Em novo plano, CPTM suprime trecho subterrâneo e levará Linha 13-Jade para o centro

Atual gestão pretende expandir novo ramal de forma mais econômica que estudo original, que estudava estendê-lo até a estação Chácara Klabin
Linha 13-Jade: novos caminhos (Yuri Gabriel/CPTM)

Nos estudos originais da CPTM, a Linha 13-Jade seria um ramal bastante diferente do restante da sua malha. Além da função de servir como meio de transporte para os passageiros que utilizam o Aeroporto de Guarulhos, a linha seguiria até os limites da região metropolitana, em Bonsucesso. Na outra ponta, no entanto, é que estaria a grande novidade, um longo trecho subterrâneo que cruzaria a Zona Leste e terminaria na estação Chácara Klabin, onde hoje se encontram as linhas 2-Verde e 5-Lilás.

Esse cenário evitaria que os usuários acessassem a Linha 3-Vermelha, mas criaria conexões interessantes com as linhas 10-Turquesa e 6-Laranja (hoje a Linha 16-Violeta) na futura estação Parque da Mooca ou São Carlos, onde havia a previsão de um trem regional para Santos. Seria uma alternativa rápida para se chegar ao sul da capital e também a outro aeroporto, Congonhas, com apenas duas baldeações, porém, a gestão Doria mudou de ideia.

Embora tenha mantido praticamente intacto o trecho pós estação Aeroporto Guarulhos, agora a CPTM pretende levar a Linha 13-Jade para o centro. A informação consta do Plano de Negócios da companhia para o período de 2020 a 2025 e disponibilizado juntamente com o Relatório Integrado de 2019. A citação, no entanto, é bastante genérica, apenas afirmando que “a extensão da Linha 13 – Trecho Aeroporto até a região central” faz parte dos empreendimentos em preparação, assim como sua porção leste.

Embora essa intenção já seja conhecida há algum tempo, parecia se tratar de uma solução provisória enquanto não havia recursos para implantar o trecho sudoeste. Desta vez, no entanto, o plano soa como uma ação definitiva, que deverá aproveitar as vias da Linha 12-Safira de forma constante e não em períodos limitados, como ocorre hoje com o serviço Connect. Para isso, a CPTM está contratando serviços para reduzir o intervalo dos trens entre Brás e Engenheiro Goulart para três minutos, o que permitiria serviços alternados entre os dois ramais, por exemplo.

Na prática, seria como tornar-se uma “extensão da Linha 12”, com destino diferente. Como já abordado neste site, linhas metroferroviárias com serviços variados são comuns no exterior e mesmo no Brasil, como no Metrô do Rio. Não há nenhum impedimento técnico em operar trens com destinos finais diferentes desde que se tenha um sistema de sinalização eficiente.

O metrô de Londres, o mais famoso do mundo, exemplifica como nenhum outro essa possibilidade. Em um dos seus trechos mais antigos, nada menos que três linhas compartilham os mesmos trilhos e uma delas com quatro serviços diferentes. Para espanto geral, a sinalização desses ramais é bastante arcaica e que está sendo substituída apenas agora pelo CBTC. Nem por isso, o sistema deixa de funcionar com boa capacidade e regularidade.

Proposta mais barata e rápida para levar a Linha 13 mais perto das principais regiões de SP (clique para ampliar)

Custo menor

A opção por direcionar a Linha 13-Jade para o centro é sobretudo de ordem econômica. Com vias disponíveis, esse trajeto é muito mais simples e barato de ser implementado do que lançar uma obra subterrânea de cerca de 11 km de extensão e que exigiria escavações com tuneladoras de diâmetro mais largo, afinal os trens com catenária da CPTM exigiriam mais espaço. As oito estações dessa etapa também exigiriam plataformas longas, com pouco mais de 200 metros de extensão, que implicariam em construções volumosas.

Ou seja, um custo que facilmente passaria dos R$ 10 bilhões apenas nesse trecho, sem falar no restante da linha e na modernização e capacitação do ramal, que certamente teria que operar com intervalos menores do que os projetados hoje, de elevados 8 minutos (mas que na prática ainda são de 20 minutos).

Para os usuários, no entanto, a Linha 13 permanecerá oferecendo conexões complicadas para outras regiões da cidade, com exceção da futura estação Tiquatira, onde será possível acessar a Linha 2-Verde e com isso chegar a regiões como a avenida Paulista com apenas uma baldeação. Também deverá ser comum chegar à Linha 3-Vermelha em Tatuapé e assim atingir o centro antigo da capital, mas a partir dali algumas viagens exigirão várias baldeações e de curta duração.

Por outro lado, será mais simples ver o ramal chegar com mais trens até Brás num horizonte próximo. Em tese, a CPTM já possui quase todas as vias para isso, restando a modernização da infraestrutura e inserção de mais composições. Certamente à essa altura, a Linha 13-Jade será bem mais atraente que hoje, quando circulam diariamente menos de 20 mil pessoas por ela.

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11 comments
  1. 1 – Linha 15 – sabia-se que era necessário um transporte de alta capacidade e fizeram um monotrilho.
    2 – Linha 17 – Fizeram um monotrilho prevendo o trecho entre SP-Morumbi e Jabaquara, e agora o trecho que passaria por Paraisópolis foi removido do projeto e teremos uma baita estrutura pra percorrer 12 ou 13 km com pouca demanda. Se fosse pra ligar o aeroporto somente, um corredor de onibus era mais que suficiente.
    3 – Linha 13 – Contruiram um modal de alta capacidade, onde um monotrilho atenderia de forma plena. Não há demanda pra esta linha e dificilmente, mesmo com as extensões haverá.
    4 – Linha 18 – Conectar a quarta maior cidade do estado (SBC) com a malha, utilizando-se de um monotrilho já era absurdo, agora trocam por um BRT, que até agora já se passaram nove meses do anúncio e nada de concreto.

