Após promessa não cumprida, Doria volta a prever entrega da Linha 17, agora para 2024

Durante entrevista coletiva da apresentação do primeiro trem de monotrilho do ramal do Metrô, governador culpou a legislação pelos atrasos no projeto
Primeiro trem da Linha 17
Primeiro trem da Linha 17 (GESP)

Durante a entrevista coletiva que se seguiu à apresentação virtual do primeiro trem de monotrilho da Linha 17-Ouro, o governo do estado esclareceu como deverão ser os próximos passos do projeto, que está prestes a completar uma década em obras.

Sobre a inauguração da linha de quase 8 km, o governador João Doria (PSDB) previu que o início do serviço ocorrerá “nas primeiras semanas de 2024”. Trata-se de um atraso de cerca de um ano em relação à promessa do tucano, feita em dezembro de 2020, que estipulava entregar o ramal de monotrilho em dezembro deste ano.

Cobrado sobre o assunto, Doria culpou a legislação pelo não cumprimento da previsão. “Há fatores que são alheios à determinação de um governante, fatores de questões legais, judiciais, circustâncias que fogem ao alcance e à previsibilidade de um gestor público”, justificou.

“Lamento mas a legislação brasileira impõe circunstâncias que muitas vezes adiam e colocam projetos que estavam dentro de uma previsão fora dessa previsão”, acrescentou Doria, sem no entanto citar que a previsão feita em 2020 ocorreu num momento em que indefinições legais e técnicas tornavam a conclusão do projeto até dezembro de 2022 bastante improvável já naquela época.

Doria: “A legislação brasileira impõe circunstâncias que muitas vezes adiam e colocam projetos que estavam dentro de uma previsão fora dessa previsão” (GESP)

As obras civis complementares, executada pelo consórcio Monotrilho Ouro, por exemplo, não foram alvo de nenhuma paralisação causada pela Justiça, mas a evolução tem sido lenta mesmo assim.

Sobre esse aspecto, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Paulo Galli, comentou que “a partir de abril e maio [ocorrerá] uma rampa de desenvolvimento na obra que será mais perceptível e visível”.

O presidente do Metrô, Silvani Pereira, também abordou as obras civis, afirmando que os trabalhos devem ganhar mais velocidade e que a companhia está atuando para que não ocorram mais atrasos. “Não seremos passivos com a obra parada. Se necessário será rescindido contrato, as empresas serão notificadas, mas a obra vai ser concluída”, previu.

Trens entregues até o final de 2023

Sobre o cronograma de fabricação dos trens, surgiram algumas informações importantes. Alexandre Barbosa, diretor técnico da BYD, revelou que a composição cabeça de série (a primeira a ser montada para testes) levou 14 meses para ficar pronta. Curiosamente, a BYD não deixou de atuar no projeto nem mesmo enquanto o contrato estava suspenso na Justiça, por conta de uma ação do consórcio Signalling.

Obras da Linha 17-Ouro (iTechdrones)

Silvani Pereira voltou a dizer que o Metrô chegou a planejar uma operação mais restrita da Linha 17, entre duas estações apenas, mas que a pandemia impediu essa opção. Segundo ele, uma equipe de engenheiros e técnicos do Metrô está há seis meses tentando viajar para a China para realizar a aprovação do projeto. No entanto, as restrições impostas pelo governo chinês para permitir a entrada de estrangeiros têm impedido que isso ocorra até o momento.

O presidente da companhia, inclusive, condicionou essa viagem à definição de um cronograma mais preciso sobre o embarque das composições para o Brasil. “Só aí teremos as datas de entrega dos 14 trens”, disse.

Paulo Galli, por sua vez, explicou que a avaliação do Metrô in loco deverá levar cerca de três meses e abordar não apenas os trens mas a fábrica em si. Com a aprovação, os 13 trens restantes serão concluídos.

Apesar dessa indefinição, a BYD foi mais acertiva ao citar um prazo para entregar as 14 composições, embora o presidente da empresa no Brasil, Tyler Li, tenha dito que eles seriam entregues até o final de 2024. Alexandre Barbosa, no entanto, corrigiu a informação em seguida, dizendo o plano é que os trens cheguem ao país até dezembro de 2023.

Tyler Li, presidente da BYD no Brasil (à esquerda) e o diretor técnico do projeto, Alexandre Barbosa (GESP)

 

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