
Quer dizer, em termos, já que o primeiro consórcio começou seu trabalho pelo terminal de ônibus e extensão do pátio de manutenção. Logo em seguida a empresa teve o contrato rescindido e foi preciso chamar outro consórcio para concluir a Fase 2, composta de outras quatro estações – Fradique Coutinho (a única entregue pela primeira empresa), Higienópolis-Mackenzie, Oscar Freire e São Paulo-Morumbi, esta aberta no longíquo ano de 2018.
Sim, três anos foram necessários para que o Metrô desse por concluída Vila Sônia após entregar o restante da Linha 4.
Por isso não seria de todo mal se o governo do estado externasse um enorme pedido de desculpas aos moradores por fazê-los esperar por tanto tempo.
Impacto positivo na região
Na prática, a entrada de Vila Sônia na operação da Linha 4 acrescentará uma extensão de 1,4 km, uma distância relativamente pequena desde que São Paulo-Morumbi foi aberta e levou o ramal para mais perto da periferia.

Mas na visão do governo, a nova estação terá um imenso impacto em mobilidade. Isso porque deve atrair 86 mil usuários por dia quando estiver operando em horário pleno. Para se ter uma ideia, isso é quase o número de passageiros que passam por Luz, a mais movimentada da linha.
Reforça essa previsão o enorme terminal de ônibus ligado à ela e que trará um grande fluxo de passageiros oriundos de várias localidades próximas. O ramal deve atingir um movimento de usuários em dias úteis de 896 mil pessoas, o que o colocará entre os três maiores da rede.
A operação assistida teve início logo após a cerimônia de inauguração, a contrário do que o governo havia dito à veículos de imprensa que tiveram acesso ao local dias atrás.
O funcionamento a partir do sábado será das 10 às 13 horas sem cobrança de tarifa até São Paulo-Morumbi. A expectativa é que a operação comercial esteja completa em março de 2022 – até lá a ViaQuatro deve ampliar o funcionamento aos poucos, à medida que os testes sejam finalizados.
Agora, a expectativa se volta para a prometida extensão até Taboão da Serra. Atualmente, a concessionária da Linha 4 realiza estudos de viabilidade do projeto a fim de apresentá-los ao governo que então decidirá se é viável pagar à ViaQuatro pela obra – o ressarcimento poderá ser feito com recursos financeiros ou então a prorrogação da concessão.
Com imagens e informações de Caio Lobo.