Após quinze dias do incidente que ocasionou o rompimento de um pneu do monotrilho da Linha 15-Prata do Metrô, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, afirmou ao site G1 que o ramal será parcialmente aberto ao público a partir do dia 23 de março, uma segunda-feira, e que a operação normal será retomada no dia 14 de abril. A situação, no entanto, permanece obscura já que agora as suspeitas voltaram a recair sobre a via, cujas deformidades podem ter feito os anéis metálicos do run flat, que ficam dentro dos pneus, esbarrarem neste e os desgastarem de forma precoce.
A explicação parece mais coerente com o fato de vários outros trens terem apresentado marcas de desgaste prematuro, conforme explicação do Metrô logo que o problema surgiu. Para tentar identificar as causas da falha, o Metrô acionará o IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que irá analisar o monotrilho e emitir um laudo independente do preparado pela Bombardier, fabricante do trem.
Pela manhã desta sexta-feira, o telejornal Bom Dia São Paulo divulgou uma nota do governo que justifica o atraso na apresentação do relatório por conta da falta de validação por parte de alguns fornecedores do sistema.
Trepidação excessiva
Desde os primeiros contatos com o monotrilho da Linha 15-Prata, este site tem comentado a respeito da excessiva trepidação em alguns trechos da via além de ter mostrado significativas diferenças entre o acabamento da viga-trilho implantada pelo consórcio CEML e o que constatamos in loco no monotrilho de Chongqing, no interior da China. Como já afirmado várias vezes, o sistema chinês circula de forma suave na via, praticamente da mesma forma que um trem comum. O vídeo abaixo mostra um trem circulando na cidade em velocidade acelerada e com a câmera fixada na cabine de comando e mal se percebem tremores durante o percurso.

Já o monotrilho da Linha 15 oscila com frequência mesmo a baixa velocidade, como é possível notar nesse outro vídeo. Os passageiros que o utilizam sabem melhor ainda dessa situação, é claro.

Demanda em alta
O problema com pneus culmina com um período de seguidas falhas com o ramal que, apesar disso, tem atraído usuários cada vez mais diante do imenso ganho de tempo e de conforto (ainda que com balanços excessivos) em relação aos ônibus. Como mostrou o site nesta sexta-feira, a Linha 15-Prata havia batido seu recorde de passageiros transportados em fevereiro, pouco antes do incidente.
É importante reforçar que é cedo para apontar uma ou mais causas para o problema que aflinge a linha. Espera-se que a investigação do IPT possa trazer clareza sobre o assunto e que as correções sejam implantadas o quanto antes. Ao afirmar que o ramal de monotrilho poderá ter sua operação retomada em até dez dias, o governo dá indícios de que o problema pode ser contornado com medidas mais simples afinal um erro de projeto, seja no trem, pneus, rodas ou vias exigiria modificações profundas e possivelmente demoradas.
Em que pese toda a originalidade do modal no Brasil, não é possível afirmar que não houve tempo para conhecê-lo, afinal já são oito anos em operação, sem contar as inúmeras paralisações para realização de testes nesse período.