Problema em pneu faz Metrô suspender operação da Linha 15-Prata do monotrilho

Defeito obrigou companhia a paralisar funcionamento do ramal de monotrilho a partir desta segunda-feira, 2 de março, sem data definida de retorno
Monotrilho da Linha 15: fechada por tempo indeterminado

O Metrô confirmou na tarde deste domingo que suspendará a operação da Linha 15-Prata nos próximos dias por conta de uma falha nos pneus que equipam os trens de monotrilho. Segundo a companhia, “um único pneu de um jogo de rodas do trem da Linha 15-Prata se rompeu e a composição foi recolhida imediatamente para a manutenção. Ao longo dos testes realizados na linha neste fim de semana, o Metrô constatou a incidência de danos em outros pneus dos trens do monotrilho”.

Por essa razão, a empresa decidiu manter o ramal paralisado nesta segunda-feira, 2 de março. Desde a madrugada do sábado, a Linha 15 está inoperante, mas o Metrô alegou que estava realizando testes no sistema de controle de trens CBTC. O anúncio, no entanto, veio apenas no final da noite de sexta-feira, algum incomum. Durante o fim de semana, o Sindicato dos Metroviários apontou que o problema estava relacionado ao rompimento de vários pneus na composição M20.

Segundo o Metrô, a Bombardier, fabricante do monotrilho, constatou que a causa do problema são os pneus do tipo “run flat”, construídos de forma a manter sua estrutura mesmo que haja um vazamento de ar. Trata-se de um sistema usado em vários automóveis e que dispensa a necessidade de um pneu reserva. A empresa, no entanto, não explicou o que está provocando o comportamento inesperado.

A Bombardier faz parte do Consórcio Express Monotrilho Leste, que foi o responsável pela construção das vias, sistemas e trens da Linha 15-Prata. O Metrô afirma que “está cobrando da Bombardier e do Consórcio CEML – que construiu a via – providências urgentes para a identificação da causa da ocorrência, a sua correção e também que eles arquem com todos os prejuízos decorrentes desta paralisação junto ao Metrô de São Paulo”.

Toda a frota de trens será inspecionada nesta semana, além das vias e sistemas a fim de garantir o retorno da operação o quanto antes. Enquanto isso não ocorre será mantido o sistema Paese em todo o trecho do ramal.

Pneu do monotrilho da Linha 15: rompimento inexplicado

Bombardier se pronuncia

A gravidade do problema fez com que a Bombardier enviasse uma nota à imprensa neste domingo. Segundo a fabricante, o problema ocorreu na quinta-feira, com o estouro de um pneu, o que fez a composição ser retirada de circulação. Diante da situação, a empresa canadense solicitou ao Metrô que paralisasse a frota de 23 trens utilizados na operação para que a matriz pudesse realizar inspeções.

A Bombardier prometeu apresentar a causa do problema e também sua solução o quanto antes: “Juntamente com nossos fornecedores de rodas e pneus, estamos trabalhando 24 horas por dia para inspecionar os trens, determinar a causa do incidente, desenvolver uma solução e apresentar medidas corretivas ao Metrô de São Paulo’, diz a nota da empresa, que reforçou  a segurança e a confiabilidade de seus monotrilhos.

Imagem desgastada

O novo problema com o monotrilho da Linha 15-Prata só faz aumentar as críticas a respeito do modal, que é contestado há uma década. Com presença ainda modesta nos sistemas metroferroviários no mundo, o monotrilho tem sido questionado por sua capacidade, confiabilidade e custos, mas até há pouco tempo os problemas enfrentados pelo Metrô envolvia mais sua construção do que a operação.

No entanto, desde que começou a funcionar, em 2014, o ramal na Zona Leste não tem conseguido demonstrar uma operação linear. Já são mais de cinco anos de testes em quase todos os fins de semana e incidentes delicados como trens que partiram com as portas abertas, peças que caíram das vias e o mais grave deles, o choque de duas composições no ano passado. Parte desses problemas pode ser explicada pelo ineditismo da solução, que requer tempo para ser ajustada, mas há situações que não se justificam como o desgaste prematuro de parafusos de fixação nas vigas-trilho e agora o rompimento dos pneus.

Esses dois casos evidenciam uma preocupante falta de confiabilidade no sistema implantado pela Bombardier, o chamado Innovia 300, que atualmente só é utilizado em São Paulo. Outros monotrilhos circulam em diversas cidades no mundo e com milhares de passageiros, como na China e o Japão, e não se tem notícias de imprevistos capazes de interromper o funcionamento de uma linha que transporta hoje mais de 100 mil usuários por dia.

Espera-se que o aprendizado com essas falhas já tenha sido suficiente para evitar novos transtornos.

O monotrilho da Osaka no Japão: modal é usado em outras partes do mundo sem tantos imprevistos como no Brasil (もんじゃ)

 

 

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3 comments
  1. O modal passou por vários ajustes para redução de ruído, trepidação e velocidade das composições, e agora as rodas das composições apresentam problemas. Complicado. Infelizmente faz parte da maturação do sistema.

  2. O serviço deste monotrilho tem se mostrado resvalando na incompetência desde que as primeiras estações começaram a ser entregue, e em vários aspectos do serviço. É inaceitável esta situação intermitente oferecida a população.

  3. Na minha opinião monotrilho é furada no Brasil, aqui devemos usar sistemas que já dão certo , transporte por trilhos, como no caso do metrô e trens.

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