Entenda como serão as obras na estação Luz e que incluem um acesso a Sala São Paulo

Além da ligação com a Sala São Paulo, obras também preveem a construção de uma passarela e ampliação da plataforma central.
Ligação com a Sala São Paulo visa aproximar bens culturais (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

Não é de hoje que a estação da Luz é uma das paradas mais emblemáticas e de maior valor histórico para a CPTM. São muitos os fatores que fazem desse local um ponto chave do sistema ferroviário paulista. Desde a sua concepção, quando a estação atual foi inaugurada no ano de 1910, tornando-se um dos principais cartões postais da cidade, até o final do século XX, quando as linhas metroviárias se integraram a ela.

Passados mais de 110 anos, a estação está mais viva do que nunca e urge por mudanças que visem adaptá-la sem retirar seu valor histórico, tendo em vista um novo momento onde a acessibilidade é foco permanente. Mais do que facilitar o acesso aos principais pontos turísticos da cidade, a promoção da acessibilidade geral para os passageiros com mobilidade reduzida é um dos pontos altos do projeto lançado pela CPTM para readequar parte da famosa “gare”.

Para tanto, devemos entender de forma detalhada quais são os trabalhos em curso na estação Luz e desmistificar a “lenda urbana” do túnel de integração entre Luz e Júlio Prestes.

Passarela para a Praça da Luz

A primeira das intervenções propostas para a estação Luz é a criação de uma passarela provisória que fará a ligação entre a plataforma central (Lado Barra Funda) até calçada próxima ao Parque da Luz. Segundo a CPTM, a premissa do projeto é criar um quarto passadiço externo a gare da estação.

A passarela deverá ser construída com material metálico. Deverá conter um bloco para escadas na plataforma central e o passadiço que passará por parte da plataforma central, as vias 3 e 4 da Linha 11-Coral, plataforma 4 e o prédio do antigo CCO Luz. No projeto é exposto que o passadiço deverá vencer o vão entre o prédio do CCO até a calçada no lado externo da estação Luz.

O projeto como um todo deverá seguir todas as normas vigentes de acessibilidade. Deverá também conter toda a infraestrutura de iluminação, sistema de sonorização e vídeo monitoramento digital como forma de manter a segurança do local. Vale citar que também será necessário mão de obra especializada para que seja feita a remoção de tijolos de alvenaria da estação Luz próximo a saída da Praça da Luz. Esses tijolos serão conservados e recompostos em momento oportuno.

A vantagem da obra é proporcionar ao passageiro uma saída rápida e eficiente para a Praça da Luz e suas adjacências. Atualmente o passageiro precisa percorrer uma grande distância necessitando descer até o saguão subterrâneo, sair pelos bloqueios existentes e subir novamente para finalmente chegar à Praça da Luz.

Adequações na plataforma central

Além da passarela que será construída no lado oeste (Barra Funda) também estão previstas melhorias para viabilizar o uso da plataforma no lado leste da estação (Brás). A extensão adicional terá cerca de 70 metros e uma área útil de 690m².

Para que essa parte da plataforma possa atender aos trens, será necessário intervenções civis para a regularização da largura e altura da plataforma, instalação de sistemas de iluminação, sonorização e vídeo vigilância. As interferências deverão ser mapeadas de forma que a obra possa causar o mínimo impacto. Por fim, deverá ser feita limpeza e reestruturação da área próxima ao Viaduto Tiradentes, local onde ficavam os antigos sanitários da estação e que já foram demolidos.

A vantagem da extensão da plataforma é a possibilidade de melhorar o desembarque dos passageiros com uma área útil maior. Entretanto há de se questionar a necessidade desse tipo de intervenção, uma vez que a plataforma central da estação Luz é suficientemente comprida e consegue atender plenamente a qualquer tipo de trem da CPTM. Outro ponto a se destacar é uma possível ausência de cobertura contra chuva que não está contemplada no projeto inicial, uma vez que a área em questão é praticamente aberta.

Ligação entre Luz e a Sala São Paulo

Uma das partes mais curiosas do projeto é a ligação entre a estação Luz e a Sala São Paulo, uma sala de concertos e apresentações musicias localizada na estação vizinha Júlio Prestes. É necessário entender bem o que essa ligação representa antes de imaginar que o sonho de uma integração física e tarifária irá se concretizar.

A justificativa da CPTM para a criação dessa ligação leva em conta a proximidade dos bens de caráter histórico tendo como premissa aproximar os passageiros da estação Luz da Sala São Paulo e vice-versa, de forma que esses também possam interagir com bens culturais como o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca.

Tento em vista que essa ligação tem viés mais voltado à integração cultural entre os locais do que a integração de mobilidade, com a livre transferência entre as linhas, é possível entender o escopo do projeto proposto.

