Por dentro do futuro túnel da estação Luz

As obras de melhoria do fluxo de passageiros não se limitarão à abertura da nova passagem
Obras na Estação Luz trarão maior fluidez no deslocamento de passageiros (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

A estação da Luz é certamente um dos cartões postais mais importantes de São Paulo. O prédio atual foi construído em 1901 e ao longo dos seus anos de operação passou por uma série de modificações. A estação, que antes possuía apenas plataformas laterais, teve uma plataforma central implantada, além de acessos através das passarelas que cruzam a estação. Já na gestão da CPTM a estação passou por mais uma grande modificação, talvez uma das maiores já vistas, a criação do saguão subterrâneo e da transferência física entre CPTM e Metrô. O tempo passou, a demanda pelo transporte metroferroviário aumentou e hoje o cenário é bem diferente daquele encontrado há quase 20 anos atrás.

Justificativa

Antes de entrar no mérito do projeto, devemos entender a importância da estação Luz tanto sob o aspecto de uma estação ferroviária como na visão patrimonial. A estação hoje é um verdadeiro ponto de integração na malha sobre trilhos em São Paulo. O passageiro que entra em suas dependências tem acesso a três linhas da CPTM, a 7-Rubi, que tem como destino a estação de Jundiaí, a Linha 11 – Coral, que tem com destino a estação Estudantes na cidade de Mogi das Cruzes, e a Linha 13-Jade, através do Expresso Aeroporto, ligando o centro de São Paulo até o Aeroporto de Cumbica. Além disso, existe a transferência com o Metrô para a Linha 1-Azul, que corta a cidade de norte a sul, e a Linha 4-Amarela, que faz a ligação do centro com a Zona Oeste da cidade.

Sob o aspecto patrimonial, o prédio atual é tombado por três entidades de preservação. Em âmbito municipal pela CONPRESP, na esfera estadual pelo CONDEPHAAT e por fim pelo IPHAN, órgão federal. Notadamente, a estação possui grande destaque e a preservação de suas características é em demasiadamente importante. Considerando a envergadura da obra, a CPTM teve que buscar anuência prévia desses órgãos para dar início ao projeto.

Entremos ao dilema propriamente dito. A transferência entre CPTM e Metrô hoje sofre de um problema grave atrelado ao fluxo de passageiros, ou seja, a quantidade de pessoas que passam pela baldeação é muito grande para a estrutura existente. Segundo o edital das obras, em tempos sem pandemia, o fluxo chegava a atingir 46 mil passageiros nos horários de pico.

Tendo em vista essa situação, a CPTM adotará como solução a criação de um novo túnel que ligará o Saguão Oeste (aquele que não possui a bilheteria do expresso turístico) até a Linha 4-Amarela, numa região próxima a linha de bloqueios. A extensão desse túnel será de 125 metros e terá uma largura estimada de 9 metros.

A ideia é que o túnel hoje existente, que passa sob a rua Mauá, seja destinado apenas para o trânsito dos passageiros que tem como destino a Linha 1-Azul do Metrô. Através dessa informação é possível denotar que o fluxo de passageiros deverá mudar de forma abrupta.

Projeto

O projeto prevê, além do túnel, uma série de outras melhorias na estação. A plataforma central, que também sofre dos problemas decorrentes do alto fluxo de passageiros, receberá duas escadas rolantes adicionais além de duas novas escadas fixas.

O saguão 2 será ampliado assim como os banheiros. Novos banheiros acessíveis também deverão ser construídos. Um novo acesso para a avenida Casper Libero deverá ser executado. As escadas rolantes existentes nesse acesso deverão ser remanejados. Para manter a acessibilidade serão implantados dois elevadores, um com acesso a avenida e outra com acesso ao mezanino.

Local por onde o novo deverá ser construído. As escadas rolantes do Acesso deverão ser retiradas (Google)

Preço e prazo

A data para a sessão pública, onde as propostas das empresas interessadas serão abertas, está marcada para ocorrer no dia 20 de abril às 10h. O prazo para a execução dos serviços é de 48 meses, sendo 36 meses (3 anos) para as obras propriamente ditas e 12 meses para a operação assistida. Essa prazo passa a valer em até 15 dias da assinatura do contrato e da aprovação do plano de trabalho da empresa contratada.

O valor estimado para as obras é de R$ 67,8 milhões. Na tabela abaixo é possível ver o detalhamento dos valores:

Conclusão

Como é possível ver, as obras de melhoria do fluxo de passageiros na estação Luz não vão se limitar apenas à criação do novo túnel ligando a CPTM até a ViaQuatro, mas também contemplam as melhorias na plataforma central, ampliação e adequação de sanitários além de um acesso totalmente reformado na avenida Casper Líbero.

É necessário considerar a complexidade dessas obras, que serão executadas com a estação em operação. As intervenções são mais do que necessárias e trarão maior fôlego no momento da realização da transferência. Como consequência teremos melhoria no fluxo, maior condição de segurança decorrente da mitigação das aglomerações e uma possível valorização do espaço que poderá comportar mais passageiros.

Provável local de saída do túnel, próximo a Linha de bloqueios da estação da Linha 4 (Diego Silva)

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3 comments
  1. Acho bacana a ideia de querer melhorar o fluxo entre as linhas da CPTM e do Metro, mas não entendo o pq de não conectarem luz e Júlio Prestes por um túnel também

  2. tambem nao consigo entender porque não integrar julio prestes a luz. daria muito mais possibilidades de integração na malha metroferroviaria

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