Sindicato consegue suspender na Justiça assinatura do contrato do Trem Intercidades SP-Campinas

Juíza Simone Casoretti aceitou argumento do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo que considera leilão ilegal. Governo diz que irá recorrer
Trem regional Coradia
Trem regional Coradia (Alstom)

O Sindicato dos Ferroviários de São Paulo (FESP) conseguiu uma liminar na Justiça para impedir a assinatura do contrato de concessão do Trem Intercidades Eixo Norte, entre São Paulo e Campinas.

O contrato tem previsão de ser assinado em maio com a C2 Mobilidade Sobre Trilhos, que venceu a concorrência lançada pelo governo do estado.

A entidade sindical, no entanto, entrou com um mandado de segurança cível logo após a realização do leilão, em 29 de fevereiro.

Nele, o sindicato que representante os funcionários da CPTM que atuam na Linha 7-Rubi, parte do pacote leiloado, alegam que a concessão apresenta várias ilegalidades.

Seriam elas:

1 – aglutinação indevida de objetos (descumprimento aos art. 3º, §1º e 23, §1º da Lei 8666/93)
2 – ausência de inventário detalhado e suficiente (Lei 13.448/2017), para a transferência de bens imóveis e móveis, operacionais ou não da União
3 – ausência de estudo técnico preliminar justificando a escolha da parceria público-privada e falta de informações sobre o anteprojeto (descumprimento ao art. 10, I, “a”, da Lei 11.079/2004)
4 – ausência de que as despesas com a parceria não afetarão as metas de resultados fiscais previstas na lei de responsabilidade fiscal
5 – descumprimento do art. 7º, §4º da lei 8666/93
6 – diminuição da competividade da licitação com a exigência de documentação relativa à qualificação técnica (cláusula 12.24 do edital)
7 – ausência de condições de pagamento pela adjudicatária (cláusula 15.1)
8 – ausência no edital de condições para o recebimento do objeto da licitação
9 – projeto básico não constitui um dos anexos do edital
10 – o edital não define o londe onde poderá ser examinado e adquirido o projeto básico e não esclarece se há projeto executivo e disponível na data da publicação do edital
11 – ausência no edital de regramento da situação jurídica dos trabalhadores das linhas de trens metropolitanos que serão afetadas pela concessão
12 – inexistência de autorização legislativa para o uso dos bens imóveis de propriedade do Estado para implementação do projeto.

Trem da Linha 7-Rubi (Jean Carlos)
Trem da Linha 7-Rubi (Jean Carlos)

Comporte e CRRC

A juíza Simone Casoretti, que assumiu o processo, não viu a relevância dos fatos em sua análise inicial em março e manteve o processo em aberto. Entretanto, o Sindicato dos Ferroviários entrou com uma liminar na terça-feira, 23, afirmando que haveria risco de ineficácia no processo já que o governo previa que a assinatura do contrato ocorreria em breve.

Diante disso e do fato que o governo estadual não havia sido notificado ainda, a juíza determinou “a suspensão da assinatura do contrato até que as informações sejam prestadas e o mérito possa ser analisado.”

Siga o MetrôCPTM nas redes: WhatsApp | Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter

Consultada, a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), que é responsável pela concessão, afirmou que “A decisão foi proferida ainda dentro do prazo para manifestação do Governo do Estado, sem análise do contraditório. Dessa maneira, o Governo de SP vai recorrer da decisão.”

A C2 Mobilidade Sobre Trilhos, formada pelas empresas Comporte e CRRC, foi a única participante do leilão do Trem Intercidades Eixo Norte, que inclui o serviço expresso entre São Paulo e Campinas (parada em Jundiaí), o trem Intermetropolitano e a Linha 7-Rubi.

O contrato é de 30 anos e a previsão é que o serviço expresso entre em operação em 2031.

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
26 comments
  1. E aí fica rolando na justiça ao invés de ajudar o povo a sair do trânsito, já sabe que o governo não tem mais capacidade de administração do sistema de transporte.

  2. Como sempre um sindicato “preocupado” em não perder as mamatas para iniciativa privada. Reparem que os 12 argumentos apresentados na ação,sequer mencionam os trabalhadores ou a população … lamentável

    1. o sindicato continua existindo após a privatização, quem está criticando procure se informar primeiro

  3. Boa tarde
    Em relação ao comentário do Senhor Marcelo Henrique, e o decimo primeiro argumento, ele não está falando dos trabalhadores?

    1. A CPTM é uma empresa pública e o futuro dos seus trabalhadores depende exclusivamente do estado, não do futuro concessionário. Logo não faz sentido incluir garantias trabalhistas no edital de concessão.

      Se o estado decidir demitir todos ou transferir para outras empresas públicas, isso independe do edital.

  4. em respeito e uma resposta pra vc C.A é q o sindicato está preocupado com os funcionários públicos, aqueles mesmos q param por qualquer coisa e deixam a população na mão. Minha opinião sindicato bom é igual o governo, não faz nada

  5. Sindicato está de parabéns, embora o governo do Estado não deve demorar dois dias para obter uma liminar do presidente do TJSP suspendendo a decisão de primeiro grau.

    1 – Todo mundo SABE que o TIC será mais um elefante branco, que ligará nada a lugar nenhum, custando mais caro que uma passagem de ônibus, e demorando o dobro do tempo.

