A Pesquisa Origem Destino é o mais relevante levantamento de mobilidade realizado no Brasil. Na pesquisa de 2023, adiantada em virtude da pandemia, fortes efeitos puderam ser computados, desde e diminuição dos deslocamentos em geral até o aumento do uso de modos de transporte individual, mostrando uma nova tendência de transporte na região metropolitana.
O levantamento é realizado pelo Metrô de São Paulo e tem como objetivo mapear os deslocamentos na região metropolitana, sua matriz de dados é amplamente utilizada no planejamento da rede de transporte. A pesquisa é extensa. O site analisou alguns dos dados e traz algumas perspectivas e mudanças de 2017 até 2023, ano do levantamento.
Diagnóstico global
A pesquisa OD mapeou uma queda dos deslocamentos pela cidade. Em 2023 apenas 35 milhões de viagens foram realizadas diariamente. Desta viagens, 70% são motorizadas e 30% não motorizadas.

Dentro do primeiro grupo está o transporte coletivo, composto por ônibus, metrô e trens, e o transporte individual que engloba carros, motos, táxis e veículos por aplicativos.
O levantamento mostra uma alta do transporte individual sobre o coletivo. Isso reflete uma inversão na forma como as pessoas se deslocam pela cidade. Atualmente 51,2% das viagens são feitas por transporte individual.

Divisão de modos
Percebe-se que a divisão de modos de transporte segue uma certa lógica. Regiões com pouca oferta de transporte mostram uma tendência a ter maior uso de transporte individual. Regiões onde há mais oferta de transporte coletivo, como na região central, tendem a usar mais ônibus e trens.
Uma faixa na região sul da cidade, onde economicamente há maior concentração de renda, a preferência é maior pelo transporte individual, enquanto nas periferias, em geral, o transporte coletivo é maioria.

Preferências por modo motorizado
O modo motorizado com maior adesão é o carro. Com incríveis 41,6% de adesão, o uso do veículo automotivo supera trens, metrôs e ônibus que juntos fazem parte de 37,8% do total de viagens.

O transporte coletivo em geral teve queda de utilização em todas as suas modalidades. Ônibus, trens e metrôs tiveram reduções, sendo que o trem metropolitano foi o mais afetado com 18% de redução.
Os maiores aumentos foram registrados nas motos (15%) e no transporte por táxi e app com um aumento de 137%. A disseminação das plataformas tecnológicas permitiu o avanço de serviços sob demanda, muitas vezes utilizados como primeira e última perna dos percursos de deslocamento.

Preferência por renda
Observa-se uma tendência do uso do transporte coletivo por parte das classes menos abastadas. Os sistemas sobre trilhos e pneus são preferenciais na faixa de renda familiar 2 e 3 que varia de R$ 2.640 até R$ 10.580.
Conforme a renda aumenta, a tendência é que o transporte coletivo seja substituído por transporte individual. Geralmente esta curva é mais acentuada dado o custo da mobilidade em geral, que limita o acesso para famílias mais abastadas.

Tempo de viagem
Quem usa transporte público tende a ter viagens mais longas. A média de percurso é de 58 minutos no transporte coletivo contra 28 minutos no transporte individual.
Em geral, as faixas de renda mais altas tendem a se deslocar por menos tempo. Uma possibilidade para este efeito é a maior proximidade com trabalho e serviços.

Distância de viagens
As viagens na região metropolitana são realizadas de formas distintas. O transporte individual é utilizado para distâncias geralmente mais curtas entre 1 a 3 quilômetros.
Já o transporte coletivo predomina nas faixas acima de 15 quilômetros. Isso revela que quem geralmente usa o sistema de transporte público se desloca mais em termos de distância, enquanto quem se desloca menos tende a usar o transporte individual.

Imobilidade
O indicador de imobilidade mostra quais pessoas não se deslocaram na região metropolitana. Houve um acréscimo de 8% neste indicador, ou seja, atualmente 7,7 milhões de pessoas não se deslocam no dia a dia.

Esse indicador é maior em mulheres (56,7%) e nas faixas etárias de 30 a 39 anos e acima de 60 anos. Em termos de grau de instrução, pessoas com superior incompleto fazem parte 36,6% das estatísticas.
Home office
O trabalho remoto influenciou no hábito de viagens das pessoas. Cerca de 12% da população atua em regime de teletrabalho ou híbrido. Na pesquisa, os participantes puderam optar por responder quantos dias trabalhavam por semana, mês ou as semanas no mês.

Em termos de dias da semana, 73% das pessoas atuam de duas a três vezes por semana. No regime mensal esse valor é de uma a duas vezes ao mês. No regime semanal, a maioria trabalha ao menos duas semanas no mês em regime presencial.

Conclusão
Os dados da pesquisa OD são amplos e abrangem diversos aspectos da mobilidade. Observa-se uma inversão importante no uso do transporte coletivo, que deu seu lugar de preferência para o transporte individual, principalmente carros e aplicativos.
Os deslocamentos geralmente são realizados com maior frequência e por menor tempo por pessoas mais ricas. O fator geográfico é importante pois influencia na oferta de serviços e emprego e nas suas distâncias.

