Trens de carga poderão voltar a circular na Linha 8-Diamante, estuda CCR

Proposta do grupo é o de aumentar as receitas acessórias com a exploração logística do ramal. O foco será o transporte de cargas leves de alto valor agregado.
ViaMobilidade poderá operar trens de carga na Linha 8-Diamante (Jean Carlos)
ViaMobilidade poderá operar trens de carga na Linha 8-Diamante (Jean Carlos)

A Linha 8-Diamante, operada pela ViaMobilidade, poderá voltar a ter trens de carga em circulação. O Grupo CCR estuda a possibilidade de obter receitas extras através de serviços logísticos.

A informação foi destacada por Miguel Setas, CEO do Grupo CCR, em entrevista concedida ao NeoFeed. Nela o dirigente aborda uma série de estratégias para alavancar as receitas do grupo.

Dentre os estudos, a CCR avalia a retomada do tráfego de trens de carga na Linha 8-Diamante em um plano de alavancagem de receitas de longo prazo.

A proposta do grupo é focar em cargas fracionadas com menor peso bruto e maior valor agregado, diferentemente do que a Fepasa e suas sucessoras faziam ao transportar grandes quantidades de produtos de baixo valor.

Pátio Presidente Altino com vagões de carga
Pátio Presidente Altino com vagões de carga no período FEPASA

Setas ainda destaca Sorocaba como um polo de sinergia com o traçado da Linha 8-Diamante e apresenta uma espécie de proposta pioneira.

“Essa linha tem uma sinergia muito grande com o polo de Sorocaba e, portanto, o transporte de carga também pode ser um negócio complementar no futuro, num patamar mais pioneiro. Já fazemos isso em aeroportos e é algo que podemos vir a explorar também em mobilidade urbana”, afirmou o executivo.

A exploração dos trens de carga poderia ser feita como uma espécie de receita acessória, do mesmo modo como ocorreu com os serviços expressos para shows, desde que estes não interfiram na qualidade do serviço prestado.

Outra possibilidade, mais promissora, é a possível implantação do serviço Expresso Carga utilizando linhas de um futuro Trem Intercidades entre São Paulo e Sorocaba. A proposta foi apresentada no PAM-TL, plano logístico do estado.

Demanda do Expresso Carga (PAM-TL)
Demanda do Expresso Carga (PAM-TL)

As declarações apenas reafirmam as falas do diretor financeiro da CCR, Waldo Perez, em teleconferência realizada no ano de 2023. O grupo inclusive estaria montando uma nova diretoria especializada em negócios complementares para analisar este e outros potenciais serviços.

Financeiramente viável, operacionalmente desafiador

Apesar da proposta ter potencial é preciso ter bastante cautela. Geralmente os serviços de carga, pela sua característica, sempre tiveram um teor lucrativo. Durante muitos anos foi a carga que sustentou o serviço deficitário de passageiros.

Porém, para que a empreitada possa ser bem sucedida é preciso garantir, no mínimo, estruturas operacionais mais robustas em termos de confiabilidade e segurança, bem como uma preparação de estruturas logísticas.

A Linhas 8-Diamante tinha muita vocação para o transporte de carga, tendo em vista sua conexão com o interior do estado e suas dezenas de ramais industriais ao longo da área urbana.

Trem de carga da Fepasa na região de Amador Bueno
Trem de carga da Fepasa na região de Amador Bueno

Ao longo do tempo o modelo de “carga pesada” foi deixando de operar, sendo completamente inviável sua convivência com trens de passageiros.

Apesar disso, pensar em trens leves pode ser uma solução potencial para gerar sustentabilidade nos negócios e depender menos dos subsídios do governo. A proposta precisa ser bem calculada sob pena de apenas piorar o serviço existente.

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16 comments
  1. Depois aparece pessoa aqui dizendo que a situação da linha 8 é a mesma da 9 nas mãos da CCR…
    É clara a visão deturpada que a empresa tem sobre essa linha, retrocedendo todos os avanços que o governo estadual fez na decada de 2010. Agora além de trens sucateados vai ter via compartilhada com 1000 coisas e atrapalhar a circulação dos trens, aumentando intervalos

  2. Só espero que não confundam os passageiros da Linha 8 com carga e tratem que nem gado.

    1. Não vai sair do papel isso. Pra ativar novamente os trens de carga na Linha 8, vai ter que destruir várias casas e realocar os moradores que estão no trajeto entre São Roque e Amador Bueno

      1. na vdd não, o leito da ferrovia até são roque continua reservado, porém deteriorado e abandonado, os trilhos ainda continuam no lugar porém cobertos de vegetação

  3. Nova piada?!

    Não dão conta nem do transporte de passageiros e ainda querem meter cargueiros no meio…

    Trem intercidades +
    + trem de carga
    + trem de passageiros (metropolitano)
    = CONTA QUE NÃO FECHA!

    E ainda tem gente que defende essas concessões…

    1. Pois é, uma bagunça total e querem por tudo na mesma via. Eu nem quero ver se acontecer acidente nisso aí. É impressionante a pessoa fazer materia falando em ”lucros” pra uma empresa, no qual os passageiros só vão perder em qualidade de transporte e ainda arriscarem a vida. Vão querer enfiar tudo no mesmo balaio sem construir novas vias.

  4. “…do mesmo modo como ocorreu com os serviços expressos para shows, desde que estes não interfiram na qualidade do serviço prestado.”

    Desde que não interfiram na qualidade do serviço prestado….kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    A via mobilidade nçao precisa nem de cargas nem de expresso para afetar a qualidade do serviço prestado.

