Inauguração da Linha 17-Ouro do monotrilho deve ocorrer apenas em 2022

Segundo cronograma do edital de trens e sistemas, publicado nesta segunda-feira, fabricante terá 930 dias para liberar as cinco primeiras composições para a Via Mobilidade
Estação da Linha 17-Ouro: se futuro fabricante dos trens não atrasar, será possível inaugurar o ramal de monotrilho durante 2022 (CMSP)

Com a publicação nesta segunda-feira (15) dos detalhes do edital de licitação dos trens de monotrilho e seus sistemas para a Linha 17-Ouro, já é possível vislumbrar que a empresa contratada terá pela frente uma maratona para conseguir cumprir o estipulado pelo governo. O ramal, cujas obras tiveram início no primeiro semestre de 2012, é o mais atrasado entre os que tiveram os trabalhos iniciados.

Segundo o cronograma que consta dos documentos publicados pelo Metrô de São Paulo, a fabricante dos trens terá de comissionar, ou seja, entregar testados, cinco das 14 composições em um prazo de 930 dias contados a partir da ordem de serviço. Essa autorização para que o contrato passe a valer é dada até 30 dias após a sua assinatura. Ou seja, em uma data hipotética em que a ordem de serviço fosse dada no dia 1º de janeiro de 2020, os trens estariam em condições de rodar pela linha de quase 8 km em julho de 2022.

No entanto, é cedo para fazer previsões, afinal há um longo caminho até que a empresa ou consórcio selecionado comece de fato a trabalhar. A sessão para recebimento das propostas está marcada para 17 de setembro, mas até lá a data pode ser postergada caso os potenciais participantes tenham muitas dúvidas a respeito da licitação. Caso isso não ocorra, o Metrô analisará as propostas e escolherá a de menor preço, caso ela esteja com a documentação em ordem. Se alguma das participantes derrotadas não aceitar o resultado, poderá entrar com um recurso administrado até cinco dias após a habilitação.

Sem nenhum atraso nessa fase, o Metrô poderá em tese homologar a proposta em outubro quando a empresa selecionada terá 15 dias para apresentar vários documentos incluindo o protocolo de entrada na Junta Comercial sobre a criação da Sociedade de Propósito Específico, que representará o consórcio vencedor no caso de ter sido esse o formato escolhido por ele para participar. Além disso, devolverá o contrato assinado para o Metrô. Novamente, esse cenário otimista possibilitaria que a ordem de serviço ocorresse ainda este ano, talvez no final de novembro ou começo de dezembro. Mas o histórico de contratos semelhantes aponta que o processo deve atrasar, o que é normal diante da complexidade desse caso.

Além dos trens, vencedor será responsável por fornecer PSDs, sistemas e até um veículo de manutenção (CMSP)

Obra encaminhada

Porém, mesmo que exista algum atraso, é viável que a empresa escolhida comece a trabalhar no projeto no primeiro semestre de 2020, o que jogaria o prazo de execução dos serviços para algum ponto do primeiro semestre de 2023 (38 meses a contar da ordem de serviço). Nessa data, os 14 trens previstos no contrato já deverão ter sido entregues, ou seja, a Linha 17 já estaria funcionando mesmo que parcialmente.

No documento que explica os prazos para cada fase do contrato há algumas datas ilustrativas. O projeto dos trens, por exemplo, deverá estar pronto em até 240 dias, ou cerca de oito meses, já as portas de plataforma, também parte do escopo, deverão ter sido testadas até nove meses após a ordem de serviço. Sua instalação nas oito estações deverá ser concluída em 480 dias, ou 16 meses aproximadamente, o que poderia ocorrer no segundo semestre de 2021.

Nesse meio tempo, o consórcio contratado também instalará a rede de fibra ótica, cabeamento nas vias, sistema de captação de energia, os trilhos de alimentação dos trens e a instalação dos “track-switches”, aparelhos de mudança de via para os trens, isso por volta do início de 2022.

Deve facilitar o trabalho da empresa contratada o fato de as obras estarem bem encaminhadas. Até lá, o pátio deverá já estar em sua forma final na parte civil, assim como as estações já possuirão grande parte da sua estrutura pronta. Ou seja, sem as obras civis dividindo espaço com sistemas, será mais produtivo trabalhar na instalação desses sistemas e testá-los.

A estação Morumbi foi a última licitada, mas avança rapidamente (CMSP)

Trens nos moldes da concorrência

O aspecto mais interessante desse contrato é mesmo a adaptação do trem de monotrilho que será usado na Linha 17. Ele precisará se adaptar a uma viga-trilho que necessariamente não foi pensada para ele já que todas as vias foram construídas seguindo a especificação da Scomi. A tarefa pode ser mais um menos fácil para cada concorrente, dependendos dos padrões seguidos.

O novo fabricante terá que concluir o primeiro trem, chamado de cabeça de série e usado para os principais testes, em 720 dias, ou quase dois anos. Em outras palavras, se o contrato for assinado na virada deste ano ou mesmo no primeiro trimestre de 2020, esse primeiro ‘monotrilho’ estará pronto no começo de 2022. Dois meses depois, a fabricante entregará o segundo exemplar nas instalações do pátio Água Espraiada, quando então veremos nas semanas seguintes os primeiros testes práticos nas vias, dez anos após a primeira fundação ter sido feita no canteiro central da avenida Roberto Marinho. Resta torcer para que não tenhamos mais atrasos nessa que é um grande exemplo de obra pública mal gerida.

Estação Congonhas: primeiras viagens de testes podem ocorrer em meados de 2022 (CMSP)

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
8 comments
  1. O povo do ABC triste e revoltados pq não vai ter monotrilho.. eles não sabe a bomba q isso e… Começou antes da copa de 2014 e até hj não tem previsão

  2. nao entendo esse pátio da linha 17, tem uma parte coberta com um pé direito enorme, mas bem abaixo do nível dos trens.

  3. Inauguração em 2022,se pegar pelo ano,teremos eleição para governador,daí te pergunto: será conhecidencia ou não ???
    É o Pinocchio querendo mais 4 anos de mamata,e pra esse tipo de gente é que não terá meu voto

  4. a linha lilás e o monotrilho ouro foram concedidos juntos, pois o lucro da lilás compensaria o prejuízo do monotrilho ouro. Obviamente, a CCR ta agindo pra adiar ao máximo assumir essa bomba. Parabéns a este site que vive apoiando privatização. Curte aí o resultado

Comments are closed.

Previous Post

Entenda a real situação da Linha 20-Rosa de metrô

Next Post

“Tatuzões” em compasso de espera no Brasil

Related Posts