Para leigos (como este jornalista que aqui escreve) observar o avanço das obras de linhas subterrâneas é muitas vezes um exercício de adivinhação. Em certas situações, acompanhamos os trabalhos sem entender de fato se o ritmo é bom ou ruim, embora com o tempo ganhemos algum conhecimento a ponto de arriscar alguns palpites.
Pois um canteiro de obras da extensão da Linha 2-Verde tem chamado a atenção nos últimos meses pelo fato de que, a despeito de trabalhos intensos, nenhum caminhão de terra deixa o local. Estamos falando da futura estação Anália Franco, talvez a mais complexa do trecho de oito paradas atualmente em construção.
As obras no local foram uma das primeiras a serem iniciadas pelo Metrô, mas desde então máquinas, veículos e funcionários trabalham com afinco sem que a esperada vala onde ficará a estação surja.
O canal iTechdrones, parceiro do site, sobrevoou o imenso canteiro ao lado do Shopping Anália Franco há cerca de um mês e o cenário era parecido com outros meses. O solo marcado pela movimentação dos equipamentos, mas nem sinal da estação.
Por outro lado, nesta semana, o presidente do Metrô, Silvani Pereira, compartilhou imagens da estação Guilherme Giorgi, parte da segunda fase de expansão, e que começou a ser construída bem depois. Para espanto geral, a vala do corpo principal já começa a aparecer após o início das escavações (abaixo).

Método invertido
Afinal, o que explica esse descompasso? Estará o consórcio responsável por Anália Franco trabalhando lentamente? O site tentou buscar informações e descobriu que a estação está sendo construída pelo método de VCA invertido, ou seja, em vez de uma vala a céu aberto (VCA), como Guilherme Giorgi, Anália Franco está sendo construída de “baixo para cima”.
Em outras palavras, o corpo da estação primeiro recebeu as paredes diafragmas e agora está passando pela inserção das colunas de sustentação. Provavelmente, o próximo passo será concretar a cobertura da vala, já na superfície. Só então as escavações começarão e nesse caso devem avançar com rapidez já que a estrutura estará mais consolidada do que ocorre em outros métodos.

Vale lembrar que a Acciona, responsável pela Linha 6-Laranja, usou a mesma estratégia em Santa Marina e hoje a obra está muito adiantada. Outro ponto a destacar é que Anália Franco também inclui as plataformas da futura Linha 16-Violeta, que passarão por baixo da Linha 2-Verde.
O mais importante é que, a despeito da aparente lentidão, há etapas mais complexas e preocupantes na expansão de 8 km da Linha 2, como a chegada do tatuzão e a preparação do Complexo Rapadura. Além, é claro, do imbróglio que envolve o financiamento do projeto.
