Obra necessária para permitir o aumento da capacidade da Linha 15-Prata, a extensão das vias após a estação Jardim Colonial tem avançado rapidamente, como mostram imagens compartilhadas pelo presidente do Metrô, Silvani Pereira, e sobretudo pelo vídeo reproduzido abaixo, com um sobrevoo da região da avenida Rague Chohfi.
Revelada em primeira mão pelo site no final do ano passado, a obra, que deve acrescentar quase um quilômetro ao ramal em suas duas pontas, prevê a instalação de novos aparelhos de mudança de via (AMV) após Jardim Colonial e Vila Prudente. O trecho mostrado nas imagens possui 560 metros enquanto o que será construído na avenida Anhaia Melo terá 380 metros
A obras é realizada pelo consórcio CEML, formado pelas empresas OAS, Queiroz Galvão e Bombardier), por meio de um aditivo de R$ 66,3 milhões. Das duas frentes de trabalho, a de Jardim Colonial é a prioritária por permitir que os trens do monotrilho possam manobrar após a estação e retornarem na via sentido centro. Se fosse aberta hoje, essa parada não poderia funcionar conectada ao carrossel normal porque não existe um track-switch após a região de Jardim Planalto.
Além disso, com os novos aparelhos de manobra, será possível injetar mais trens e reduzir os intervalos do ramal, além de permitir loops internos a partir de São Mateus, ou seja, trens que partem vazios da estação, que possui duas plataformas separadas. Já em Vila Prudente, o AMV após a estação também facilitará essas manobras, que hoje são feitos num track-switch pouco antes da plataforma.

Embora o prazo de entrega seja 2022, é bastante provável que o trecho no extremo leste fique pronto já no ano que vem, a tempo de permitir que Jardim Colonial comece a funcionar como esperado. Nas imagens, é possível constatar que as fundações das colunas onde serão construídos os capiteis, as estruturas que suportam as vigas-trilho, já estão finalizadas.
Como o canteiro da Ragueb Chohfi nesse trecho é bastante espaçoso, a implantação tem sido veloz, uma das vantagens do monotrilho. Assim como as obras da estação Jardim Colonial, a extensão comprova que o modal possui um prazo de implementação bastante rápido, de cerca de dois anos, desde que não surjam problemas burocráticos ou falta de planejamento.
São justamente esses dois motivos que tornaram a primeira linha de monotrilho pesado no Brasil um projeto demorado e cheio de problemas. Em primeiro lugar porque o sistema era inédito e havia pouca expertise em sua construção, e o segundo porque o Metrô falhou em detectar a necessidade de desviar o córrego que passa pelo eixo da avenida Anhaia Melo, o que atrasou a obra em vários meses.

Para completar o “desastre”, o consórcio CEML tem mostrado dificuldades em conseguir fazer o ramal funcionar a contento, com falhas em sinalização, velocidade reduzida dos trens, vias irregulares, peças soltas e o principal problema, o estouro do pneu causada pelo contato com o sistema run-flat em fevereiro.
Como o site já cansou de demonstrar, nada desses fatores envolve o modal em si, que ainda merece uma chance para provar sua prometida eficácia. Mas, como é comum no Brasil, a visão míope de dirigentes públicos leva a prejuízos e atrasos. Se a escolha do monotrilho como solução de mobilidade foi atropelada e sem o devido tempo de maturação do projeto, a decisão de não seguir com mais sistemas como esse, justamente agora que a curva de aprendizado se aproxima do seu ápice, é tão errada quanto. Espera-se que os próximos gestores do transporte sobre trilhos sejam mias sensatos.