Nas eleições de 2022 a população terá a oportunidade de avaliar e decidir qual é o melhor projeto para o governo de São Paulo. O site tem se dedicado a expor as principais propostas para o transporte sobre trilhos emitidas pelos candidatos ao Palácio dos Bandeirantes.
Seguindo a ordem alfabética dos candidatos estabelecida no site do TSE, dedicaremos este artigo para a análise do plano de governo do candidato Fernando Haddad.
Ele é o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) ao governo do estado. Possui ensino superior completo e atua como professor, também no ensino superior. Haddad já foi prefeito da capital paulista.
Investimentos e parcerias
O plano de governo reforça o papel do estado como agente de planejamento, investimento e indutor de desenvolvimento. O documento ainda cita a possibilidade de parcerias público-privadas para diversos setores, incluindo os transportes públicos metropolitanos.
“Articularemos os investimentos públicos, com o reforço dos instrumentos do estado e em parcerias público-privadas em infraestrutura, priorizando a habitação, a expansão da estrutura de educação e saúde, os transportes públicos metropolitanos e o saneamento básico.”
Mobilidade como um direito fundamental
O plano reforça o papel da mobilidade como agente no desenvolvimento econômico e social. São apontados problemas rotineiros na operação como o elevado custo e o tempo de deslocamento. Há citações sobre o crescimento insuficiente da rede de Metrô, focada apenas no centro expandido.
“Consideramos a mobilidade um direito fundamental para o desenvolvimento econômico e das relações sociais. Essa condição, todavia, também é profundamente marcada por desigualdades em nosso território. O transporte de pessoas no estado também é excessivamente oneroso: seja em custos, seja em tempo. Nas regiões metropolitanas, 1 em cada 4 trabalhadores gasta mais de 1 hora por cada trecho de deslocamento diário. A rede de Metrô é insuficiente, vem crescendo lentamente e está concentrada, sobretudo, no centro expandido da Capital.”

Problemas atuais
A restrição do transporte sobre trilhos da CPTM, que atua apenas na região metropolitana de São Paulo, também é citada, de forma que são raras as ocasiões onde o transporte metroferroviário faz parte da mobilidade em outras regiões. Neste caso, apenas Santos, São Vicente, Campos do Jordão e Pindamonhangaba contam com transporte ferroviário.
“O transporte de passageiros sobre trilhos operado pela CPTM é praticamente restrito à Região Metropolitana de São Paulo, de modo que no Interior e no Litoral, com raras exceções, a única alternativa são os ônibus urbanos e interurbanos.”
Projetos de baixo carbono
A proposta de soluções, segundo o plano de governo, passa por investimentos na infraestrutura de metrôs e trens, focando na expansão do sistema em âmbito estadual. Esta estratégia permitiria a integração entre modais em nível estadual. Há foco para projetos de baixo carbono.
“Vamos investir na infraestrutura de transporte, prioritariamente em projetos de baixo carbono, nas estruturas metropolitanas de metrôs, trens, expandindo o transporte sobre trilhos pelo estado e aumentando gradualmente a integração entre os modais de transporte estadualmente, assim como na melhoria das estradas vicinais, aumentando a eficiência e qualidade dos trajetos entre cidades, com impacto na retomada do crescimento e na geração de empregos”.
Bilhete único metropolitano
Haddad tem proposto a adoção de um bilhete único metropolitano a fim de estender os benefícios existentes a habitantes de todos os munícipios. Atualmente, cada cidade possui uma política de tarifa de transporte público.

Opinião do site
Haddad, que durante sua gestão na maior cidade do país, propôs corredores de ônibus em eixos onde já existem linhas de metrô, não renegou as parcerias público-privadas como alternativa para uma expansão mais veloz da rede sobre trilhos, incluindo cidades distantes da Grande São Paulo, o que é positivo. No entanto, nos parece contraditário acreditar que levar o Metrô para fora do centro expandido irá resolver os problemas de mobilidade na região metropolitana. Basta ver como a Linha 11-Coral sofre para dar conta da demanda advinda de bairros distantes ou munícipios vizinhos.
Por melhor que seja a infraestrutura sobre trilhos, é enganoso esperar que ela resolverá as enormes distorções existentes na mancha urbana, com milhões morando na periferia e imensos vazios em regiões mais centrais. Haddad também não explica de onde virão os recursos nem como um governo petista faria para acabar com a burocracia e dilemas jurídicos que atrasam as obras.
Ricardo Meier
O documento completo pode ser acessado através do portal do Tribunal Superior Eleitoral.
Confira também as propostas dos outros candidatos: