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Veja como o TIC Sorocaba vai causar mudanças na Linha 8-Diamante

Projeto que prevê compartilhamento de vias deverá interferir diretamente nas estações de maior movimento do ramal. Grande quantidade de desapropriações é um dos riscos mais elevados do projeto

Estação Presidente Altino (Jean Carlos)
Estação Presidente Altino (Jean Carlos)

O Trem Intercidades entre Sorocaba e São Paulo teve seu edital publicado e está na etapa de consulta pública. Dentre os destaques do projeto está o novo traçado que utilizará duas vias.

Apesar das vantagens expostas, o projeto possui pontos críticos e causará interferências indesejadas na operação da Linha 8-Diamante, incluindo a redução da área de estações estratégicas. Nesta matéria, elencamos os principais pontos de cautela.

Desapropriações

Todo projeto ferroviário passa por um processo de desapropriação. Nessa situação, os terrenos de terceiros são reivindicados como de utilidade pública e incluídos dentro da área da concessão.

Em alguns pontos considerados críticos, haverá grande número de desapropriações de residências. Ao todo, o projeto prevê a intervenção em 327 edificações, afetando mais de 750 pessoas.

O processo poderá tornar a construção da nova via um processo extremamente complexo e sujeito a atrasos.

Desapropriações no TIC Sorocaba (SPI)
Desapropriações no TIC Sorocaba (SPI)

Compartilhamento de áreas

Um dos pontos bastante questionáveis é o compartilhamento das vias com a Linha 8-Diamante. O governo, em uma tentativa de economizar recursos, optou pela divisão de áreas com a concessão da ViaMobilidade.

O compartilhamento pode criar alguns problemas. O primeiro deles é o traçado com grande quantidade de curvas, que pode restringir a velocidade dos trens, consequentemente aumentando o tempo de percurso.

Outro ponto não abordado é a perda de uma a duas vias dos trens de passageiros para os trens expressos, o que poderia interferir na operação da ViaMobilidade.

Áreas da Linha 8-Diamante serão compartilhadas (SPI)
Áreas da Linha 8-Diamante serão compartilhadas (SPI)

Estações remanejadas

Um ponto que não foi devidamente abordado é o remanejamento de estações. Um exemplo é Antônio João, que tem um projeto de reforma em fase de concepção.

Com o TIC Sorocaba, a estação deverá mudar de lugar, ficando mais ao sul da parada atual. A estação, que tem plataforma lateral, possivelmente passará a ter plataforma central.

A mudança do escopo do projeto poderá ensejar reequilíbrio financeiro para a ViaMobilidade, que passará a construir uma nova estação em vez de realizar uma reforma.

Estação Antônio João será remanejada (SPI)
Estação Antônio João será remanejada (SPI)

Estações com perda de plataforma

Algumas das estações deverão perder plataformas. É o caso de General Miguel Costa e Comandante Sampaio, que terão uma de suas vias (ao norte) utilizadas pelos trens expressos.

Os casos mais críticos são os de Osasco e Presidente Altino. Em Osasco, estava prevista a construção de uma nova plataforma e uma nova via para a Linha 9-Esmeralda. Segundo o projeto do TIC, agora essa nova área será para a passagem do trem, que não realizará parada no local.

Em Presidente Altino, a situação é ainda mais preocupante, tendo em vista que, das quatro plataformas existentes, apenas duas vão ficar sob gestão da ViaMobilidade. A concessionária deverá operar duas linhas (8-Diamante e 9-Esmeralda) apenas pela plataforma sul.

Outro caso que chama a atenção é a interseção do novo acesso da Estação Imperatriz Leopoldina. As vias deverão passar exatamente pelo local do acesso e deverão desapropriar uma longa faixa de galpões.

Estação Presidente Altino perderá plataforma (SPI)
Estação Presidente Altino perderá plataforma (SPI)

Conclusão

Estes são alguns dos riscos associados ao projeto. Estes pontos sensíveis deverão ser discutidos e debatidos em audiências públicas e em contribuições realizadas pelos participantes.

O projeto do trem regional São Paulo – Sorocaba será leiloado em 2026.

