Entenda as melhorias realizadas na Linha 12-Safira pela CPTM

As mudanças incluíram maior atenção para a manutenção, estudo das estrições de velocidade e supressão de passagem em nível. O tempo de viagem foi diminuído em 10 minutos entre Brás e Calmon Viana
Novos trens passaram a operar na Linha 12-Safira (Jean Carlos)

Na última quinta-feira (08), realizamos uma visita técnica na Linha 12-Safira para acompanhar de perto as ações adotadas pela CPTM visando a melhoria da operação do ramal que sofre, sobretudo, com a lotação nos horários de pico.

A companhia iniciou um plano de ação em 2019 que consiste na melhoria da operação dos ramais que opera. Para tanto foi necessário uma análise criteriosa acerca dos principais obstáculos que impediam uma maior fluidez nas viagens ferroviárias.

Todos os trechos passaram por analise (Jean Carlos)

Metodologia de trabalho

A metodologia de trabalho adotada levou em consideração uma posição de investigação e questionamento. Nas vias da Linha 12-Safira é bastante comum encontrar os chamados “emplacamentos”, restrições de velocidade impostas em função de alguma inconsistência técnica.

As equipes, após levantarem as principais restrições ao longo das vias e cruzamentos, questionaram-se sobre as causas de tal restrição e se havia maneira de contornar tal situação.

Foi preciso então estudar formas para mitigar os impactos das restrições existentes sob a premissa de obter o melhor resultado com o menor impacto para o passageiro.

Ações realizadas

Foram diversas as ações realizadas pelas equipes da CPTM tanto no âmbito operacional quanto de manutenção. O problema das cautelas na via foi, em boa parte, aprimorado tendo em vista a manutenção dos trechos e a avaliação técnica do posicionamento das restrições.

Emplacamentos foram revisados (Jean Carlos)

Antigamente estes emplacamentos estavam alocados em posições bastante desfavoráveis ao longo da linhas, principalmente por causa que a metodologia de cálculo empregada levava em conta o desempenho de tração e frenagem de frotas mais antigas

Pelo fato de a Linha 12 atualmente possuir uma frota com trens mais novos, os cálculos para o posicionamento das placas foram refeitos e as restrições foram redimensionadas resultando em melhoria no tempo de viagem.

A eliminação das passagens em nível foi outro ponto também minimizado já que elas implicam em riscos de acidente ferroviário. Nessas regiões os trens diminuiam sua velocidade para até 45 km/h.

Uma passagem em nível foi eliminada em Calmon Viana (Jean Carlos)

Foram removidas duas passagens que estavam localizadas entre as estações de Comendador Ermelino e São Miguel Paulista, próximo onde será construída a estação União de Vila Nova, e na estação Calmon Viana, onde a passagem dava acesso à base de manutenção próxima a parada.

Os trabalhos também abrangem as estações, com destaque para Calmon Viana que agora tem a plataforma 3 operacional. As mudanças resultaram na possibilidade de transferência facilitada para a Linha 11-Coral, bem como para as passagens dos trens entre a Linha 11 e 12, uma vez que o plano de vias foi remodelado na região.

Viagens no trecho

Durante a visita houve a possibilidade de acompanhar trechos da Linha 12-Safira a partir da cabine do maquinista, de forma a perceber as mudanças realizadas.

Via Permanente

A CPTM tem focado na mudança gradual dos dormentes de madeira por dormentes de concreto. Além de maior durabilidade, os modelos de concreto são mais resistentes e permitem uma melhor estabilidade da via.

Em alguns trechos, porém, os dormentes de concreto ainda convivem com os modelos de madeira devido às condições atuais do lastro que não tem capacidade de suporte para os novos itens.

Dormentes de concreto estão sendo gradualmente inseridos na via (Jean Carlos)

A vegetação é outro ponto bastante importante e que corresponde não só pela questão de zeladoria, mas também pela segurança da via. A supressão da vegetação rasteira está prevista nos contratos de manutenção de via e podem ser realizados através da capina química ou capina mecânica.

Algumas das restrições de velocidade encontradas ao longo do trecho ainda não foram plenamente solucionadas. Segundo as equipes da diretoria de operação, algumas ações possuem maior complexidade técnica, o que necessitaria de intervenções de maior porte que envolveriam demolição de aparelhos de mudança de via e até mesmo desapropriações para correção da geometria de via.

