Embora ainda sem detalhes, correções na Linha 15-Prata evidenciam problemas de execução com o monotrilho

Linha 15: volta gradual a partir de segunda-feira, 23 (GESP)

Diante da proposta de transparência sempre ressaltada pela gestão do governador João Doria (PSDB), seria de vital importância que as causas para o incidente com o pneu do monotrilho apontadas pelo consórcio CEML (OAS, Queiróz Galvão e Bombardier), responsável pelo projeto, viessem a público em seus detalhes. Entender o que fez a Linha 15-Prata deixar de operar desde o dia 28 de fevereiro é vital para esclarecer onde está o problema com o ramal do Metrô. Se na sua concepção, execução ou manutenção.

Pelo que se entende da nota oficial da Secretaria dos Transportes Metropolitanos e das declarações do titular da pasta, Alexandre Baldy, nesta terça-feira, 18, os motivos que fizeram a linha ser interrompida envolvem sobretudo a execução do projeto. Se isso for confirmado pelo IPT, que foi contratado pelo Metrô para analisar a situação de forma independente, será um grande alívio para o modal de monotrilho, tão criticado no Brasil.

Segundo a nota da STM, enviada a alguns veículos de imprensa recentemente, “o laudo apresentado mostra que o run flat poderia estar tocando nos pneus, danificando-os. A Bombardier está analisando todo o conjunto de rodas de todos os trens, para que as partes e peças que colocam em risco o pleno funcionamento do trem possam ser substituídas. Outro problema apontado é a necessidade de intervenção na via para acabar com possíveis trepidações e assim evitar que haja risco do run flat possa entrar em contato com os pneus“.

Deduz-se dessas afirmações que a causa em si estaria ligada às ondulações das vigas-trilho, peças pré-moldadas em concreto que são fixadas nos capiteis. Como diz o texto, as trepidações podem ter feito os pneus entrarem em contato com os anéis metálicos do run flat, estruturas que ficam dentro dos pneus. Mais carregados e circulando em uma velocidade mais alta há alguns meses, os trens de monotrilho podem ter passado por um processo acelerado de desgaste em peças.

Vale lembrar que os “finger plates”, estruturas metálicas instaladas a cada quatro colunas para proporcionar espaço para dilatação das vigas, também sofreram avarias precoces, com parafusos se soltando em um tempo muito curto. Não é possível afirmar que há relação entre esses incidentes, mas essas imperfeições nas superfícies das vias chamam a atenção dos próprios passageiros desde que a linha entrou em operação, em 2014.

Ou seja, assim como ocorreu no atraso na construção da linha, causada por erros de planejamento, os atuais problemas envolveriam a execução do projeto pelo consórcio e não uma culpa específica do monotrilho em si.

Viga-trilho da Linha 15: “intervenção na via para acabar com possíveis trepidações” (GESP)

Retorno gradual

A afirmação do governo de que o ramal voltará a operar a partir da próxima segunda-feira, 23, demonstra que as correções são relativamente simples de serem feitas. De acordo com a STM, “o consórcio CEML já iniciou as intervenções necessárias na via e está substituindo as partes e peças dos trens, de acordo com a chegada das mesmas no Brasil, para que a Bombardier possa liberar os trens para retornarem com segurança a operação“.

Embora não tenham revelado como isso será feito, é provável que a Linha 15-Prata retome a operação de uma forma semelhante às inaugurações, avançando em direção a São Mateus de forma gradual, indo até regiões onde há aparelhos de mudança de via. Antes será preciso averiguar se as correções estão de fato resolvendo o problema.

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