Até um ano atrás, a Linha 4-Amarela era o único ramal metroviário operado pela iniciativa privada em São Paulo e, por mais importante que já fosse, ela possuía uma participação relativamente pequena no total de passageiros transportados diariamente no sistema. Mas essa situação tem mudado desde então e deve se ampliar assim que o governo repassar para a concessionária ViaMobilidade a Linha 15-Prata do monotrilho.
O contrato deve ser assinado em breve, quando então passará a contar o período de transição, o que deve fazer com que a Linha 15 seja assumida para valer entre o final de 2019 e início de 2020. Quando isso ocorrer é bastante provável que um em cada três passageiros que circulam pelas linhas de metrô na cidade esteja a bordo de um trem operado pela iniciativa privada – hoje essa proporção é de um para cada quatro usuários embarcados.
Estamos falando de pelo menos 1,5 milhão de usuários por dia que embarcarão em estações das linhas 4-Amarela, 5-Lilás e 15-Prata, as três concedidas para empresas privadas e que têm a CCR como sócia.
E essa proporção poderá chegar a ser a metade caso o governo do estado consiga levar em frente a Linha 6-Laranja e decida manter o monotrilho como modal na Linha 18-Bronze, dois projetos pensados como PPP (Parceria Público-Privada).
Espaço para crescer
A presença cada vez maior do capital privado na operação das linhas de metrô em São Paulo ficou bastante evidente durante a greve geral promovida pelo Sindicato dos Metroviários na sexta-feira (14). Enquanto o Metrô precisou acionar um plano emergencial para operar trechos estratégicos das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha as concessionárias ViaQuatro e ViaMobilidade não tiveram problemas em manter as linhas 4-Amarela e 5-Lilás em funcionamento pleno durante todo o dia – a Linha 15-Prata permaneceu fechada.

Embora reúnam pouco mais de 30 km dos 96 km de extensão das seis linhas de metrô, os ramais concedidos já respondem por uma grande parcela dos passageiros transportados. A campeã nesse quesito é a Linha 4-Amarela que tem um movimento em dias úteis acima de 800 mil passageiros. Já a Linha 5-Lilás, concedida em 2018 e hoje com 17 estações, está perto de atingir um movimento diário de 600 mil usuários. Em comum, as duas linhas cresceram mais que as três linhas “estatais” 1, 2 e 3.
A recordista em aumento de demanda é a Linha 15 que em maio bateu na casa de 73 mil usuários diários, quase o dobro de janeiro. O ramal deverá ganhar mais quatro estações até o final do ano e com isso a média diária deverá subir bastante. A expectativa do governo é que 350 mil pessoas circulem pelo trecho entre Vila Prudente e São Mateus, um carregamento bastante elevado para uma linha relativamente curta.
Apesar do crescimento da demanda, as linhas privadas ainda não se aproximam do imenso movimento registrado nos dois ramais iniciais do Metrô. Se a Linha 3 perdeu o posto de mais movimentada da rede e está praticamente no limite de oferta por enquanto, a Linha 1 teve um pequeno aumento em seus números desde a interligação com a Linha 5-Lilás. Ambas beiram 1,5 milhão de pasageiros transportados por dia, um patamar que nem a Linha 4 e nem a Linha 5 deverão atingir um dia. Mas há espaço para as duas crescerem. A linha Amarela deve chegar a 1 milhão de usuários quando Vila Sônia estiver operando e a linha Lilás pode se aproximar da marca de 900 mil passageiros quando o monotrilho da Linha 17 for inaugurado.