Um caso bastante peculiar é o da antiga estação de São Miguel Paulista. Apenas uma plataforma resiste de pé ao longo do trecho que, caso demolida, poderia abrir espaço para tornar as vias menos sinuosas garantindo aumento de velocidade. 

Antiga estação São Miguel Paulista (Jean Carlos)

A melhoria esbarra na existência de um túnel que servia de conexão entre o saguão de embarque e as plataformas, sendo necessário obras de engenharia mais robustas para dar cabo de tal obstáculo.

Além disso, ainda está em estudos a possibilidade de troca de alguns aparelhos de mudança de via que poderiam proporcionar, além de maior disponibilidade, aumento da velocidade comercial.

Sinalização

No que se refere a sinalização, novos circuitos de via estão sendo gradualmente implantados e com isso recebendo novos sinaleiros que possuem funcionamento mais simples e melhor visibilidade.

Conforme o sistema de sinalização é aprimorado, novos equipamentos de apoio vão sendo instalados fazendo com que a renovação do parque de equipamentos ocorra de forma gradual.

Apesar do sistema de sinalização original da Linha 12-Safira ter uma concepção bastante antiga, baseada em lógica de relés, o mesmo se mostra bastante eficiente e com índice de segurança elevado.

Novos sinaleiros implantados no trecho (Jean Carlos)

Sistema de energia

As melhorias no sistema de energia elétrica são importantíssimas. Com o aumento da oferta de trens para os passageiros, mais trens devem circular, o que gera um maior consumo.

Neste sentido, a CPTM tem focado na manutenção das estruturas existentes para gerar aumento na disponibilidade dos principais equipamentos. A termografia na rede aérea para identificar pontos com maior temperatura pode antever problemas graves e que podem gerar paralisações. A troca de emendas também têm sido realizadas.

Outras melhorias adotadas são a implantação dos eletrocentros. Estas unidades bastante compactas de energia atuam da mesma forma como as cabines seccionadoras permitindo a equalização de cargas ao longo dos trechos. 

Eletrocentro próximo à estação Itaquaquecetuba (Jean Carlos)

Operação

Algumas melhorias vem sido realizadas gradualmente na comunicação visual, que tem sido alterada para uma versão mais atualizada. Na Linha 12-Safira as estações Comendador Ermelino e Itaquaquecetuba estão recebendo as novas placas.

O aumento da velocidade nas plataformas permite uma melhoria no tempo de viagem. Como o desempenho dos trens mais modernos é possível entrar nas plataformas com velocidade próxima aos 60 km/h.

Novo totem na estação Comendador Ermelino (Jean Carlos)

Nas extremidades das plataformas foram afixadas placas que indicam o tempo de abertura de porta (TPA) e também a direção de abertura de portas. Em algumas estações o tempo de porta aberta é de 30 segundos. Em estações onde não há esta indicação o tempo foi padronizado em 15 segundos.

A tendência é que, com a diminuição do intervalo entre os trens, o tempo de portas abertas diminua, já que mais composições poderão ofertar lugares aos passageiros.

Placa pra o tempo de abertura de portas (Jean Carlos)

Outras melhorias foram realizadas para aprimorar a operação dos trens de passageiros. A demarcação dos marcos quilométricos nos postes ficou mais clara, facilitando a compreensão do posicionamento ao longo da via férrea. 

A convivência com os trens de carga da MRS Logística ainda pode gerar alguns transtornos na operação. Geralmente são abertas faixas horárias específicas para a passagens dos trens cargueiros que acabam interferindo na grade horária. 

Apesar do aprimoramento do tempo de viagem por parte dos trens de passageiros, pela dinâmica diferenciada dos trens de carga, algumas das melhorias não foram totalmente aplicadas nas viagens destas composições.

Social

A Linha 12-Safira possui um componente social bastante evidente, o que pode gerar situações bastante atípicas como a evasão de renda, problemas de saneamento e segurança pública.

Segundo a CPTM, parte desses problemas foi mitigado ao longo dos últimos anos, mas não completamente eliminado. A atuação do poder público e das prefeituras se faz bastante importante nestas questões.

Um exemplo é a questão do saneamento básico. Existem regiões que ainda não são servidas por redes de esgoto, gerando o despejo irregular na faixa de domínio da CPTM. Questões como inundações de córregos e rios próximos também estão fora do controle da estatal.

