Próxima de completar 10 anos em obras, a Linha 17-Ouro do Metrô continua a ser prometida para 2022. Em entrevista à Jovem Pan nesta segunda-feira, 26, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, reafirmou o objetivo anunciado pelo governador João Doria em dezembro do ano passado.
Mas o responsável pela secretaria foi além, anunciando que as obras civis, a cargo da construtora Coesa, serão concluídas dentro de seis meses. “A licitação de construção civil, que vem evoluindo e deverá ser encerrada em janeiro de 2022. Toda a parte de construção da linha e das estações, a exemplo da estação Morumbi que já está concretizada“, afirmou Baldy ao ser questionado sobre o problemático ramal de monotrilho.
“Nosso objetivo é entregar a Linha 17-Ouro em operação no ano de 2022”, disse o secretário, sem no entanto estipular um mês exato nesse caso.
Para cumprir a promessa da gestão Doria, no entanto, será preciso que as obras atinjam um ritmo alucinante daqui em diante. Desde que assumiu o contrato de obras civis complementares há sete meses, a Coesa tem realizado apenas serviços pontuais nos canteiros, como alvenaria, instalação de pisos e preparação para lançamentos das vigas-trilho no trecho da Marginal Pinheiros.
Esse trabalho, inclusive, motivou a interdição de vias próximas à estação Morumbi em maio, porém, até hoje não há ainda qualquer movimentação para que o local receba as estruturas pré-moldadas que formarão as vias do monotrilho.
As sete estações dentro do escopo da Coesa continuam sem suas coberturas e vidros e o pátio Água Espraiada parece bastante distante de ser concluído em apenas meio ano.
Ramal avançou apenas 10% do previsto no primeiro semestre
Para corroborar a impressão de lentidão da obra, o relatório de acompanhamento financeiro das obras, divulgado pelo Metrô de São Paulo, aponta que apenas 10% do orçamento de R$ 443,2 milhões reservado para o projeto em 2021 foi efetivamente realizado.
Um montante de R$ 46,4 milhões, dos quais R$ 5 milhões foram usados em junho, mês que já deveria mostrar um constante crescimento no ritmo de trabalho. Como comparação, as obras da Linha 15-Prata, de menor envergadura atualmente, já consumiram 277% mais recursos, com avanço físico do empreendimento em 96,8%, segundo a companhia – a Linha 17 atingiu somente 53,2% até o mês passado.

Esses valores incluem também o contrato de sistemas fechado com a BYD SkyRail, que fabricará os 14 trens de monotrilho além de montar portas de plataforma e implantar tecnologias de sinalização e comunicação. Esse escopo, no entanto, está ainda mais atrasado visto que a empresa chinesa esteve impedida de seguir com o projeto neste ano após liminares na Justiça.
Ao contrário das declarações do secretário à Jovem Pan, o Metrô não exibe um prazo de entrega em seu relatório mensal de evolução da obra. Para a companhia, as datas de entrega para a ViaMobilidade constam como “em reprogramação”.