Após inúmeros adiamentos, Acciona assumirá a Linha 6-Laranja do Metrô no dia 7 de julho

Segundo governo do estado, construtora espanhola assinará o contrato de concessão, substituindo a Move São Paulo, que havia suspendido as obras há quase quatro anos
José Manuel Entrecanales, CEO da Acciona, e o governador João Doria: assinatura do contrato de concessão da Linha 6 (Twitter/JDoriaJr)

A novela da Linha 6-Laranja chegou ao fim. Ou ao menos o capítulo da caducidade do contrato original, cuja vigência foi adiada por sete vezes até aqui. Segundo informação antecipada ao jornal Folha de São Paulo pelo secretário Alexandre Baldy, a construtora Acciona assinou o novo contrato para assumir a concessão do ramal do Metrô de 15 km neste fim de semana. Na próxima terça-feira, 7 de julho, a empresa espanhola passa a responder pela construção e operação da linha no lugar da Move São Paulo.

Desde novembro do ano passaado, a Acciona se comprometeu a comprar a concessão das sócias da Move, as construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, que suspenderam as obras em setembro de 2016, afetadas pela operação Lava Jato. Sem crédito e com 15% dos trabalhos executados, a concessionária tentou negociar com o governo um aumento nos valores recebidos ao mesmo tempo em que o estado passou a pressioná-la a resolver a situação.

A situação se deteriorou a ponto de a Move processar o governo e este a decretar a caducidade do contrato por abandono da obra. Tudo caminhava para um rompimento no final da gestão Alckmin, mas seu sucessor, João Doria, após analisar alternativas como desapropriar a própria concessão, preferiu dar mais uma chance para os sócios da concessionária encontrarem um comprador. Para isso passaram a adiar a vigência da caducidade, a primeira delas em agosto do ano passado.

Alguns grupos mostraram interesse pelo projeto e um consórcio chinês chegou a ter um documento formalizado para assinatura, mas desentendimentos na reta final fizeram a venda voltar à estaca zero. Foi quando a Acciona, que corria por fora, anunciou um pré-acordo com os donos da Move São Paulo em novembro. O negócio ainda foi alvo de rumores de um lobista de empresas chinesas, que vazou informações de que a construtora espanhola não estava mais fechada com o governo do estado.

O ex-governador Geraldo Alckmin durante assinatura do contrato da Linha 6-Laranja em dezembro de 2013: muitas promessas (GESP)

Finalmente, em fevereiro, os espanhóis e a Move São Paulo anunciaram a assinatura do acordo final, restando apenas que o governo e outras instâncias de controle como a Procuradoria Geral do Estado e o Cade aprovassem o novo contrato. Mas veio a pandemia do coronavírus e os sucessivos adiamentos, cada vez mais curtos. Em maio, no entanto, surgiram informações de que a Acciona tentava embutir no acordo uma cláusula de saída facilitada, o que acabou confirmado pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos em reunião no final de junho.

A cláusula de “way out”, com uma multa de apenas R$ 10 milhões, no entanto, foi negada pelo governo. Restava então à Acciona decidir se entrava de fato na concessão ou se abria mão do projeto de 25 anos. Felizmente, o desfecho foi positivo.

Retomada das obras quatro anos depois

As obras da Linha 6-Laranja, que ligará a Brasilândia com a estação São Joaquim tiveram início em 2015, após impasses com as desapropriações. A Move São Paulo chegou a iniciar a escavação de alguns poços e adiantar o chamado VSE Tietê, ao lado da marginal, e de onde partirão os dois tatuzões que escavarão os 15 km do ramal. As duas tuneladoras, inclusive, encontram-se desmontadas nesse local. A concessionária também refez projetos executivos simplificando os que o próprio Metrô havia produzido quando a linha seria construída de forma tradicional.

Um dos tatuzões da Linha 6 já está há anos no Brasil

A Move também chegou a fechar um acordo com a Alstom para fornecer os 22 trens que serão usados na operação, e também com o grupo Mitsubishi, que seria responsável pelos sistemas. Não se sabe se a Acciona honrará esses compromissos ou se fará novas aquisições.

Certo é que as obras poderão ser retomadas com certa rapidez. Nesse meio tempo em que ficou parada, a maior parte das desapropriações acabou sendo resolvida, o que permitirá à construtora mobilizar os canteiros de forma bastante veloz. A estimativa do governo é que os trabalhos recomecem em até 90 dias, ou seja, cerca de quatro anos após serem suspensos.

A previsão de entrega da Linha 6-Laranja, inclusive, era no ano de 2020. Agora, será preciso atualizar os cronogramas para saber qual será a nova data de abertura. Em entrevistas no final do ano passado, Baldy chegou a apontar um período de quatro anos de obras, o que indicaria a inauguração por volta de 2025. Espera-se que a nova concessionária, batizada de “Linha Universidade”, não passe pelas mesmas dificuldades de sua antecessora e acabe com a espera de milhares de futuros usuários.

O traçado da Linha 6-Laranja incluindo o trecho até a Rodovia dos Bandeirantes, opcional (CMSP)

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4 comments
  1. Uma ótima notícia a assinatura do contrato entre governo de SP e grupo espanhol Acciona, que ocorre num momento crítico sob todos pontos de vista. E que não seja mais um “blefe” eleitoral, financeiro ou de interesses escusos.
    Os parabéns por esta empreitada ficam para qdo ocorrer a viagem inaugural desta encantada linha 6 laranja.
    Quem viver, verá!

  2. Alguém sabe se há possibilidade das obras da Linha 6 – Laranja retomarem ainda neste ano?

    1. Segundo o acordo, a retomada das obras deverá ocorrer em até 90 dias da assinatura do contrato

  3. Ótima noticia do Governo de SP, esta parceria gerará emprego e uma atenção enorme para um ponto da zona norte hoje esquecido pela prefeitura!

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