Jornal atribui ‘favoritismo’ à empresa chinesa Sifang no fornecimento dos novos trens das linhas 8 e 9 da CPTM

Sem justificar afirmação, Folha de São Paulo antecipa futuro em licitação cujo edital nem foi publicado ainda
Trem da Série 2500 da CPTM: ‘favoritismo’ inexplicado (CPTM)

Atribuindo a informação ao ‘mercado’, a coluna Painel S.A., da Folha de São Paulo, publicou uma nota no sábado apontando a empresa chinesa Sifang como ‘a favorita para ser a fornecedora dos novos trens’ que serão adquiridos pela futura concessionária que assumirá as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, da CPTM. O texto, no entanto, não explica como uma fabricante de trens pode levar vantagem numa encomenda cuja ‘cliente’ formalmente nem existe.

A tentativa de enxergar o futuro do jornal causa estranheza. A concessão dos dois ramais de trens metropolitanos ainda nem teve seu edital divulgado pelo governo Doria. A previsão é que isso tivesse ocorrido na primeira quinzena de agosto, mas a pandemia e a crise econômica obrigaram a Secretaria dos Transportes Metropolitanos a rever os estudos do edital. Após sua publicação, serão precisos cerca de quatro meses até a sessão pública de recebimento das propostas. Pela complexidade do projeto, é pouco provável que esse processo ocorra sem solavancos.

Em outras palavras, a concessionária que assumirá a operação e manutenção das duas linhas só será conhecida em 2021 quando então poderá efetivar a encomenda dos 30 trens prevista no contrato e que deverão começar a operar após 15 meses da assinatura do contrato. Por mais que os potenciais consócios que participarão do certame já possam (e devam) chegar a pré-acordos com os fabricantes, há muitas variáveis pelo caminho.

A mesma coluna citou o curto prazo de entrega dos trens como um empecilho na concessão, uma informação que surgiu nas sondagens com o mercado em julho. Justamente por essa razão, o pouco tempo para projetar, fabricar, entregar e testar as novas composições é que o edital pode acabar favorecendo a produção de séries já usadas pela CPTM como a 9000 (Alstom), 8500 (CAF) e Rotem (9500), que possuem instalações no Brasil.

Trem da Série 8000 da Linha 8: frota de 36 unidades será usada em outros ramais (GESP)

A Sifang, parte do conglomerado CRRC, também tem um projeto pronto da CPTM, a Série 2500, de oito trens entregues para a Linha 13-Jade. Mas essas unidades foram produzidas na China e tiveram que passar pelo lento processo de importação, com transporte por navio e desembaraço no porto de Santos. Por essas razões, soa prematuro apontar uma empresa favorita num negócio que ainda depende do principal, a escolha da concessionária das linhas.

Nas reuniões de sondagem com empresas realizadas pela STM em julho, a CRRC Sifang foi uma das fabricantes de trens ouvida, mas também estiveram presentes a Alstom, CAF, Siemens e T´Trans. A participação, no entanto, não significa que essas empresas têm interesse ou mesmo se irão participar do leilão.

O governo Doria aposta nessa encomenda para conseguir ampliar a oferta de viagens nas demais linhas da CPTM. Com os 30 novos trens, será possível redistribuir a frota de 36 composições da Série 8000 além de 25 trens da Série 7000 que serão cedidos provisoriamente para a concessionária até que as novas composições sejam entregues.

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14 comments
  1. Só digo uma coisa: esta concessão está muito nebulosa e isto abre espaço para muita especulação.
    São tantos pontos mal explicados que eu juro que tento entender quem são os “experts” em transporte para sua formulação.
    Enfim, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

  2. Até quando os gestores apostam que para se conseguir ampliar a oferta de viagens nas demais linhas da CPTM basta se adquirir novos trens sem reformular e modernizar as linhas existentes, e também este exercício de “futorologia” do jornalista da Folha é insensato e lembra a Mãe Dinah.

    Seja quem for que vá assumir essa concessão, vai querer apenas lucrar e investir o mínimo possível, e o prazo para as aquisições, se não for 15, poderá ser 18, ou até 24 meses para compra das composições que é uma preocupação menor e irrelevante, e sim com as reforma e as modernizações de estações, rede aérea, subestações elétricas, via permanente, oficinas, sinalização, enfim toda infraestrutura que requerem maiores investimentos.