Lixo e despejo de esgoto irregular nas margens da via (Jean Carlos)

Em termos de limpeza, geralmente as equipes da CPTM realizam atividades pesadas a cada 15 dias onde grande quantidade de lixo é removida das vias. Em certos casos esta é uma consequência da cultura da população que é acostumada a descartar objetos nas proximidades da via.

Limpeza sendo realizada nas vias da estação (Jean Carlos)

Ações para o futuro

Existem uma série de projetos em andamento para tornar a operação da Linha 12-Safira mais eficiente para o passageiro. Destacam-se os projetos de sinalização e de melhoria nas manobras da estação Brás.

A melhoria do sistema e sinalização visa a redução do tamanho dos blocos de via e a adição de novos blocos. Essas obras irão possibilitar a redução do intervalo para até 3 minutos nos horários de pico.

As manobras realizadas na estação Brás são um dos grandes gargalos para a operação. Estão em curso estudos para aprimorar a manobras nesta região e diminuir a lentidão existente entre as estações Eng. Goulart e Brás.

Trabalhos sendo realizados na estação Brás (Jean Carlos)

Conclusão

Os principais destaques das ações realizadas na Linha 12-Safira foram o fato de que elas ocorreram sem grande impacto na operação. A diminuição do tempo de viagem, por exemplo, foi obtida sem a realização de alterações nos circuitos de via existentes.

As reuniões virtuais, impostas sobretudo em decorrência da pandemia, facilitaram bastante o processo de coleta de sugestões e a avaliação multidisciplinar sobre cada tema que foi levantado. 

Melhorias na estação Brás (Jean Carlos)

Vale ressaltar que ao longo deste processo a avaliação dos passageiros apresentou tendência de elevação, como pode ser visto na pesquisa de opinião realizada em 2021.

O resultado final obtido pelas equipes, com a realização de ações simples, foi a redução no tempo de viagem total da Linha 12-Safira em 10 minutos e melhoria do intervalo entre trens de 6 minutos para 5 minutos e 30 segundos.

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10 comments
  1. O certo seria todas linhas L7-RUBI/L8-DIAMANTE/L9-ESMERALDA/L10-TURQUESA/L11-CORAL/L12-SAFIRA terem plataformas laterais apenas, Claramente se vê que as plataformas centrais são uma porcaria , tanto que se os trilhos fossem no centro teria muito mais velocidade na linha,podendo atingir os 80km/h que é o padrão da Cptm, mas como a Cptm não liga para a própria malha ,vai continuar tendo esse monte de curva nos trilhos para acessar a borda das plataformas centrais.

    1. Operacional, talvez seja melhor. Nas pro usuário, plataforma central é infinitamente melhor. Mais espaçosa, financeiramente econômica em termos de construção (já que são menos escadas, menos elevadores, menos sinalização), e facilita muito a baldeação entre os trens.

      1. De fato . além disso muitas estacoes com plataformas centrais funcionam relativamente bem como na linha 3(onde a maior parte das estações tem plataformas centrais ). na linha 2 por exemplo as estações da Av Paulista tem plataformas centrais (mas a entrada delas é reta , embora neste caso a própria Av Paulista influencie ). Neste caso, o custo também pode influenciar como citado ficaria mais barato .

        Além disso “reconstruir as estações com plataformas laterais” seria algo que sairia muito caro e nem compensaria – gastos desnecessários (grande parte das estações são novas, dotadas de elevador , escada rolante e modernas ) – como no caso da linha 9 (maioria inaugurada nos anos 2000) , neste caso a melhora da velocidade podendo ser resolvida com maneiras alternativas …

  2. Pelo menos o totem da estação Comendador Ermelino é padrão como no Metrô e Viamobilidade e não aqueles compensados que amarelam e estragam logo, a CPTM tem que adotar em todas as linhas.

    1. De fato , esta nova comunicação de totens vem sendo adotada há pelo menos um bom tempo …

      em Rio Grande da Serra (terminal do 710) colocaram já um totem novo deixando em evidência que a linha atendida (no caso a 10) facilitando bastante a comunicação aos usuários

  3. Jean
    Parabéns pela matéria
    O trabalho da atual diretoria de operações da CPTM nós últimos três anos tem sido histórico.
    O que as antigas gestões não fizeram , por preguiça e/ ou incompetência, eles estão fazendo.
    Vale salientar que está diretoria veio do Metrô, comandada pelo eng. Luiz Eduardo Argenton .
    Vão deixar saudades nos usuários ao término deste governo., no fim deste ano.

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