O site está fazendo uma série de matérias sobre o novo trem entre São Paulo e Sorocaba. Veja mais detalhes do projeto nas matérias abaixo:

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9 Comentários

  1. Será que em Presidente Altino e Osasco, não dá para pegar uma parte das avenidas que passam ao lado??

    1. Lado sul virou área residencial. Era área do exército.

      Lado norte já está consolidado residencial há anos. Não tem mais áreas livres. Só prédios.

  2. Na hora que começar a atrapalhar a linha 8 diamante o governo terá que rever certas irresponsabilidades eleitoreiras com esse projeto, porque a linha de maior demanda falará mais alto. O projeto mais caro seguindo quase todo pela Castello branco era o mais correto, mas o governo obviamente continua não tendo palavra e opta pelo errado.

    1. A Castelo não tem mais área lindera para isso, tanto é que a marginal entre Alphaville e Itapevi nem saiu direito, tão comendo parte do morro da entrada da Castelo. E o viaduto está quase pronto, mas as vias não. CCR já tinha errado tentando fazer essa marginal. Se fizesse linha, sei lá. Antes da Marginal da Castelo, talvez seria bom.

      1. A questão é o tic pode ser via elevada, então ainda assim tem como fazer pela castelo, reduzindo 2 faixas só de uma pista enquanto a construção rolar daria super pra fazer

        1. Acho engraçado essa expectativa das pessoas como se os caras vão fazer e pronto. Se fosse para fazer, já teria o feito. Eu moro na região, conheço a anos o visual e a situação. Não é fácil instalar viaduto ali – tanto que a marginal da Castelo no trecho Barueri, eles tão cortando morro ali. Não tem nem mais onde mexer.

          Pessoal tem que acordar e pensar que se fosse para fazer algo nível Japão ou China, Brasil já faria isso faz tempo. O empresariado toma o dinheiro do pedreiro que ganha pouco e arrisca a vida quando não trocam dinheiro por concreto pro cara arrumar a casa dele. Se fossemos mais honestos, teríamos mais e mais coisas.

  3. Este e os outros projetos de TIC estão com a suas engenharias totalmente defasadas, e inadequadas para os dias de hoje.
    Os atuais projetos seriam implantáveis há 40-50 anos atrás, quando as faixas de domínio das vias eram ainda amplas, e nelas ainda caberiam vias paralelas de diferentes serviços. Hoje….não mais!
    As faixas de domínio foram “enxugadas”, e não existem mais aqueles antigos espaços para trilhos duplos adicionais.

    A solução verdadeira e honesta para os quatro “eixos” dos TICs, dentro das áreas urbanas, seriam extensos túneis duplos subterrâneos e/ou combinados com viadutos aonde a topografia o exija.
    Sim, o valor seria astronômico! Mas os grandes projetos e eficientes soluções sempre custaram caro, e não admitem gambiarras.
    Ou se faz bem feito, como deve ser. Ou não se faz!
    Se é para fazer do jeito hoje proposto, então é melhor NÃO FAZER!!!

    1. Exato. Existe uma expectativa de transporte, ao mesmo tempo que a população brasileira já está cansada e calcada nas falhas do empresariado brasileiro. Se o pessoal do TIC quer trabalhar, trabalhem com trilhos compartilhados e quando ver que gerou algo lucro, começa as construções necessárias para melhorias. Não há problemas de ter trilhos compartilhados no primeiro momento, pessoas apenas querem MAIS UMA OPÇÃO para não depender de trânsito nas rodovias ou do monopólio dos ônibus.

      Se eu fosse da liderança do projeto, a prioridade que eu daria era reformar e retificar os trilhos onde realmente precisa reformar (trecho Itapevi – Sorocaba) para fazer a operação interurbana. DEPOIS veria as linhas rápidas e transpasses. Aí estudaria e veria se compensava mais túneis, viadutos, etc… A linha já está ali, algumas coisas não são tão difíceis de retificar.

  4. mais um projeto que não sai do papel..

    se já tenho minhas dúvidas em relação ao tic campinas, imagina esse então ….

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