  5. É palhaçada isso né, porque nesses outros ramais ferroviários citados , já tem a mrs e a rumo logística como a ccr vai operar , não dão conta do trem de passageiros quem dirá o de carga isso é balela e mentira vamos rir pra não chorar kkk

  6. Tudo se resume a sinalização.

    A Linha 8 possui pátios em Amador Bueno, Santa Terezinha, Domingos de Moraes, todos ociosos e capazes de receber trens de carga.

    A Linha 8 possui uma terceira via entre Santa Terezinha e Osasco e entre Imperatriz Leopoldina e Domingos de Moraes, permitindo maior tráfego do que o atualmente existente na Linha 8.

    Nos horários de pouco movimento há ociosidade suficiente para permitir o transporte de cargas..

    1. Na teoria sim. Mas na prática é outra história.

      Certamente, a operação de passageiros seria prejudicada por não haver via auxiliar (3ª via) entre Santa Terezinha e Itapevi; entre Osasco e Imperatriz Leopoldina (entre Osasco e Presidente Altino, as vias “a mais” são da Linha 9, certo?!); e, principalmente, entre Domingos de Moraes e Barra Funda (trecho de alta demanda/carregamento, só normalmente perdendo para o trecho Pres.Altino ou Osasco até Carapicuíba).

      Além do mais, trabalhar com o sistema de sinalização no limite para uma empresa (ViaMobilidade) que até hoje trabalha até com a Linha 5–Lilás bem ociosa em termos de oferta, quantidade de trens e sinalização… talvez seja exigir demais de quem ainda não tem “know-how” suficiente para tal.

      A CPTM levou uns 15 anos para começar a amadurecer sua operação (ajudada também pelos novos trens).
      Não dá para esperar que em menos de 5 anos a ViaMobilidade já saia operando trens metropolitanos e de carga concomitantemente, a todo vapor, no limite da sinalização.

      1. A CPTM não é exemplo para ninguém. Mesmo com muitos recursos investidos, não conseguiu concluir nenhum projeto estruturante. Ela abandonou todos os projetos e redirecionou recursos para outros projetos.

        A Linha 8 tem intervalo mínimo de 7min30s no pico, quando precisaria de 3 min e isso só se resolve com sinalização moderna. Não existe nenhuma empresa nacional com know-how em sinalização ferroviária, tudo depende de multinacionais.

        A Linha 5 só está com menos frota por decisão do estado que tentou empurrar trens obsoletos (frota F) para a concessionária e agora tenta empurrar uma expansão sem demanda suficiente para a concessionária (Jardim Ângela). Se o estado ampliasse a concessão em troca da compra de 10 trens novos, todos sairiam ganhando.

        1. “A CPTM não é exemplo para ninguém. Mesmo com muitos recursos investidos, não conseguiu concluir nenhum projeto estruturante. Ela abandonou todos os projetos e redirecionou recursos para outros projetos.”

          Então explica nós, como que a viamobilidade vai fazer os investimentos necessários, se o atual CEO da viamobilidade era o mesmo diretor da CPTM da época que você tanto reclamava que não fez os investimentos?

        2. Ivo, me refiro a know-how em OPERAÇÃO de trens (metroferroviária).

          A CPTM fazia 5 min de intervalo na L8, no pico da manhã, entre Barueri e Júlio Prestes.

          Neste momento, 4 min entre trens seriam suficientes para atender bem a demanda de pico da L8 entre Barueri e Barra Funda.

          Se a frota F é obsoleta, o que dizer então da frota E e também das modernizadas (I, J, K e L) com aquelas portas estreitas que só atrasam o embarque e o desembarque?!

          Lembrando que a frota F começou a operar em 2022. Nenhum trem é baixado com 20 anos de uso.

          A expansão para o Jardim Ângela é muito necessária e tem demanda sim mais do que o suficiente para metrô convencional/pesado, segundo estudos técnicos de projeção de demanda do próprio Metrô SP.
          Tanto que será preciso aumentar muito a oferta da L5 para dar conta dessa demanda a mais significativa.

  7. Pra que isso fosse pra frente, deveria haver uma grande reestruturação nas vias que contemplasse a adição de uma 3° via em todo o trecho a receber cargas, bem como uma ampla reformulação do sistema de sinalização. E quem iria bancar tudo isso ??? O concessionário é que não vai querer bancar !!!

  8. Compartilhar vias com trens de passageiros e cargueiros é uma pratica mundial, porém é fundamental que a empresa esteja preparada, o que não é o caso da CCR, cujo transportes de passageiros é deficiente, atualmente a MRV quer se apossar por conta de um cambalacho governamental que visa a implantação de uma nova via de trens de carga entre Brás e sentido Rio Grande da Serra da Lina 10-Turquesa com o apoio deste órgão manipulado EIA/RIMA , e contrariando as falácias dos “planejadores” afeta e muito a operação da CPTM.
    Quando fazem as concessões propagam que será uma evolução para diminuir a dependência do Estado, porém na prática se trata de uma falácia, e quando conseguem o primeiro ato é diminuir o número de técnicos e rebaixar salários, e contratam diretores oriundos do Metrô e CPTM pagando altíssimas renumerações. Este Tarcísio nunca teve vínculo com SP que por conta do confronto com Dória e a mando do fascista forjou um atestado de residência em SJC e nem sabia seu local de votação, está entregando o patrimônio de São Paulo, Metrô, CPTM, Sabesp, Aeroportos…
    Só desinformados defendem iniciativa privada achando que a mesma vai investir como se fosse uma empresa pública. Empresas privadas existem para repassar lucro para os acionistas. Olhemos para a concessão SUPERVIA e CEDAE do Rio de Janeiro, cujo valor arrecadado já foi totalmente pulverizado, conforme https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2024/05/13/tarcisio-usou-operacao-para-pressionar-leite-no-caso-sabesp-dizem-fontes.htm que padecem e agonizam como exemplos de fracassos!

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