
O mandato anterior do governador Geraldo Alckmin foi marcado por promessas impossíveis na área de transportes sobre trilhos. A Linha 13 da CPTM, por exemplo, ficaria pronta em apenas 18 meses, afinal, como disse o ex-secretário de Transportes Metropolitanos Jurandir Fernandes, “quase não há desapropriações no percurso”. Na prática, a obra, que teve vários problemas com licenciamento e financiamento, deve ser aberta após cerca de 60 meses de trabalho.
Em outra ocasião, Fernandes prometeu entregar novas estações da Linha 15-Prata do Metrô em questão de meses – era ano de eleição em 2014. O que ele não disse é que as estações prometidas nem haviam começado a ser construídas, o que só começou de fato há poucos meses após um problema com o desvio do córrego Moóca todo o cronograma. Clodoaldo Pelissioni, que assumiu o lugar de Jurandir Fernandes nessa gestão do governo Alckmin tem sido mais prudente nos prazos, mas até ele prometeu demais.
Há quase um ano, quando o imbróglio do atraso da Fase 2 da Linha 4 estava perto de ser resolvido, com uma nova licitação, o governo Alckmin declarou que as quatro estações restantes estariam prontas num prazo de variava de 12 a 36 meses, a partir do momento em que fosse retomado o trabalho: “Com a retomada, o consórcio seguirá o seguinte cronograma: 12 meses para concluir a estação Higienópolis-Mackenzie; 15 meses para a estação Oscar Freire, 18 meses para a estação São Paulo-Morumbi; 36 meses para a estação Vila Sônia e o terminal de ônibus integrado; e 14 meses para a complementação do Pátio”, dizia o comunicado oficial.

Quanto mais distante a data, mais se promete o que não é possível
Pois nesta semana o governador já falou em novos prazos. Higienópolis-Mackenzie, a mais ‘adiantada’, deve ser aberta no final do ano enquanto Oscar Freire ficou agora para o começo de 2018, sem estipular, desta vez, uma data. São Paul0-Morumbi permanece com inauguração prevista para 2018 (deveria ocorrer em fevereiro se a promessa fosse seguida à risca), mas é pouco provável que seja aberta por Alckmin visto que há muito a se fazer.
Quanto à Vila Sônia, estação que não começou a ser erguida ainda, Alckmin voltou a cair na tentação das promessas impossíveis: “Vamos tentar até o fim de 2018”, disse o governador, contrariando o bom senso, afinal se uma estação quase pronta levará quase 18 meses para ser entregue por que acreditar que uma construção que nem começou pode levar na pior das hipóteses 17 meses para ficar pronta – as obras foram retomadas na prática em agosto de 2017.
Os prazos dilatados não são novidade para quem acompanha as obras de perto. É nítido que o novo consórcio, embora esteja trabalhando num bom ritmo, tem muito a fazer. Higienópolis, por exemplo, ainda não concluiu as obras civis e há toda uma série de serviços que serão feitos até o final do ano para que ao menos essa nova promessa seja cumprida.
Apesar de toda a descrença com a classe política, a impressão é que o hábito de prometer o impossível não consegue abandonar os mandatários. E quanto mais crua está a obra, mais se promete coisas irreais. A culpa certamente vai recair em toda a sorte de motivos, do tempo à crise econômica.

Veja como ficaram os prazos aproximados:
Higienópolis-Mackenzie
Promessa anterior: agosto de 2017 (12 meses)
Atual promessa: dezembro de 2017* (16 meses)
Oscar Freire
Promessa anterior: novembro de 2017 (15 meses)
Atual promessa: fevereiro de 2018* (18 meses)
São Paulo-Morumbi
Promessa anterior: fevereiro de 2018 (18 meses)
Atual promessa: 2018*
Vila Sônia (que praticamente nem começou a ser
feita)
Promessa anterior: agosto de 2019 (36 meses)
Atual promessa: 2018* (até 17 meses)
