Metrô de São Paulo só investiu 23% do orçamento das obras de expansão até junho

Estação Vila Sônia: Metrô não tem conseguido utilizar recursos para expandir rede (Gilberto Alonso)

Mesmo com um orçamento de R$ 2 bilhões para serem utilizados na expansão de sua malha em 2020, o Metrô de São Paulo não conseguiu empregar nem metade do esperado para o primeiro semestre. Segundo dados da companhia, até junho apenas R$ 467,3 milhões haviam sido “realizados” nas obras, ou 23% dos recursos disponíveis.

A companhia trabalha em seis empreendimentos neste ano, de acordo com o relatório. São elas as linhas 2-Verde (expansão até Penha), 4-Amarela (Fase 2 até Vila Sônia), 5-Lilás, 15-Prata, 17-Ouro e 19-Celeste. Destas, a que mais teve recursos destinados é o monotrilho da Linha 17, com R$ 530, 2 milhões, mas que na prática é justamente a que menos consumiu seu orçamento, com apenas 7% realizado.

Certamente esse baixo percentual envolve os embargos na Justiça em relação às obras civis remanescentes e de sistemas, que ainda não foram iniciadas, como previsto. Os dois contratos, com a Constran e a BYD, chegaram a ser assinados, mas logo suspensos por concorrentes na 2ª instância do Tribunal de Justiça de SP. Enquanto a Coesa teve ganho de causa em julho, mas aguarda posicionamento do Metrô, a Signalling ainda terá seu recurso analisado e julgado até o final deste ano. Enquanto isso não ocorre, há pouco a fazer no ramal. Apenas a Camargo Correa finaliza a estação Morumbi e o consórcio TIDP realiza alguns trabalhos pontuais nas demais estações e pátio.

O projeto que mais se aproximou da meta do orçamento foi outro monotrilho, a Linha 15, que teve 36% do seu orçamento de R$ 292,3 milhões realizado até junho. Nesse caso, há obras em curso na estação Jardim Colonial e também na extensão das vias, mas que tiveram uma breve interrupção nos últimos dias. Em outra frente que está com as obras na reta final, a estação Vila Sônia, da Linha 4, o avanço foi de 33% sobre um orçamento de R$ 391 milhões.

A aguardada extensão da Linha 2-Verde até a Penha, com mais oito estações, no entanto, ainda não embalou. Foram utilizados apenas R$ 48 milhões dos R$ 347 milhões disponíveis pelo governo, ou 14% desse total. O projeto é estimado em R$ 5,5 bilhões na sua primeira fase, mas a gestão Doria espera contar com um financiamento externo para viabilizar as obras nos próximos anos. A autorização para o empréstimo, entretanto, aguarda aprovação do Cofiex, órgão do governo federal.

Obras da estação Morumbi da Linha 17: ramal é o que tem o maior orçamento, mas consumiu apenas 7% dos recursos (CMSP)

Ainda constam da lista do Metrô a expansão da Linha 5-Lilás, com orçamento de R$ 130,7 milhões, mas que teve apenas R$ 37,4 milhões utilizados (29%) possivelmente na instalação das portas de plataforma, e as licitações de projeto básico e sondagens da Linha 19-Celeste.

O ramal que irá atender Guarulhos e parte da Zona Norte da capital recebeu provisão de R$ 47,8 milhões neste ano, mas somente R$ 310 mil foram utilizados pelo Metrô no primeiro semestre. Há ainda um modesto valor de R$ 2,8 milhões elaborar projetos de expansão e que devem incluir as licitações da Linha 20-Rosa, mas que não tiveram um centavo despendido até aqui.

Portas de plataforma em ritmo lento

Além da expansão da rede, o Metrô possui R$ 53 milhões para serem utilizados na modernização das linhas 1, 2 e 3, sobretudo no projeto de sinalização CBTC e portas de plataforma. Mas também nesse caso a companhia não conseguiu avançar como esperado. A Linha 2-Verde, com 30%, e a Linha 3-Vermelha, com 27%, foram as que mais utilizaram os recursos, enquanto a Linha 1-Azul mal realizou um décimo dos quase R$ 34 milhões disponíveis.

Como mostrou o site recentemente, o Metrô de São Paulo passa por uma crise financeira sem precedentes. Os números atualizados até julho já mostram um prejuízo acumulado de mais de R$ 1 bilhão e nem as medidas de contenção estão conseguindo estancar os resultados negativos até aqui por conta da demanda muito inferior ao esperado. Porém, a expansão e modernização das linhas envolve dinheiro do estado já que a companhia não possui geração de caixa para financiar esses projetos.

Embora alguns empreendimentos estejam sendo afetados por problemas externos não se sabe porque nenhum conseguiu cumprir o planejado. O site enviou questionamento à companhia e atualizará a nota caso receba uma resposta.

Linha 3-Vemelha: modernização do ramal em ritmo lento (CMSP)
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