Nesta sexta-feira (25) o governo do estado realizou uma apresentação virtual do primeiro trem de monotrilho que fará parte da frota da Linha 17-Ouro. Trata-se de um momento há muito esperado e que era motivo de ironias nas redes sociais a ponto de ser considerada uma espécie de “lenda urbana” diante do imenso atraso do projeto.
A nova composição foi fabricada pela empresa chinesa BYD, que também é responsável pela implantação dos sistemas da Linha 17.
Ao todo serão entregues 14 trens com 5 carros cada. As composições deverão realizar o percurso de 8,3 km entre o Aeroporto de Congonhas e a estação Morumbi com intervalo médio de 3 minutos transportando cerca de 165 mil passageiros por dia.
O novo trem possuirá um sistema que permite a movimentação do veículo de forma automática, o UTO (Unattended Train Operation). Os trens que operam na Linha 15-Prata e 4-Amarela possuem esta mesma característica.
O projeto do monotrilho da Linha 17-Ouro desenvolvido pela BYD, apesar de utilizar como base o SkyRail, apresenta algumas diferenças de grande relevância. Destaca-se o fato do projeto ter sido adaptado para a viga da Linha 17, o que requereu uma adequação do projeto, inclusive com a construção de uma via de testes exclusiva de 800 metros para os novos trens na fábrica da empresa na China.
O trem apresentado nesta sexta é o chamado “cabeça de série”, que é usado para aferir os requisitos técnicos e realizar testes variados. Segundo o governo, será essa mesma composição que embarcará rumo ao Brasil no final do ano, contrariando a prática comum em que o segundo trem de produção é entregue enquanto o primeiro permanece realizando os testes na fábrica.
Durante a apresentação, o diretor da BYD no Brasil, Alexandre Barbosa, comentou que a empresa fará a partir de agora a implantação dos sistemas nas vias da Linha 17 enquanto acompanha os testes do primeiro trem na China.

Segunda apresentação do primeiro trem da Linha 17
O evento desta sexta-feira teve ar de déjà vu, afinal quase cinco anos atrás a Scomi, então responsável pelo fornecimento dos trens, também divulgou imagens e vídeo de um suposto monotrilho da Linha 17. A unidade em questão, no entanto, só foi mostrada pelo lado externo e com os vidros escurecidos, o que fez com que houvesse desconfianças de que se tratava de fato de um trem do Metrô de São Paulo.
Desta vez, no entanto, o trabalho da BYD tem confirmado o acerto em contratar uma empresa mais estruturada e comprometida com o projeto. Basta notar que a conclusão do primeiro trem já havia sido prevista por ela para março. E apesar dos percalços jurídicos que atrapalharam seu desenvolvimento, a fabricante chinesa não economizou investimento para montar uma linha de testes seguindo o gabarito das vigas-trilho projetadas pela Scomi para colocar o primeiro trem em funcionamento.

As imagens divulgadas pelo governo mostram que o interior do trem já conta com toda comunicação visual em português, bancos num padrão semelhante ao da Linha 15-Prata, e a ausência da cabine de comando, por conta do sistema de sinalização CBTC e o padrão GoA4, o mais alto em automatização da operação. Até mesmo o mapa eletrônico de estações aparece em uma das fotos já incluindo os trechos 2 e 3, ainda no papel.
Parece pouco provável que o projeto de construção dos 14 trens chegaria a esse patamar caso o consórcio Signalling tivesse sido habilitado em vez da BYD.
Hoje, com os graves problemas financeiros das empresas pertencentes ao empresário Sidnei Piva de Jesus, como o grupo Itapemirim, soa bastante provável que uma situação semelhante poderia ter ocorrido, como este site inclusive previu na época da licitação.
Tudo indica que nessa licitação o Metrô e o governo do estado fizeram a coisa certa.
Ricardo Meier
