Concessão das Linhas 8 e 9 selará o destino de mais de 2.000 funcionários

Com a concretização da concessão, os funcionários da CPTM darão lugar aos novos empregados da concessionária ViaMobilidade Linhas 8 e 9, mas parte pode ser absorvida pela empresa privada
Novos funcionários passarão a atuar nas linhas 8 e 9 até o ano que vem (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

A cada dia que se passa, a assinatura do contrato de concessão das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda se aproxima. O consórcio ViaMobilidade Linhas 8 e 9, liderado pelo Grupo CCR, sagrou-se vencedor do leilão com um lance único de 980 milhões de reais. O período de transição, que se inicia após o início do contrato, terá duração de sete meses, sendo que durante esse período a empresa deverá contratar e treinar centenas de novos funcionários para suprir as vagas dos funcionários da CPTM que serão realocados.

Quantidade de funcionários

O site teve acesso à quantidade de funcionários que atuam hoje nas Linhas 8 e 9 da CPTM, num total de 2.006 pessoas. Através dos dados obtidos via Lei de Acesso, a Informação é possível ter transparência sobre o efetivo de funcionários que hoje prestam serviço nas linhas operadas pela estatal, bem como ter uma expectativa da quantidade de funcionários que deverão ser repostos pela concessionária ViaMobilidade.

Primeiro é necessário distinguir as funções dos funcionários em três grandes blocos, para melhor entendimento de suas atuações no âmbito ferroviário. Os funcionários administrativos são aqueles responsáveis pela gestão, ordem e organização em diversas áreas como financeira, logística, jurídica, etc.

Quantidade de funcionários administrativos (CPTM/LAI)

Os funcionários da manutenção são aqueles responsáveis pela atuação direta na ferrovia e nas estruturas de apoio à operação, sendo responsáveis pela boa condição de uso dos equipamentos, trens e estações com planos preventivos, assim como atuar em situações emergenciais que exijam correção imediata.

Quantidade de funcionários na manutenção (CPTM/LAI)

Os funcionários da operação são aqueles que muitas vezes têm contato direto com os passageiros, seja em seu atendimento e orientação, na segurança pública e cumprimento das normas, ou na condução dos trens.

Quantidade de funcionários na operação (CPTM/LAI)

Atualmente as Linhas 8 e 9 contam com mais de 2 mil funcionários, sendo que 64% destes estão alocados nas funções relacionadas à operação. Já 31% do efetivo é responsável pela manutenção do sistema ferroviário, estações e áreas correlatas. Os 5% restantes respondem a toda a questão administrativa e organizacional.

Relação proporcional dos funcionários (CPTM LAI)

Quanto aos locais que mais acumulam funcionários, temos uma forte concentração na região de Presidente Altino, local onde funciona o pátio de manutenção, o maior da CPTM atualmente, o prédio administrativo e o antigo CCO, que possivelmente retornará a suas atividades. Locais como as estações de Osasco, Palmeiras-Barra Funda e Pinheiros entram na sequência por serem consideradas bases para maquinistas e agentes de segurança.

Conclusão

A quantidade de novos funcionários que deverão assumir cargos na nova concessionária será imensa. Não é possível estimar se o número de empregados será maior ou menor, ou até mesmo a sua divisão por função, uma vez que a nova empresa possivelmente seguirá um modelo de negócio diferente daquele que existe atualmente na CPTM.

O caminho natural, no entanto, é que a ViaMobilidade reduza o quadro de funcionários na operação dos dois ramais afinal esse é um dos aspectos onde ela poderá gerar redução de custos na operação e manutenção.

Um grande exemplo de possíveis mudanças que venham a ocorrer é com o grupamento de agentes de estação. Nas linhas operadas pela CCR os agentes de segurança também prestam o primeiro atendimento ao passageiro com orientações e procedimentos. A simplificação de funções pode ser um dos pontos de destaque e, ao mesmo tempo, passar de forma mais ativa a imagem da empresa para os passageiros. As mudanças serão graduais, mas espera-se que até o começo do ano que vem todas elas estejam devidamente implantadas.

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  1. A CCR não deverá aproveitar nenhum funcionário da CPTM.
    O risco trabalhista de se aproveitar alguém é muito grande, além da remuneração ser menor em regra.
    Pra não falar dos maus hábitos destes empregados

  2. Infelizmente parte dessas pessoas enfrentarão dificuldades de realocação no mercado de trabalho.

  3. Deveria-se primeiro conceder as linhas piores, como a Ruby, e aí sim conceder as melhores caso as piores venham a superarem o desempenho das melhores. Dar o filé mignon pra empresa privada enquanto a pública tem que ficar com o coxão duro, assim fica fácil falar que privatização dá certo, tem que provar que o modelo é superior transformando a linha capenga em exemplo e não pegando a que todo mundo sempre aprovou e depois dizer que funciona, sendo que funcionará do mesmo jeito de sempre.

  4. Poxa vida… Imaginem os condutores de bondes que perderam seus empregos… Muita choradeira, onde o governo coloca a mão nada funciona. Esses funcionarios irão sobreviver, vida que segue.

    1. Cara, não misture alhos com bugalhos. Uma coisa é mudança de empregos por causa de tecnologia, outra bem diferente é perda de emprego por causa de lobby com empresas privadas pra dar mais lucro pra empresários.

  5. E pensar que a CCR abocanhou as linhas praticamente de graça… Ou seja, não tem como não dar lucro, não tem como não dar certo… Pegaram as melhores e mais rentáveis… Como sempre.

  6. o PDV da CPTM não teve adesão nem de 1000 funcionários, ou seja, nem metade da meta foi atingida. dos que aderiram, a esmagadora maioria eram de aposentados q apenas esperavam um empurrãozinho para não sair com uma mão na frente outra atrás.

    dificilmente alguém vai pedir demissão da CPTM para ganhar salário de fome na CCR. assim como muito improvável que a CCR vai oferecer uma oferta vantajosa para tirar alguém da CPTM, talvez alguém com experiência muito estratégica para o serviço das linhas 8 e 9 que a CCR venha a ter dificuldade, principalmente na operação.

    a ideia da CCR é remanejar o pessoal estratégico das suas outras concessões para este contrato, aproveitar mão de obra de base de pessoas q já trabalharam na ferrovia, principamente em terceirizadas e que hoje estão desempregados ou atuando em outras areas, alem de absorver gente fora do setor ferroviario. hoje com a crise, tem muito mais procura que oferta de emprego, e isso favorece colocar salários lá em baixo.

    a CCR quando assumiu a via quatro não era ninguém e se aproveitou de PDV do metrô para contratar pessoal qualificado. depois quando assumiu o metrô de salvador, contratou muita gente boa da CPTM. com a linha 5, o metrô nem fez PDV, a CCR remanejou alguns funcionarios em funçaoes estrategicas e contratou muita gente que já havia trabalhado em setor ferroviario em terceirizadas e que estava desempregada ou desalocada. o mesmo agora ela vai fazer nas linhas 8 e 9. e é essa é a tendencia futura. com a dominancia do setor metroferroviario paulista, a tendencia é quem estiver lá em cima nos cargos de diretoria e gerencia no maximo fazer dança das cadeiras entre as concessoes, sempre com salarios mais altos. e na base os profissionais com salários e beneficios cada vez mais baixos e uma rotatividade maior.

  7. Boa parte dos funcionários da CPTM já devem estar em época da aposentadoria, então não vai ser problema, só vão acabar mudando de linha ou se aposentando.

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