Metrô de SP faz compra de R$ 9 milhões para pneus do monotrilho

Trens da Linha 15-Prata contarão com mais 2.200 unidades, incluindo itens para a nova Frota S, fornecidas pela Michelin

Trem Innovia e a tela que segurou o pneu (Jean Carlos)

Um dos aspectos que tornam o monotrilho diferente da maioria dos trens convencionais é o uso de pneus em vez de rodas de aço.

Por circularem sobre vigas de concreto, esses trens utilizam um conjunto de pneus tanto para suportar o peso dos carros como para manter a composição estável.

São os chamados pneus de carga, de maior dimensão e apoiados no topo da viga, e os pneus guia, que fazem contato com as laterais das vigas.

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Uma das críticas que o monotrilho recebe com frequência é que os pneus teriam uma vida útil curta e um alto custo comparado às rodas de aço.

Pois o Metrô de São Paulo acaba de assinar um novo contrato para aquisição de um grande lote de pneus para a Linha 15-Prata. São 480 pneus de carga e 1.680 pneus guia, além de 50 pneus de carga destinados à Frota S, que começou a ser entregue e ainda não entrou em serviço.

Os pneus de carga são maiores e têm a função de suportar o peso do trem. Os pneus-guia ficam nas laterais e apoiam o trem na via (CMSP)

O contrato tem um custo de pouco mais de R$ 9 milhões e prevê a entrega dos itens num intervalo de um ano, aproximadamente.

Fornecedor único

Os pneus do monotrilho são de um tipo especial e que não permitem processos de recuperação e só podem ser inflados com uso de nitrogênio.

Suas características também tornam o fornecimento mais difícil de ser encontrado. Até o momento apenas a Michelin é fornecedora desses pneus ao Metrô.

A companhia chegou a buscar novos fornecedores no mercado, mas aparentemente não houve sucesso na iniciativa.

Pneus do monotrilho (Reprodução)
Pneus do monotrilho (Reprodução)

O novo contrato, feito por dispensa de licitação, também foi fechado com a Michelin. Ele segue um acordo similar assinado em setembro de 2022 quando a companhia adquiriu quase 4,3 mil pneus.

As duas empresas assinaram um aditivo em setembro passado que adicionou 312 pneus de carga e 756 pneus guia.

O custo unitário de um pneu de carga é de R$ 8,5 mil e o de pneu guia, de R$ 2,7 mil, um aumento de 10% nos valores acertados há quase três anos.

Os novos pneus adquiridos pelo Metrô (CMSP)

Quanto roda um pneu de monotrilho?

Atualmente com 14,6 km de extensão, a Linha 15-Prata deve ganhar mais estações em 2027 e o uso de pneus será ampliado na esteira da chegada de mais trens e do percurso maior.

Cada trem de monotrilho utiliza 28 pneus de carga (quatro por carro) e 84 pneus guia (12 por carro), portanto a nova aquisição do Metrô supriria cerca de 20 composições.

Mas afinal os pneus do monotrilho duram quanto tempo? A resposta foi dada pela própria Michelin em uma carta enviada ao Metrô em agosto de 2022.

Trem Innovia 300 da Linha 15-Prata
Trem Innovia 300 da Linha 15-Prata (Jean Carlos)

Segundo ela, o limite de percurso de um pneu de carga é de 200.000 km, com uma variação de 7.500 km para mais ou para menos. Já o pneu guia, que está sujeito a menos esforço, pode rodar 250.000 km (também variando 7.500 km para mais ou menos).

Num cálculo simples, imagina-se que um trem da Linha 15 possa rodar diariamente entre 400 e 500 km, dependendo do tempo em serviço, portanto esses conjuntos devem ser trocados em um intervalo menor que dois anos, aproximadamente. Vale ressaltar que essa informação é apenas uma sugestão bastante vaga.

Incidente em 2020

A Michelin definiu os limites de rodagem baseado numa análise feita com pneus usados enviados pelo Metrô. A empresa francesa ainda solicita que a montagem desses itens seja feita de forma estritamente às orientações da fabricante e que todos os pneus retirados de operação sejam inspecionados por um engenheiro indicado.

A preocupação advém do incidente em março de 2020 em que um pneu explodiu após contato com o run-flat, um disco metálico interno. A ocorrência inesperada motivou o Consórcio CEML, que construiu as vias e os trens, a solicitar ao Metrô que paralisasse a operação.

Após análises, constatou-se que o run-flat poderia danificar a estrutura interna do pneu por um contato não previsto no projeto. Entre os problemas do ramal estava a superfície irregular das vias que causava oscilação nos carros. O consórcio acabou realizando correções nas vigas para amenizar o problema, mas o ramal só voltou a funcionar quase quatro meses depois.

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Hugo T
Hugo T
8 dias atrás

Fizeram monotrilho dizendo que seria mais barato, mas não param de surgir novos custos exorbitantes

Diego Vieira
Diego Vieira
8 dias atrás
Responder para  Hugo T

Mas estes custos exorbitantes não são exclusividade do monotrilho. A manutenção das rodas de aço dos trens também são elevados e também há poucos fornecedores, isso é muito comum em sistemas complexos como estes.

Ivo
Ivo
8 dias atrás
Responder para  Hugo T

Se fosse metrô pesado, os custos de manutenção seriam ainda maiores.
O ideal então era não ter feito nada e economizado dinheiro?