A CPTM obteve nesta semana a posse definitiva de uma área de 23 mil metros quadrados onde se localiza a estação Brás e o CCO da companhia. A escritura, lavrada em 1867, estava em nome de Irineu Evangelista de Sousa, o conhecido Barão de Mauá (mais tarde Visconde), um empresário gaúcho que ganhou notoriedade por investir no transporte ferroviário no século 19.
Foi o Barão de Mauá que, junto a sócios ingleses, lançou a São Paulo Railway Company ainda nos tempos do Império, cuja estação principal era justamente Brás (Braz na época). Oito anos depois, outra companhia, a Estrada de Ferro do Norte, construiu ao lado a estação do Norte, mais tarde rebatizada como Roosevelt e que compõe a principal atual estrutura de Brás.
Embora a CPTM já utilizasse a área com certa autonomia, fato é que sem a escritura definitiva projetos mais ambiciosos e que envolvam terceiros tornavam-se inviáveis legalmente. Agora, com a titularidade definitiva, a companhia poderá enfim lançar um projeto há muito gestado, o de conceder áreas sem uso para a iniciativa privada.
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“Desta forma, continuamos cumprindo a nossa meta de trazer cada vez mais investimentos que garantam a qualidade de vida dos passageiros da CPTM. Investir na Estação Brás e olhar para o sistema como um todo, dada a importância do local na mobilidade diária dessas pessoas”, afirmou Alexandre Baldy, secretário de Transportes Metropolitanos.
O estudo mais provável a ser licitado em breve é o de um pólo de serviços que incluirá um shopping center voltado ao setor de vestuário e um hotel anexo. A CPTM tem analisado o potencial comercial do terreno há vários anos, pelo menos desde 2015, e chegou à conclusão que esse perfil é o que mais atende ao público que frequenta a região.
Ilustrações desse projeto mostram um empreendimento implantado em paralelo às plataformas, onde hoje existe um estacionamento para funcionários. A estrutura, com acesso ao mezanino da estação, conta com vários edifícios, incluindo uma torre que 14 andares que receberia um hotel, um serviço considerado com baixa oferta no entorno.
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Embora não tenham sido publicadas quaisquer referências dessa futura concessão, é de se esperar uma modelagem semelhante a de outros projetos recentes em que a CPTM recebe uma outorga fixa inicial mediante um compromisso de investimento do parceiro privado. Posteriormente, quando as edificações estiverem prontas, a companhia passará a receber um valor mensal mínimo baseado no faturamento bruto do empreendimento.
Espera-se que essa concessão possa atrair investidores de peso dado o grande potencial comercial – Brás é hoje a estação mais movimentada da CPTM, recebendo nada menos que cinco de suas linhas além da Linha 3-Vermelha do Metrô. No entanto, será preciso encontrar o momento certo de levar à frente essa licitação a fim de não repetir os certames vazios das concessões de São Miguel Paulista e das estações de Mogi das Cruzes.
Com informações de Ferroviando.