    A indústria nacional representada pela ABIFER tem plena capacidade de assumir esta encomenda sem atribulações, visto que está ociosa, e é uma forma de se gerar emprego sem apelar para este humilhante assistencialismo como faz atualmente o governo federal.

    Veja o que aconteceu com a Linha 13-Jade entre outras, novamente o planejamento técnico foi desprezado para serem tomadas medidas adaptadas sem fundamentos plausíveis, visto que a Linha 13 não previa em seu projeto original seguir até a Barra Funda. Embora fosse uma alternativa viável até o Brás diante dos altos intervalos da Linha 12, levar o ramal até Barra Funda significaria simplesmente contrariar as leis da Física com a impossibilidade de se disputar espaço ao mesmo tempo com a Linha 11.

    Quanto aos quatro Trens Intercidades, quem vive prometendo mesmo sem terem sido preparadas as Estações no trecho entre Ipiranga e Lapa, são os atuais governantes do PSDB, e especificamente este para Sorocaba, se não for incluído neste contrato de concessão deverá ser descartado!

  3. Até quando os gestores apostam que para se conseguir ampliar a oferta de viagens nas demais linhas da CPTM basta se adquirir novos trens sem reformular e modernizar as linhas existentes, e também este exercício de “futorologia” do jornalista da Folha é insensato que lembra a Mãe Dinah.

    Seja quem for que vá assumir essa concessão, vai querer apenas lucrar e investir o mínimo possível, e o prazo para as aquisições, se não for 15, poderá ser 18, ou até 24 meses para compra das composições que é uma preocupação menor e irrelevante, e sim com as reforma e as modernizações de estações, rede aérea, subestações elétricas, via permanente, oficinas, sinalização, enfim toda infraestrutura que requerem maiores investimentos.

    A indústria nacional representada pela ABIFER tem plena capacidade de assumir esta encomenda sem atribulações, visto que está ociosa, e é uma forma de se gerar emprego sem apelar para este humilhante assistencialismo como faz atualmente o governo federal.

    Veja o que aconteceu com a Linha 13-Jade entre outras, novamente o planejamento técnico foi desprezado para serem tomadas medidas adaptadas sem fundamentos plausíveis, visto que a Linha 13 não previa em seu projeto original seguir até a Barra Funda. Embora fosse uma alternativa viável até o Brás diante dos altos intervalos da Linha 12, levar o ramal até Barra Funda significaria simplesmente contrariar as leis da Física com a impossibilidade de se disputar espaço ao mesmo tempo com a Linha 11.

    Quanto aos quatro Trens Intercidades, quem vive prometendo mesmo sem terem sido preparadas as Estações no trecho entre Ipiranga e Lapa, são os atuais governantes do PSDB, e especificamente este para Sorocaba, se não for incluído neste contrato de concessão deverá ser descartado!

    1. A Abifer não tem interesse em defender a indústria nacional, só defende apenas os lucros fáceis (botidos por protecionismo) dessa indústria “nacional” que existe aí.

      A indústria nacional não tem capacidade de fornecer produtos de qualidade (os países vizinhos preferem comprar direto da China e das matrizes das multinacionais aqui instaladas), conforme foi atestado pelos produtos defeituosos entregues nos últimos anos pela Alstom, CAF, Rotem e Bombardier.

      Os poucos “empregos” gerados pelos membros da Abifer são sazonais (temporários), de baixa qualificação e não agregam mais do que o auxílio emergencial faz hoje.

      O Brasil não tem um único centro de pesquisas ferroviário funcionando. Nossa “industria nacional” hoje não possui capacidade de projetar sequer um parafuso de trem, só compramos projetos prontos do exterior e montamos precariamente aqui. Chega a ser ridículo depender totalmente de engenheiros e técnicos estrangeiros para instalar sinalização ferroviária por falta de profissionais brasileiros especializados.

      A Abifer vive de pedir benesses do estado (protecionismo, benefícios fiscais, mercado garantido, etc) mas não consegue entregar o mínimo de qualidade em seus produtos ou investir em pequisa e desenvolvimento aqui no país. Isso precisa mudar.

