Em entrevista ao programa 90 Minutos, comandado pelo jornalista José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, nesta quarta-feira, 22, o secretário Alexandre Baldy, dos Transportes Metropolitanos, forneceu mais detalhes sobre os problemas que afetam a Linha 15-Prata do Metrô desde o final de fevereiro. O executivo deu a entender que o consórcio CEML, formado pelas empresas OAS, Queiroz Galvão e Bombardier, subestimou o impacto do aumento da demanda no ramal, que praticamente quadruplicou num intervalo de apenas um ano.
Baldy afirmou que o relatório preliminar apresentado pela fabricante canadense aponta a necessidade de troca de peças nos conjuntos das rodas, mas sem detalhar quais componentes não suportaram a carga mais elevada de passageiros nos trens de monotrilho. “A Bombardier reconheceu em relatório preliminar a necessidade de trocas de peças. O cojunto de rodas não suportou a quantidade de passageiros, portanto houve sim o reconhecimento que o projeto não estava adequado ao movimento em sua plenitude”, explicou.
O secretário também acrescentou que a ideia era voltar a operar neste mês, mas que foi considerado mais sensato seguir com as correções durante a quarentena causada pelo coronavírus. “Eles estão trocando peças das rodas para avaliar o resultado. Poderíamos voltar em abril, mas preferimos aproveitar a baixa demanda para fazer mais testes”, disse.
Os problemas, no entanto, também afetam as vias por onde circulam os trens de monotrilho. Segundo Baldy, mais de 195 pontos das vigas-trilhos estão sendo corrigidos, um dado grave que reforça a má impressão causada pela circulação das composições, que sofrem fortes oscilações em alguns trechos.

Metrô entra na Justiça contra o consórcio CEML
A gravidade das constatações apresentadas pelo relatório da própria Bombardier explica porque a empresa e suas sócias mostraram um esforço incomum em buscar uma solução e tentar demonstrar que estão preocupadas com a segurança do público. Porém, não se sabe ainda se a investigação promovida pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) pode revelar mais erros de projeto e execução da obra, que já dura mais de uma década.
O reconhecimento por parte do consórcio deve motivar o governo do estado a entrar com algum tipo de ação indenizatória contra seus sócios. É o que indica um processo liminar que o Metrô apresentou à Justiça no dia 29 de março, mas que acabou indeferido nos últimos dias. Embora não seja possível acessar os detalhes do processo, acredita-se que a companhia deverá voltar a cobrar o consórcio CEML pela receita frustrada nesse período, que completará dois meses na semana que vem.
O prejuízo para as finanças do Metrô é imenso já que além de deixar de receber pelo transporte dos passageiros, a empresa está mantendo ativo o serviço Paese, com ônibus fornecidos pela SPTrans e que é ressarcida por isso.