Sem túnel, nem integração

A ligação entre a estação Luz e a Sala São Paulo não será feita em túnel. Para que os passageiros possam acessar o novo ambiente a CPTM propôs uma solução que cabe dentro da justificativa de aproximar os bens culturais que é a criação de um corredor entre os dois ambientes.

Para isso será utilizado o prolongamento da plataforma 1 (sentido Jundiaí) como o caminho para esse corredor. A nova passagem deverá receber estruturas metálicas, cobertura em vidro, assim como um muro sem vedação vertical. Deverá passar sob o viaduto General Couto de Magalhães e prosseguir até o estacionamento da Sala São Paulo. Neste ponto deverão ser construídas estruturas compostas por escadarias e um elevador panorâmico para vencer o desnível entre a cota da plataforma e do estacionamento.

A ligação terá extensão de aproximadamente 225 metros e utilizará uma área que hoje não tem mais função. Antigamente a extensão da plataforma era utilizada para trens de passageiros de longo percurso e para os trens da interpenetração, operação onde as composições da Linha Oeste (atual 8-Diamante) atendiam a estação Luz ainda no período Fepasa.

Prazo e valor

A empresa que será responsável por executar todas as obras será a Construmax Construções e Empreendimentos EIRELI EPP. O prazo do contrato é de 24 meses, divididos em 12 meses para obras e outros 12 meses para a operação assistida. O valor do investimento foi 17,52% inferior ao orçamento da CPTM ficando na ordem de R$ 11.246.924,00.

Conclusão

A estação Luz está passando por uma fase de transformações. Apesar de suas históricas mudanças ao longo do tempo, como a criação da plataforma central, acessos pelas passarelas das estações e criação do saguão subterrâneo, a centenária parada vem registrando um número cada vez maior de passageiros. Essa grande quantidade de pessoas precisa ser bem atendida, sobretudo aqueles que possuem mobilidade reduzida.

O grande destaque, que para muitos será motivo de frustração, é a ligação entre Luz e Sala São Paulo. Ela não se trata de uma ligação física e tarifária entre Luz e Júlio Prestes, mas apenas um corredor que visa ligar dois importantes pontos de cultura na região central da cidade de São Paulo.

Há de se destacar que existe projeto para um túnel na estação Luz em curso, mas ele fará a ligação entre a CPTM e a Linha 4-Amarela. A ligação em túnel entre Luz e Júlio Prestes esbarra em uma série de questões que inviabilizam e encarecem seu preço. Podemos elencar o fato de ser uma obra subterrânea, o que exige um complexo projeto de engenharia, o fato de ligar duas estações tombadas e de importante valor histórico dificulta a implantação da ideia, uma vez que esse tipo de intervenção é extremamente agressiva ao patrimônio e necessitaria de muitos estudos e restrições para ser aprovada.

A realidade é que uma integração entre as duas estações está muito longe de acontecer. Apesar de várias ideias surgirem nesse sentido, inclusive uma que tem como pauta a construção de uma nova estação Luz, é ainda um sonho distante da nossa realidade. O foco agora é melhorar o serviço existente focando esforço e trabalho nas áreas mais defasadas da empresa.

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
6 comments
  1. Gostei bastante da matéria, é possivel usar este acesso a Sala São Paulo para reduzir o tamanho do túnel necessário a ligação com a estação Júlio Prestes?

  2. Olá Sr. Jean e amigos participantes
    Muito mais fácil seria revitalizar aquela area, mais infelizmente os “noias” da cracolândia estão se
    tornando cada vez mais agressivos e perigosos . Faz algum tempo que estou evitando os arredores
    tanto a Luz como da Julio Prestes , antes os caras estavam ali em frente a Julio Prestes, agora
    estão por todo lado e atacando em bando. Aos comerciantes e trabalhadores daquelas areas fica
    aqui a minha solidariedade. Fiquem bem e cuidem-se contra tudo e todos.
    Gilberto JV-TS

  3. Nossa, é muita vantagem…..criar uma saída exclusiva para um parque tomado por prostituição…e aumentar a extensão da plataforma central, que vai beneficiar o que mesmo ???

  4. com certeza uma obra ligando luz a julio prestes nao é simples, pois alem da construçao em si tem o aspecto de ser patrimonio historico.

    mas do ponto de vista operacional, será que nao valia a pena?

    se for pensar o custo que é manter a estaçao julio prestes aberta, o custo de manter o trecho entre julio prestes e barra funda operacional, e a grande demanda do trecho entre barra funda e luz na linha 7, assim como quem opta pelo metrô e poderia usar a linha 8, talvez acabe tendo bom custo beneficio.

  5. Podiam aproveitar a obra pra remover os muros da Av. Tiradentes que acabam com a vista da estação.

Comments are closed.

Previous Post

Começam demolições para construção da estação Perdizes da Linha 6

Next Post

Julgamento do caso BYD- Signalling está marcado para o dia 24 de maio

Related Posts