      1. Você está certo

        Não existe mais no mundo o conceito de industria nacional para Equipamentos metroferroviários
        O mercado mundial não é tão grande pra isso
        Até trilhos ,que o Brasil chegou a fabricar ,não são mais viáveis hoje
        O consumo anual de trilhos no Brasil corresponde a menos de dois dias de produção de uma siderúrgica polonesa ou chinesa

      2. Com relação de quando se trata da implantação de quaisquer novos sistemas com tecnologia internacional desconhecida no Brasil, como por exemplo o CBTC sistema de “Controle de Trens Baseado em Comunicação” deverá fazer parte obrigatória e devera constar do escopo da contratação o treinamento para técnicos e engenheiros tanto para implantação como manutenção, dizer que não existe no mercado estes profissionais é um sofisma, afirmar que depender totalmente de engenheiros e técnicos estrangeiros para instalar sinalização ferroviária por falta de profissionais especializados, é por conta da falha e omissão na especificação da contratação.

        Trabalho em uma grande empresa no Brasil, em que são adquiridos vários produtos importados muito mais que o Metrô e CPTM, e embora as licitações nunca discriminem as origens, materiais como válvulas, motores elétricos, rolamentos, ferramentas, bombas, inversores, No breaks, eletroeletrônicos etc, os “ching-ling” se caracterizam pela baixa qualidade, e normalmente não conseguem passar pelo “C.Q”,

        Atualmente o Brasil é um dos países que maior número de indústrias automobilísticas multinacionais do mundo, e se fabrica até avião EMBRAER, será que somos incapazes de fabricar trens, estes atuais da CPTM foram produzidos onde!?

        Com relação aos produtos com falhas nos importados entregues nos últimos anos vou relembrar que a totalidade dos trens da Supervia sem uma única exceção, o mesmo ocorreu com um lote inteiro de trilhos para ferrovia Norte Sul.

        Como já diria o saudoso Nelson Rodrigues creio que alguns ainda padecem do chamado “Complexo de Vira Latas”, que é o de achar que tudo que tem ou vem ou é produzido no exterior é melhor.

        1. infelizmente há em curso uma politica de desmobilizaçao nacional em favor do mercado internacional, principalmente nas areas de petroleo e gás, setor eletrico e construçao civil pesada. sem contar a embraer.

          concordo que boa parte da mão de obra nacional tem baixa qualificaçao, fruto de um ensino basico de pessima qualidade, que acaba jogando no mercado pessoas de baixa qualificaçao e em cursos de mesma qualidade. mas a parcela da classe trabalhadora que tem boa formaçao nao deixa em nada a desejar aos estrangeiros. o Brasil tem excelentes profissionais e tem sim capacidade de desenvolver otimos trabalhos no setor ferroviario. porem nao há interesse politico e nem do “mercado” nisso, visto o desmonte q estao fazendo com os mais diversos pretextos, inclusive o de combate a corrupçao.

          o grande exemplo dessa falta de interesse é a crescente terceirizaçao da mao de obra ferroviaria. vc troca um funcionario especialista e de carreira por uma mao de obra tercerizada, precarizada, de baixa qualificaçao , de alta rotatividade, onde os terceiros se preocupam em primeiro lugar em lucrar e otimizar o que for possivel em cima do contrato estabelcido, quando se poderia ter um quadro tecnico, especializado, capacitado, um capital intelectual inestimavel. é assim que as coisas funcionam no Brasil, temos exemplos de certos Jestores imediatistas q atropelam planejamento e estudo em nome da politicagem, mesmo “nao sendo politicos”.

          um grande

        2. Leoni, sua xenofobia não agrega nada para a discussão.

          O Brasil não pesquisa, não projeta e não desenvolve nada em tecnologia ferroviária. Nada. Até o molde do assento do trem é feito usando um padrão ergonômico estrangeiro. Por isso é tão desconfortável viajar em pé ou sentado nos trens atuais.

          Os trens da Supervia fabricados na China tiveram um defeito em um lote apenas, cuja peça defeituosa foi feita na Alemanha. Já as peças chinesas funcionam perfeitamente.

          A China só está aonde está por investir em pesquisa e desenvolvimento (os primeiros institutos de pesquisa ferroviária da China foram abertos na década de 1950), coisa que no Brasil não é feito (salvo raras exceções). Aqui você e outros se contentam com um trem montado na fábrica da Alstom na Lapa com tecnologia de 60 anos atrás e ainda “se orgulham desse produto nacional”.

          O Brasil não precisa fabricar tudo. Precisa aprender a projetar. O grande recurso da Embraer não está na fábrica, mas sim na sua capacidade de projetar.

          Enquanto o brasileiro não aprender a projetar, nunca vai saber operar, manter e melhorar seus equipamentos e sistemas.

