Metrô estuda nova linha para a Zona Leste

Menos trens circulando em São Paulo a partir desta quarta-feira (CMSP)

Uma das regiões mais carentes de transporte público na cidade de São Paulo, a Zona Leste deverá ganhar num futuro ainda impreciso sua quarta linha de metrô. Segundo apurou o site, o Metrô estuda uma nova linha subterrânea que ligaria a região de Cidade Líder aos Jardins. Trata-se da Linha 16-Violeta, que já constou de outros planejamentos, mas que agora teve seu percurso alterado para assumir parte da Linha 6-Laranja na sua porção leste.

De acordo com dados que o site reuniu nos últimos meses, a Linha 16 deverá partir da região de Cidade Líder, passar pelo populoso bairro de Aricanduva, seguir próximo à Vila Formosa, cruzar a Água Rasa e chegar até a região da Mooca (veja mapa aproximado). Ali ela fará conexão com a Linha 10-Turquesa da CPTM na futura estação Parque da Mooca – cotada para ser terminal de trens regionais que partirão no sentido de Santos.

Após cruzar a linha da CPTM, a Violeta passará pelas avenidas Dom Pedro I e Lins de Vasconcelos. Até aqui, o roteiro é semelhante ao da Linha 6-Laranja, mas é quando os trens seguirão mais para o sul, passando perto do Parque da Aclimação e seguindo na direção da estação Paraíso. Isso mesmo, a movimentada parada que une as linhas 1 e 2 ganharia mais um ramal. No entanto, essa hipotética estação ficaria do outro lado da avenida 23 de Maio e não na mesma estrutura da atual.

Em sua parte final, a Linha 16-Violeta surpreende por seguir por uma região de alto poder aquisitivo e que não costuma deixar o carro em casa para usar transporte público. Do Paraíso a linha desceria sentido o Ginásio do Ibirapuera quando tomaria o rumo paralelo à Paulista na altura da Alameda Lorena aproximadamente. Ela cruzaria as avenidas Brigadeiro Luiz Antonio, 9 de Julho e a rua Augusta para acabar ao lado da estação Oscar Freire, da Linha 4-Amarela, onde haveria uma nova conexão.

Rede em mutação

Antes que vocês leitores possam se empolgar com essa possibilidade é preciso frisar que os estudos do Metrô evoluem constantemente e como a janela de construção dessas linhas é demorada nada garante que esse traçado da Linha 16 será de fato utilizado no futuro. Ainda assim é interessante analisá-lo para compreender a dinâmica da região metropolitana.

A opção por desmembrar esse trecho da Linha 6 pode ter ocorrido depois que o governo do estado decidiu concedê-la no formato de PPP (Parceria Público-Privada). Como apenas o trecho São Joaquim-Brasilândia foi licitado haveria um problema caso fosse decidido prolongar o ramal até Cidade Líder. Fazer outra linha chegando à São Joaquim talvez tornasse as baldeações terríveis numa estação que nunca foi pensada para isso.

Ao seguir para Paraíso, a Linha 16 aliviaria outras linhas como a 2, com quem deve cruzar na futura estação Anália Franco, além de levar os passageiros para a Linha 1 e também Linha 4. Num futuro distante, ela também encontrará com a Linha 19-Celeste (que irá de Campo Belo até Guarulhos) na altura da avenida Brigadeiro Luiz Antonio. Outra linha, no caso da CPTM, que cruzará com a Violeta é a 13-Jade, recentemente inaugurada. Ela também tem previsão de chegar até a estação Parque da Mooca.

O possível traçado da Linha 16-Violeta

Região carente de transporte

A Zona Leste é hoje um imenso problema de mobilidade. Como região majoritariamente “dormitório”, seus moradores acabam precisando se deslocar para lugares afastados em busca de empregos ou serviços inexistentes em seu entorno. Segundo estudo da Fundação SEADE, os postos de trabalho formal equivalem a apenas 23% do total de empregados residentes ali. Ou seja, três quartos da população ativa precisa sair da Zona Leste para chegar ao seu emprego.

É por essa razão que temos hoje nada menos do que três linhas de média para alta capacidade na região e que sofrem para dar conta da demanda. Até mesmo o monotrilho, um modal de média capacidade, terá uma dura tarefa de transportar cerca de 400 mil pessoas por dia quando estiver em funcionamento pleno.

Ou seja, a Linha 16 teria potencial de tirar parte dos usuários das linhas 3, 11, 12 e 15 além do sistema de ônibus da região. Um traçado aparentemente mais produtivo do que o anterior, que apareceu em mapas futuros da rede saindo da Zona Norte (Vila Cachoeirinha) com destino final em Ipiranga.

Horizonte distante

Caso um dia a Linha 16 saia do papel, a região da Zona Leste terá então quatro linhas de metrô além de pelo menos três da CPTM. Hoje a mais movimentada linha do Metrô está lá, a Linha 3-Vermelha. Desde 2014 também temos o monotrilho da Linha 15 que apenas agora terá uma extensão e capacidade significativa. A terceira linha de metrô a cruzar a região é a Linha 2-Verde. O prolongamento até Guarulhos deve ser uma das prioridades do próximo governador – a obra está licitada e com os terrenos quase todos desapropriados.

No entanto, a Linha 16 certamente está nas últimas posições da fila do Metrô. Hoje, além da extensão da Linha 2, o Metrô deve assumir as obras da Linha 6 além de concluir as linhas 15, 17, 4 e 5. Há também o monotrilho da Linha 18 aguardando recursos para desapropriações.

Quando todas essas linhas estiverem concluídas ou encaminhadas, o governo do estado deverá decidir quais serão as próximas obras. Entre as que têm o projeto mais adiantado estão as linhas 19, 20 e 22. Ou seja, a não ser que esta nova linha se mostre mais prioritária (o que não é difícil), seu horizonte está ainda bastante distante. Até lá, quem sabe ela não entre para o rol dos traçados que não saíram do papel.

Veja também: Veja como será a nova estação Chácara Klabin da Linha 5

Monotrilho da Linha 15: com linha 16, Zona Leste pode ter quatro linhas de metrô no futuro
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