Uma semana depois de ter um incidente com um dos trens de monotrilho, a Linha 15-Prata do Metrô continua sem operar pelo sétimo dia seguido. E pior: sem que seu fabricante, a Bombardier, tenha identificado a causa do colapso de um pneu em uma das composições, ocorrido na quinta-feira, 27.
De acordo com o jornal Bom Dia São Paulo, a empresa canadense enviou ao Brasil técnicos para colher informações que serão enviadas à matriz e a laboratórios em outras partes do mundo. Nesta sexta-feira, a Bombardier deve realizar viagens de testes com sensores a bordo do trem para tentar encontrar as causas que provocaram o problema e que, após inspeções, também afetava outras composições do Innovia 300, modelo de monotrilho fornecido por ela.
Segundo apurou o site, o rompimento do pneu não chegou a causar estranheza de imediato, mas após a Bombardier analisar o incidente na sexta-feira e surpresa com a situação de outros trens (23 no total), decidiu solicitar ao Metrô que parasse toda a operação. Ainda de acordo com uma fonte ouvida, foi afastada qualquer possibilidade de erros na manuntenção dos trens ou das vias, daí o governo estar cobrando publicamente a Bombardier e o consórcio CEML, que construiu as vias.
O que se sabe é que os “run-flat”, anéis metálicos que são montados dentro dos pneus e servem como segurança em casos de rompimentos, estão causando essa situação. A dúvida é entender porque eles estão afetando a estrutura dos pneumáticos.
Sistema diferente dos automóveis
O conceito “run-flat” é usado por alguns setores como o automobilístico e de defesa para evitar maiores transtornos com pneus furados ou danificados. Nos automóveis, é mais comum um tipo diferente de run-flat, que consiste em pneus cujas laterais são reforçadas para manter sua forma mesmo com o pneu esvaziado de ar. Já em veículos militares e trens como os que circulam no Metrô de Paris, é usado um anel metálico montado dentro do próprio pneu. É esse também o caso do monotrilho.

É provavelmente parte dessa peça que acabou caindo da via e parando na avenida próxima do local onde ocorreu o estouro, no trecho novo da Linha 15-Prata. O fato de o Metrô cobrar também o consórcio CEML, que é formado pelas construtoras OAS e Queiróz Galvão, além da Bombardier, joga suspeitas sobre as vigas-trilho, onde os trens circulam apoiados por dois conjuntos de pneus de carga.
Desde que foi inaugurado em 2014, o ramal causa constantes reclamações sobre o excesso de oscilações dentro dos vagões por conta da superfície irregular das vigas-trilho. No entanto, esse comportamento foi considerado normal pelas empresas, argumentando que isso seria reduzido quando os trens estivessem mais carregados (com mais passageiros). Como já publicado neste site algumas vezes, as oscilações na Linha 15 não encontram nenhum semelhança com o monotrilho de Chongqing, na China, onde estivemos em 2013. É nítida a melhor qualidade de acabamento das vigas-trilho chinesas, como mostramos em imagens.
O desgaste prematuro dos chamados finger-plates, estruturas metálicas de ligação das vigas-trilho, que perderam parafusos em janeiro também jogam suspeitas sobre o real estado dessas vias. Resta esperar pela análise da Bombardier a fim de encontrar uma solução definitiva para o monotrilho e que ela não faça o ramal permanecer fechado por muito tempo.
O site tentou contato com a Bombardier, mas a empresa não retornou nossa mensagem até o momento da publicação dessa nota.
