Há 50 anos era criada a FEPASA
A antiga estatal administrou os trilhos paulistas entre as décadas de 70 e 90. Durante sua gestão as linhas que cortam as regiões oeste e sul da Grande São Paulo foram modernizadas adquirindo o formado de “trem metropolitano” adotado até hoje

No dia 10 de novembro de 1971 nascia a estatal paulista que gerenciou as ferrovias ao longo do estado de São Paulo. A empresa foi responsável pela gestão do tráfego de trens de carga, trens de passageiros de longa distância e pelo trem de subúrbio, que através de um grande processo de modernização se transformou no trem metropolitano, uma das raízes da atual CPTM.
A Ferrovia Paulista S.A., ou Fepasa, surgiu oficialmente no final do ano de 1971 sob circunstâncias bastante específicas. O governo do estado decidiu unificar as cinco grandes companhias ferroviárias do estado que foram gradualmente sendo encampadas pelo governo. Quando a última das empresas privadas, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro passou ao domínio do estado a ideia de unir as malhas pode ser finalmente posta em prática.
As cinco ferrovias originais eram a Estrada de Ferro São Paulo Minas, Estrada de Ferro Araraquara, Companhia Mogiana, Companhia Paulista e a Sorocabana, esta última que cortava a grande São Paulo pelas regiões oeste e sul formando o que hoje se conhece como Linha 8-Diamante e 9-Esmeralda. Atualmente as duas linhas foram concedidas para a Via Mobilidade.
A empresa no início assumiu a operação do serviços com o material rodante existente. O parque de tração era composto em sua grande maioria por locomotivas elétricas e diesel-elétricas. Em São Paulo operava o precário serviço de subúrbio da Estrada de Ferro Sorocabana.

Originalmente as linhas eram mais extensas. A atual 8-Diamante fazia parada na cidade de Mairinque e em ocasiões em específicas chegava até o município de Sorocaba, enquanto isso o tramo ao sul, atual 9-Esmeralda, passava da estação de Varginha e ia até o alto da serra na estação de Evangelista de Souza. Apesar da distância, eram poucos os trens que iam até os limites dos subúrbios.

No ano de 1974 surgiu a ideia de realizar a total remodelação do serviço de subúrbio. A proposta ousada consistia no alargamento da bitola de 1m para 1,60m além da reconstrução de praticamente todas as estações existentes. Os antigos trens japoneses seriam gradualmente substituídos por novas composições francesas que operam até os dias de hoje.
A maior parte da receita da FEPASA foi proveniente do transporte de cargas, o serviço de passageiros, sobretudo o trem metropolitano, era visto como um investimento social, o que na essência constata-se verdade dado a quantidade de benefícios que o transporte de massa dá quando substitui outros modos de transporte, em especial aqueles com matriz energética não renovável.

Nos anos 90 a maior parte da malha estatal passou da gestão estadual para a esfera federal, sendo posteriormente concedida ao setor privado. As linhas de passageiros foram repassadas para a recém criada CPTM que herdou sua operação, bem como seus projetos, como o de dinamização da Linha Sul que foi responsável pela implantação das estações intermediárias entre Pinheiros e Santo Amaro, além do tramo sul da Linha 5-Lilás, também construído pela CPTM.

A FEPASA deixou como herança ao sistema ferroviário de passageiros uma nova concepção de transportes que foi aos poucos repassada para as outras linhas do subúrbio. O complexo de manutenção e o pátio de Presidente Altino também foram construídos pela antiga estatal.
Atualmente o que resta da FEPASA é um vasto patrimônio material, trens que ainda operam até hoje na extremidade da Linha 8-Diamante, funcionários de carreira e muitas memórias. Na capital são poucos os que têm na memória o nome da estatal, que ficou mais marcada pela população do interior com seus trens de longo percurso que deverão voltar a circular com uma concepção mais moderna do que a que era apresentada no final dos anos 90.

São várias as instituições que realizaram a preservação da memória ferroviária. A Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária é uma das instituições que têm se dedicado em realizar a restauração, preservação e operação de material ferroviário histórico. Nestes 50 anos de FEPASA a organização se mobiliza com eventos, transporte de veículos históricos e um site para acomodar um museu virtual.
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