Sinais de degradação em trens e estações chamam a atenção no Metrô de São Paulo

Logo do Metrô completamente desgastada (Jean Carlos)
Logo do Metrô completamente desgastada (Jean Carlos)

O Metrô de São Paulo sempre foi reconhecido pela sua excelência na operação e principalmente pela boa manutenção de trens e estações. Mas, a despeito da longa tradição de qualidade no serviço, a companhia tem dado sinais preocupantes de precarização.

O site acompanhou a situação de trens e estações e vários deles apresentavam-se em total desconformidade com o padrão de qualidade e segurança que o Metrô sempre exibiu ao longo dos anos.

As imagens exibidas fazem parte de um conjunto de registros realizados pelo site ao longo dos meses, bem como de fotografias enviadas por passageiros do sistema.

Trens

O Metrô de São Paulo possui uma frota de 142 trens que operam nas linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha, além das 27 composições que pertencem à Linha 15-Prata, a mais nova da rede.

Um dos principais problemas encontrados nos trens se refere a conservação externa das composições. Nas imagens é possível notar que algumas unidades circulam com máscaras desgastadas ou descaracterizadas.

Ao longo de alguns trens era possível ver a pintura das composições desgastada. Em uma delas a logomarca da empresa estava completamente desfigurada.

Segundo o Sindicato dos Metroviários, os funcionários teriam sido demitidos do setor de pintura. O ambiente contava com profissionais com até 36 anos de empresa.

Internamente alguns trens foram flagrados com áreas encardidas, além do que os pisos de  alguns trens foram remendados, parte deles de forma grosseira.

Itens de conforto como os pega mãos estão em níveis de acentuado desgaste. Houve relatos também de que na área da cabine dos trens, os bancos dos operadores estão soltos. A porta da cabine aparece remendada por diversas fitas escuras.

As imagens mostram procedimentos de questionáveis na manutenção sistema de ar condicionado, vedado através de fitas que poderiam gerar infiltração. Problemas estruturais nas soldas de alguns trens da Frota G também foram relatados.

Estações

Nas estações alguns itens importantes como a comunicação visual estava ausente. Na Estação Santos-Imigrantes um trecho considerável de placas foi removido, deixando parte do local descaracterizado.

No trecho entre estações, sobretudo na Linha 3-Vermelha, imagens mostram vegetação alta. As luzes de balizamento, que indicam o caminho das passarelas de emergência durante a noite, estão ausentes na região da Estação Brás.

O outro lado

O site pediu um posicionamento do Metrô de São Paulo sobre a atual situação do sistema. A companhia, no entanto, solicitou que abrissemos uma Solicitação de Informação ao Cidadão (SIC).

Este site, no mesmo dia da resposta, abriu protocolo no Sistema de Informações ao Cidadão. O retorno pode variar de 20 a 30 dias. A nota será atualizada assim que houver posicionamento do órgão de transparência do governo.

O site também questionou o Sindicato dos Metroviários de São Paulo para que comentasse o assunto. Até o publicação da reportagem não houve qualquer tipo de resposta da categoria.

Conclusão

Apesar de o Metrô de São Paulo atualmente imprimir grande eficiência na construção de novos trechos como é o caso da expansão da Linha 2-Verde, da retomada da implantação da Linha 17-Ouro e da execução de projetos de longo prazo, atualmente a operação e manutenção apresentam um aspecto preocupante.

Equipamento em estação quebrado e com fios expostos (Jean Carlos)
Equipamento em estação quebrado e com fios expostos (Jean Carlos)

O estado dos trens e estações pode ser constatado por qualquer passageiro que utilize o sistema metroviário. Há anos imagens como as expostas não seriam sequer imaginadas, diante da boa imagem que a companhia usufruía e ainda mantém para boa parte da população.

Concessão do Metrô de São Paulo (Jean Carlos)

Concessão do Metrô de São Paulo (Jean Carlos)

A companhia vem de prejuízos seguidos, agravados pela tarifa desatualizada e pelos efeitos da pandemia na demanda de passageiros. A despeito de medidas para redução dos custos, o Metrô segue deficitário, só pagando suas contas por meio de repasses do governo do estado.

O governador Tarcísio pretende conceder todos os ativos da empresa, fatiando-a em pedaços menores. Apesar disso, nunca é demais lembrar que o Metrô é um patrimônio público e tarefa de governantes de mantê-lo em boas e seguras condições.

O que se vê hoje, no entanto, parece longe disso e não há justificativa para esse aparente descaso, não importando se amanhã os ramais sejam leiloados para operadores privados.

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