Pouco mais de 11 anos após a polêmica sobre a recusa de parte dos moradores de Higienópolis à Linha 6-Laranja do Metrô, as obras da futura estação FAAP-Pacaembu estão prestes a serem iniciadas.
A Acciona e a LinhaUni, concessionária que operará o ramal de 15,3 km, anunciaram o início das interdições no entorno dos terrenos onde será construída a nova parada.
A partir de domingo (24) os trechos das ruas Avaré, nº 546, e Sergipe, entre os números 799 e 755 serão completamente interditadas. Já as ruas Ceará, entre os nº 114 e 184, e Bahia, entre os números 430 e 388, terão uma parte das pistas bloqueada em frente ao canteiro de obras.
A CET também fará mudanças nos sentidos das seguintes ruas:
– Rua Avaré (passará a ser mão dupla em toda a rua).
– Rua Ceará (passará a ser mão única, sentido Rua Pará em toda a rua).
– Rua Sergipe (passará a ser mão dupla entre as Ruas Ceará e Bahia).
– Rua Bahia (passará a ser mão única, sentido Rua Piauí entre as Ruas Pará e Piauí).
A previsão é que as interdições se prolonguem até setembro de 2025, um mês antes da inauguração da Linha 6, segundo a Acciona.
No último domingo (17), a empresa já havia interditado a rua João Ramalho, entre os números 563 e 607, para obras do VSE João Ramalho.
Os terrenos desapropriados já se encontram limpos há anos, mas a antiga concessionária não chegou a iniciar qualquer obra.

Rejeição ao Metrô
Originalmente chamada de Angélica-Pacaembu, a estação deveria ser construída num terreno da avenida citada onde funciona um supermercado. Porém, em 2010 vários moradores e associações de bairro protestaram para o que se considerava um potencial problema em vez de solução de mobilidade.
Em declarações à época, a Linha 6 e a estação no meio do bairro eram associadas à drogados, mendigos, comércio ambulante e “gente diferenciada“, frase atribuída à uma moradora, que negou ser autora do termo tempos depois.
Reportagem do UOL em 2011, no entanto, voltou a colher depoimentos de pessoas residentes em Higienópolis que consideravam a linha do metrô dispensável.
Por conta das reclamações, o Metrô reprojetou o ramal e transferiu a estação para ruas internas do bairro, mais próximas da FAAP, a Fundação Armando Alvares Penteado. Recentemente, o governador João Doria rebatizou a parada trocando o termo “Angélica” por FAAP.
Mais de uma década depois, certamente a visão da sociedade a respeito da mobilidade sobre trilhos mudou consideravelmente. Em vez de rejeição, muitos bairros têm seus terrenos valorizados por conta da proximidade de uma linha, graças sobretudo a uma rede hoje bem mais ampla e conectada. É o caso de Pinheiros ou do Brooklin e Santo Amaro, que experimentam um boom de lançamentos imobiliários próximos às linhas 4-Amarela e 5-Lilás.