Linhas de metrô e trens perderam 1 bilhão de passageiros em 2020

Passageiros embarcam em trem da Linha 4-Amarela do Metrô (GESP)

O impacto brutal causado pelo isolamento social reduziu os embarques no sistema metroferroviário de São Paulo de forma contundente. Segundo dados apurados pelo site, em 2020 as 13 linhas de metrô e trens metropolitanos tiveram 1 bilhão de embarques a menos, ou 46% de redução em relação a 2019. A soma dos números de todos os ramais em operação totalizou 1,178 bilhão de passageiros ante 2,19 bilhões em 2019.

Vale observar que essa dado envolve a entrada de passageiros em cada uma das linhas, sendo que muitos usuários utilizam vários ramais para chegar a seus destinos. Ainda assim, o volume perdido impressiona e, mais preocupante, não tem mostrado alívio suficiente para retomar uma demanda próxima do período pré-pandemia. Em dezembro, por exemplo, o sistema realizou 41% menos embarques do que no mesmo período de 2019, melhor resultado de 2020.

Nenhuma das linhas chegou perto de recuperar o movimento normal. As que estão mais próximas dessa meta são as novatas linhas 13-Jade (queda de 29%) e 15-Prata (-30%), mas nesses casos é preciso ressaltar que se tratam de dois ramais ainda longe da sua capacidade operacional e por isso acabaram tendo um impacto menor.

Segundo dados levantados pelo site, o sistema sobre trilhos realizou 1,178 bilhão de embarques em 2020

Na outra ponta da lista figura a Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro. Responsável pela conexão entre o centro, a avenida Paulista, a região de Pinheiros e parte da Zona Oeste, o ramal terminou 2020 com queda de 51,6% no movimento, ligeiramente pior que as linhas 1-Azul (-51,4%) e 9-Esmeralda (-51,2%).

O fenômeno parece ter uma explicação já que se tratam de linhas não pendulares que atendem a regiões mais nobres da capital e que por isso perderam usuários de poder aquisitivo maior. Empresas nesses eixos aderiram ao trabalho remoto, reduzindo a necessidade presencial em seus escritórios, o que derrubou a circulação nesses ramais e também na linha 2-Verde.

Linha 4 apresentou a maior redução no movimento, Linha 13, a menor

Por outro lado, as linhas pendulares tiveram uma queda mais branda, por conta de atenderem regiões mais distantes e cujos passageiros nem sempre têm a opção do ‘home office’. Com exceção dos ramais ‘caçulas’, a Linha 12-Safira e Linha 11-Coral apresentaram uma perda de demanda bem menor, de 32,5% e 35,6%, respectivamente. Vale lembrar que mesmo durante as fases mais duras da quarentena, a linha que vai da Luz até Mogi das Cruzes experimentou estações e trens cheios, obrigando o governo a aumentar a oferta.

Não por acaso, a CPTM foi a companhia que menos perdeu passageiros, cerca de 40% embarques a menos. ViaQuatro e ViaMobilidade, somadas, apresentaram queda de 47,2% enquanto o Metrô viu suas quatro linhas perderem quase 50% dos usuários no ano passado.

Prejuízo recorde

A situação do Metrô ilustra claramente o grave quadro do transporte público sobre trilhos em São Paulo. A empresa fechou 2020 com um prejuízo recorde de R$ 1,7 bilhão, 219% maior do que em 2019. A receita geral caiu 49,6%, em sintonia com a redução de viagens, por conta do congelamento da tarifa em R$ 4,40, que não permitiu uma recomposição da receita.

No entanto, as despesas da companhia tiveram uma redução modesta, de apenas 9,6%. Os custos com a prestação dos serviços caíram 11,9% enquanto a despesa operacional teve uma redução marginal, de somente 2,2%.

Resta saber o que a gestão Doria pretende fazer para estancar essa sangria já que as medidas adotadas em 2020, como o trabalho remoto, e a venda de ativos como a antiga sede na rua Augusta têm efeito pequeno ou passageiro. Com o prolongamento dos efeitos da pandemia na economia é de se imaginar que os trens continuarão transportando menos gente em 2021, agravando ainda mais o quadro.

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