Metrô de São Paulo chega aos 50 anos perto de atingir 100 km de extensão

Viagem inaugural do Metrô em 1974
Viagem inaugural do Metrô em 1974

Perto de outros sistemas como o londrino ou nova-iorquino, o Metrô de São Paulo é um “jovem”: completa nesta terça-feira (24) 50 anos de sua criação – os dois metrôs no exterior abriram suas portas em 1863 e 1904, respectivamente, enquanto o pioneiro no Brasil, em setembro de 1974.

A data está sendo comemorada com eventos em várias estações e até a introdução de um novo uniforme para os metroviários, na cor azul turquesa. Na estação Sé, uma réplica de um vagão da Frota A, a primeira do Metrô e que saiu de cena recentemente, ficará exposta para mostrar como eram os primeiros trens da empresa.

O Metrô paulista entra na sua 5ª década cheio de desafios, no entanto. Nesse período, a rede chegou a 90 km de extensão apenas – a marca de 100 km deve ser atingida em 2018. Isso significa uma média anual de menos de 2 km de crescimento, o que faria, por exemplo, a rede chegar aos 300 km apenas em 2120 aproximadamente.

Hoje as seis linhas existentes transportam cerca de 5 milhões de passageiros (contando com a Via Quatro que opera a linha 4), um número que faz do sistema um dos mais movimentos do mundo a despeito da extensão. É um volume muito próximo ao do metrô de Nova York mas com apenas 79 estações contra 472 do sistema americano.

Dinheiro sumiu

Apesar do aumento nas falhas nos últimos anos, o Metrô ainda goza de uma imagem de eficiência perante à população, como mostram pesquisas recentes em que ele é apontado como o melhor transporte da capital. No entanto, a conscientização de que a mobilidade urbana passa hoje por uma malha mais densa de trilhos tem colocado pressão na empresa que sofre para ampliar suas linhas no ritmo necessário.

Desde o início do século, os sucessivos governadores (todos do PSDB) têm divulgado planos ousados e lançados projetos variados, mas o ritmo continua lento. Apenas este ano deve ver uma expansão maior da rede com a conclusão da Linha 5-Lilás, três estações da Linha 4 e oito novas paradas do monotrilho da Linha 15.

Em compensação, outros projetos se não estão parados encontram-se num ritmo lento. A Linha 17, na Zona Sul, tem previsão de entrega no final de 2019, mas suas obras estão andando devagar sem falar em trechos que não foram concluídos e no trem malaio que será usado, ainda longe do Brasil.

As linhas 2 e 18, por exemplo, foram licitadas, mas não há dinheiro para tocá-las. A expansão da Linha Verde até Guarulhos já tem terrenos limpos, porém, o governo deixou para a próxima gestão o que fazer com ela. Já o monotrilho do ABC depende de um empréstimo que a atual gestão França tenta conseguir entre bancos estrangeiros e brasileiros.

A situação mais complicada é mesmo da Linha 6-Laranja. Primeira PPP plena do setor metroviário, ela está parada desde 2016 porque o consórcio vencedor abandonou as obras por falta de dinheiro. Depois de passar meses esperando uma solução, o governo decidiu rescindir o contrato. A linha, que era para começar a ser entregue este ano, deve ficar para a segunda metade da próxima década.

Se nas suas primeiras décadas de funcionamento, o Metrô era um transporte central e restrito a algumas regiões, com o advento do bilhete único e a recapacitação da CPTM, a companhia de trens metropolitanos, as linhas da empresa tornaram-se atrativas para milhões de usuários que hoje superlotam vários trechos como o da Linha 3-Vermelha – só ela transporta mais de um milhão de pessoas por dia.

Visão ampla

Lidar com essa demanda exigiria enormes investimentos e sobretudo um planejamento de longo prazo que não fosse vítima de interferências eleitoreiras. Mas o que se vê na prática é que a empresa, assim como qualquer órgão público de todas as esferas, têm sérias dificuldades de ser eficiente. Não é à toa que nesses 50 anos, a Companhia do Metrô de São Paulo, seu nome oficial, esteja prestes a perder boa parte de suas linhas. Além das linhas 5 e 17, já leiloadas para a concessionária Via Mobilidade, em junho a Linha 15 também será repassada. E há a intenção de tornar a extensão da Linha 2 uma PPP também.

Seja qual for o cenário para os próximos 50 anos, fato é que o Metrô de São Paulo precisará acelerar seu crescimento e priorizar linhas e trechos que consigam distribuir o fluxo de passageiros de maneira mais organizada e eficiente. A empresa, nascida municipal e depois repassada ao estado, tem um papel que vai além de operar os trens. É ela que melhor entende as necessidades de transporte na região metropolitana e quem deveria ser ouvida em qualquer planejamento e modal. Difícil imaginar a Grande São Paulo sem o Metrô nessas cinco décadas, mesmo que longe do ideal.

 

 

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