          1. Talvez eu tenha o privilégio de trabalhar em uma das múltiplas empresas nacionais que não aceitam adquirir “Caixas pretas” que são equipamentos em que se desconhece seu funcionamento por conta do segredo industrial de quem as fabricou, desta forma fica-se refém do mesmo.

            A inspeção de equipamentos é uma atividade na indústria que visa analisar o desgaste e falhas prematuras em materiais e equipamentos dos mais simples aos mais complexos propondo melhorias e correções, desta forma causa estranheza alguém falar em xenofobia só porque um produto importado for reprovado, exemplo;

            Com relação aos trilhos ferroviários, a especificação técnica devera ser de acordo com a NBR 12320 PB-12 e um limite de resistência e alongamento, composição química conforme NBR 7590 CB23 da ABNT, e com a apresentação do respectivo certificado, devem prevalecer, pois é prevista obrigatoriamente a equalização das propostas técnicas, e caso o fornecimento de material seja divergente do descrito se constituí em uma não conformidade, e devem ser devolvidos, com as custas pelo fornecedor, após os ensaios metalográficos e de dureza “Brinell” que são de elaboração de praxe.

            Trilhos no passado eram fornecidos majoritariamente pela-CSN Companhia Siderúrgica Nacional, este é mais um capítulo do sucateamento da indústria brasileira.

            Algumas considerações; Se nos contratos das concessões das Linhas 4-Amarela e 5-Lilás não se exigiu a devolução dos trens por conta da divergência e inutilidade destes para utilização em quaisquer outras linhas, o mesmo ocorrera com relação á linha 15-Prata, e esta exigência para concessão só será possível por conta da padronização e uniformidade das composições da CPTM.

            Por conta de explicações tive que desviar do assunto no “fornecimento dos novos trens das linhas 8 e 9 da CPTM”, Com relação ao real motivo desta urgência está muito bem relatada no último paragrafo do texto introdutório no qual, aparece o verdadeiro motivo desta exigência absurda e descabida de apenas 15 meses para devolução prevista para 2022 sem acrescentar um metro de linhas.

            “O governo Dória aposta nessa encomenda para conseguir ampliar a oferta de viagens nas demais linhas da CPTM. Com os 30 novos trens, será possível redistribuir a frota de 36 composições da Série 8000 além de 25 trens da Série 7000 que serão cedidos provisoriamente para a concessionária até que as novas composições sejam entregues”.

        3. Nem perca muito seu tempo com o Ivo, Leoni. A única preocupação dele é em falar que o Brasil não tem dinheiro nem capacidade pra fazer nada, a eterna cantilena do PSDB e de outros partidos políticos de direita e centro direita que ele representa aqui com sua verborragia e falsa isenção.

          1. Gabriel P; Agradeço suas palavras de incentivo, porém não considero que esteja perdendo tempo argumentando com o Ivo, ou quaisquer outros que pensem como ele, assim como até o governo federal vem surfando no assistencialismo provocando um laço de submissão com a população carente como distribuição de bolsas com ”N” denominações, Zonas Francas para obter popularidade momentânea não se importando onde vai chegar o país.

            Agora comentarei sobre uma parte do texto colocado por ele;
            “Até o molde do assento do trem é feito usando um padrão ergonômico estrangeiro. Por isso é tão desconfortável viajar em pé ou sentado nos trens atuais.”

            Neste fragmento de texto é cometida uma incoerência, visto que em uma licitação cabe ao administrador licitador no caso Metrô / CPTM o modelo desejado seja dos assentos estofados ergonômicos, caso esteja omisso esta exigência é obvio que as montadoras irão colocar o mais barato, sobre pena de perder a concorrência, assim como se constasse a exigência e o fornecedor não atendia ele era desclassificado, e por ocasião de minha estada no Rio logo quando chegaram os primeiros trens chineses no Metrô-RJ que já possuíam ar condicionado, fiz questão de aguardar sua chegada para conhecer seu interior, e com relação aos assentos eram horríveis e iguais aos novos de São Paulo (Os dos trens espanhóis da década de 70 é melhor de todos eles mesmo sem ser estofado), e um único detalhe os distinguia dos nacionais eram as alças de mão para quem ficava em pé que aqui não existiam.

            Em concorrências públicas uma vez que as especificações técnicas são atendidas na integra e equalizadas, não se pode desclassificar por conta de itens não atenderem por conta de algo que se omitiu e não se discriminou, podendo a mesma ser impugnada pelo participante que se julgar prejudicado.

            “Mentes são como para quedas, elas só funcionam quando são abertas” James Dewar

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