A mudança do trabalho presencial para o remoto ou híbrido também gera impactos na mobilidade, uma vez que poucas pessoas utilizam o transporte. De certa forma isso pode ser considerado um avanço, de tal forma que os sistemas de mobilidade já saturados conseguem atender melhor a demanda, diminuindo a pressão sobre o sistema.
Já nos transportes públicos fica aberto o dilema sobre o custeio da máquina de transporte coletivo. Geralmente enfrentando déficits constantes, o serviço é subsidiado aumentando a pressão por aumentos na tarifa. Este inclusive é um dos fatores para aumento da mobilidade ativa.

A densidade de dados tem larga exploração e pode ser reorganizada de forma a se obter diversos espectros das condições socioespaciais da metrópole. Neste sentido a pesquisa OD mais uma vez cumpre seu papel.
Isso prova que quem anda de transporte coletivo não tem alternativa.
E fica só pensando o que fazer pra se livrar do busao
É hora de parar com a expansão do metrô e terminar o que está em andamento
Sem esse papo que na Europa , nos eua todo mundo anda de metrô
Aqui a conversa é outra, tá provado que quem pode foge do transporte público
Palavras menos sábias jamais foram ditas.
Primeiro: NINGUEM nunca disse que nos EUA o pessoal anda de transporte público. Alias a única cidade desse pais que têm fama de transporte publico é NYC e tal fama é negativa. Segundo, transporte coletivo ocupa muitíssimo menos espaço que transporte individual. Simplesmente nao cabe todo mundo dentro de carros e motos. O investimento em transporte publico favorece a absolutamente todos, independente de se usar ou nao
Foge do transporte público por uma série de fatores, principalmente o conforto (sobretudo, lotação) e porque o Metrô ainda não chega em todos os lugares. Além disso, o Brasil como um todo foi “ensinado” a andar de carro, a ter seu próprio veículo e isso está em mudança.
Quanto mais se investir no sistema sobre trilhos, novos públicos serão alcançados e, consequentemente, mudanças de perfil nos deslocamentos
Você não entendeu
Não adianta gastar bilhões em metrô que as pessoas não vão usar , não querem por vários motivos, tais como lotação, desconforto e promiscuidade é sinal exterior de fracasso pessoal de quem usa transporte público
Não usam justamente porque tem pouca opção…
No mapa dá para perceber que a região do ABC paulista tem uma grande porcentagem no valor total dos que escolhem transporte individual, e não é a toa, é uma região totalmente desprezada pelo poder público devido a estar de conluio com um grupo empresarial fortíssimo. A Linha 18 Bronze poderia ter sido o início para a mudança da preferência do público, mas se for depender da Next, não vão mudar a realidade.
O mapa da pesquisa mostra claramente que o problema do transporte público está concentrado nas cidades da RMSP que não investem em melhoria dos seus sistemas. Temos cidades funcionando com a mesma infraestrutura de 50 anos atrás, a EMTU subfinanciada e com seus projetos agonizando por falta de recurso. Existem cidades como Taboão da Serra, por exemplo, que não possuem nenhum terminal de ônibus, com os veículos parando no entorno de praças como era a realidade de São Paulo há 70 anos atrás.
Há um abismo entre o transporte público da capital e o da Região Metropolitana que nem o governo do estado foi capaz de superar. Com um transporte público obsoleto, é natural a migração da população para o individual.
Não tem surpresa nenhuma quanto a isso, infelizmente esse dado só mostra como um sistema urbano de transporte coletivo desordenado como o que temos em São Paulo se demonstrou ineficaz ao longo dos anos, fora isso, temos todo o problema da grande concentração de empregos nas regiões centrais da cidade, o que exigiria um sistema de transporte coletivo com maior robustez, mas no final, o que entregam são sistemas que normalmente mais atrasam a vida dos passageiros, do que os ajudam, ai não tem outra escolha a não ser o uso do transporte individual, normalmente o que deveria ser feito era um sistema aprimorado de acordo com a demanda local, como por exemplo, uma a três linhas de ônibus para atender a um bairro a um terminal integrado ao transporte de grande capacidade , obviamente, essas linhas devem ser adaptadas a demanda correspondente, como ônibus articulados e biarticulados, ter mais sistemas de transporte coletivo de grande capacidade, seja ele trem subterrâneo, de superfície ou elevado, VLT segregado, monotrilho , aeromóvel e até veiculo hidroviário, mas também temos que ter ações parra que empregos sejam distribuídos por todos os cantos das cidades e regiões metropolitanas, não adianta nada ter um sistema de transporte coletivo, se ele sempre estará saturado devido a grande concentração de empregos na região central de São Paulo.
toda obra publica de transporte- ao contrario do que é dito- ela ja é inaugurada defasada da pesquisa od e da demanda
e pelo menos com uns 30 anos de atraso.
faltam corredores de verdade – nao esse do abc e do rio
falta transporte hidroviario
falta maior organizacao da sinalizacao e do transito – do micro ao macro
mas essas pequisas são só pra ingles ver !!!