    Resumo: O Governo vem colecionando erros e mais erros de planejamento, fazendo politicagem com os projetos e o dinheiro do contribuinte indo pro ralo. Sou a favor que se tenha cada vez mais trilhos na região, mas são projetos caros, demorados, e que não podem ser planejados de qualquer jeito.

    1. 1- L15 tem demanda de 600 mil usuários/dia quando a linha chegar em CiTi com projeção para 2040 e seus trens, atrelados ao número de viagens, conseguem suprir a demanda. Ressalta-se ainda que a ZL tem projeto para outras 3 linhas. Vale lembrar que a L15 era pra ser um sistema BRT…
      2- Concordo plenamente, mesmo sabendo que a L17 serve como ponto de integração, o que modificaria o fluxo entre as Linhas 1/2/5/9.
      3- O projeto original da L13 era um monotrilho, que depois virou um trem expresso e hoje é o que é, mas também concordo em partes.
      4- Ninguém precisa lembrar disso.

      1. a linha 15 surgiu como fura-fila, projeto de uma linha de VLP (veiculo leve sob pneu) ligando pq. dom pedro ii à cidade tiradentes, promessa de campanha do ex-pref. celso pita, que nao saiu do papel. na gestao da marta suplicy, foi feito o expresso tiradentes no trecho entre term. mercado e vila prudente. na gestao josé serra, ao inves de continuar o corredor , foi transferido o projeto ao estado que o transformou em monotrilho da linha 15. confesso que nao sei o que é melhor, ter mantido o corredor ou substitudio pelo monotrilho no trecho v. prudente cid tiradentes.

        sobre a linha 13, desde que ouvi falar, sempre foi trem e nao monotrilho. ela constava nos mapas da CPTM como projetos futuros e o nome era expresso aeroporto e sairia do bras. na mesma epoca, se falava tambem na integraçao centro, um pequeno ramal ligando barra funda, luz e bras. até chegou a rodar na epoca, com trens da siemens, mas acabou nao vingando.

        sobre a linha 18, nao sei a demanda estimada, mas eu acho q deveria ser trem ou metrô. de BRT a regiao do ABCDM já tem

    2. Concordo com esta mudança proposta, pois é mais coerente se levar para o centro unificando com a linha 12-Safira de forma permanente do aquela diretriz.

      Com relação a Linha 5-Lilás no novo plano diretor já está definido que será estendida assim como a Linha 15-Prata para a nova Estação Ipiranga da CPTM Linha 10-Turquesa.

    3. O Wellington conseguiu contrariar todos os estudos existentes de demanda (que são públicos e acessíveis a todos nos sites do governo), será que ele sabe mais do que todo mundo que elabora esses estudos?

      Se sabe, então está perdendo tempo e dinheiro aqui, deveria abrir uma empresa de consultoria e colocar em prática “tamanha sabedoria”.

      1. Ivo, uma pena esses estudos não refletirem a realidade das obras.
        Toda vez você aparece aqui dizendo que os projetos não podem ser questionados, pois algum ser superior fez um estudo à prova de falhas.
        Isso me parece um pouco de obsessão política, e sinceramente, não tenho nenhum compromisso com o governo para sair por aí aplaudindo projetos com resultados ruins.

  2. Poderiam fazer uma extensão subterrânea da linha 13 da Estação Brás até a Estação Brigadeiro, por cerca de 4 Km em linha quase reta, com estações na Radial Leste, Glicério, São Joaquim e Brigadeiro. Seria um “atalho” tanto pra se chegar à Paulista como para levar os turistas de negócios até Cumbica.

      1. Creio que a linha 13 na minha opinião fará sua parada na futura estação Pari e não na Luz, assim conectando com a linha 19 do metrô e 7 e 11 da CPTM.

  3. Sempre fui favoravel aqui a projetos mais simples e de menor custo ! Pandemia que esta ai vai gerar um enorme buraco financeiro, nao somente na CPTM e METRO, mas em todos os estados e municipios ! entao eh tempo de projetos de menor custo ! tambem vejo que a linha 13 eh super importante e, pode sim chegar a mais de 100,000 pax/dia, quando integrada com a linha verde do Metro e, muito mais que isto, quando chegar a estaçao Tatuape integrando com outras linhas do METRO !

  4. na verdade fizeram o obvio. é muito mais facil e barato a modernizaçao da linha 12 no trecho bras – eng. goulart para compartilhar a linha 13, do que um ramal subterraneo que vai parar em chacara klabin

    alias, eu já falei isso outras vezes, fala-se muito em criar novas linhas, mas fala-se pouco em capacitar as linhas existentes para receber um fluxo muito maior de usuarios. a cidade de SP criou uma mentalidade muito forte com metrô e muito fraca com o trem de suburbio. na zona leste, o fluxo de onibus é boa parte pro metrô ou para o centro . nao se vê um fluxo direcionado para a CPTM, talvez a exceção seja guaianazes. isso porque nem estou falando de uma integraçao total tarifaria entre os modais.

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