    2 – A criação do TIC e a extensão da Linha 11 até a Barra Funda serviram de desculpas para o governo estadual, mais uma vez, acabar com o melhor serviço da CPTM que é a linha 710. Hoje mesmo já é possível ver a novas placas que foram colocadas na plataforma central da estação da Luz, informando que a Linha 7 voltará a atender somente até o Brás – e somente em dias úteis, ainda por cima.

    3 – o grupo Comporte simplesmente acabou com a vida de quem depende do transporte público na Baixada Santista, cortando linhas, descumprindo horários e oferecendo veículos em condições péssimas de limpeza e manutenção.

    Como alguém que depende do serviço 710 todos os dias para sair do ABC e ir até o Itaim Bibi, aplaudo a iniciativa do Sindicato.

    1. O sindicato está de parabéns por tentar forçar um terceiro turno eleitoral?

      Todo mundo sabe que o povo de São Paulo escolheu democraticamente o governador que esta aí e as propostas dele.

      Aliás, de democracia esse sindicato não entende, dado que é presidido pelo mesmo grupo há anos (sem oposição).

      1. Se esse for o argumento, tanto melhor para o sindicato, então. Pois a população da Grande SP, que é a maior interessada e afetada por esses processos, não votou nem no atual governador, nem no anterior.

        1. Não é assim que funciona a política. O Lula só ganhou no Nordeste, mas nas outras regiões temos que lidar com sua política assim mesmo.

      2. Ivo, de novo esse discurso a la Rodrigo Bocccardi?

        Terceiro turno eleitoral onde? O sindicato questiona a eleição de Tarcísio? Entrou com ação no TSE? Quem questiona as urnas e o sistema eleitoral, inclusive é a turma do Tarcísio.

        O fato de ser eleito democraticamente não dá direito ao governador de fazer o que bem entende.

        Além disso, Tarcísio não foi maioria de votos nas cidades atendidas pela CPTM, e seu plano de governo entregue ao TSE não constava nenhuma de suas privatizações.

        Como sempre o Ivo destilando seu ódio quando o assunto é sindicato, trabalhador e empresa pública. Com a viamobilidade que aumenta intervalo para carregar mais passageiros, tudo socado no trem, e normaliza o uso da janela aberta e das falhas de ar condicionado, nenhuma palavra.

  6. o “legal” dos comentários contra o sindicato, é que é só xingamento. ninguém usa um argumento útil qualquer.

    esse leilão desde o começo se mostra um leilão viciado, com muitos erros e que servirá de pretexto para conceder a linha 7 e jorrar dinheiro público num consórcio privado.

  7. sindicato sendo sindicato, todos aparelhados contra qquer governo que não for da mesma ideologia, sem nenhuma preocupação com o usuário e com a modernidade.
    querem sempre manter a corda arrochada no pescoço do outro e muito dinheiro no bolso.

  8. Aos defensores da “livre iniciativa” e “investidores” com capital estatal e lucro garantido e risco zero, o dia que a passagem custar em torno de $10 a $15 , espero que se lembrem do que escrevem. Será esse o valor da passagem, ou subsídio estatal do GESP de $10 bilhões ao ano, indo direto no bolso dos tais “investidores”.

  9. Não foi segredo para ninguém que trabalha com leilões reversos gratuitos para o comprador, ao contrário de que divulgarão os gestores, foi um retumbante fracasso, desonesto e incorreto se falar do êxito daquele leilão com inumeráveis inconsistências da Linha-7 e do TIC pois só teve um participante, assim a ferramenta de leilão reverso acabou claramente não atingindo a sua finalidade, que era fazer a concorrência entre fornecedores para reduzir custos, em processos deste tipo tem de haver no mínimo quatro fornecedores participando, portanto a realidade foi diferente daquela apresentada, pois foi ótimo para quem adquiriu e confirmou que sua intenção são as concessões mal elaboradas não se importando com os usuários.
    O desconto de 0,01% é o desconto mínimo, pois pelas regras do leilão, a proposta de contraprestação pecuniária teria que ter algum desconto e na casa dos 2 dígitos.
    Logo esse valor de 1,5 salário-mínimo seria a menor oferta válida, então não tem economia nenhuma pois seria dali o ponto de partida.
    Outra questão é que além desse valor e do aporte do Estado, que também pagará pelo serviço em si, ou seja, o operador também receberá permanentemente um valor referente as tarifas do sistema com risco ZERO. Tanto que o TIC terá remuneração garantida de 90% do valor de referência, a minuta anterior previa que esse serviço a concessionaria assumiria os riscos.
    Nos próximos 5, 10 anos os historiadores e a sociedade, ao analisarem as concessões em São Paulo, ficarão perplexos e sem compreender como um absurdo deste foi possível: ‘Vender’ o patrimônio, dar o dinheiro, investir e sempre repor possíveis prejuízos. Esse será um dos absurdos do nosso tempo que a história terá dificuldade em explicar.

  10. Precisamos dar nome aos bois quando se trata de interesse público e fazer algumas indagações:
    Quem é o/a presidente do Sindicato dos Ferroviários de São Paulo (FESP)?
    Quem são os advogados do Sindicato que entraram com essa liminar?
    Qual é o real interesse deste Sindicato para entrar com uma liminar contra a assinatura?
    O processo licitatório estava em discussão antes do governo Doria e o sindicato não participou das discussões anteriormente?

    1. Pq diabos o sindicato participaria de discussões que não o contempla? Sai do colo dos acionistas e do tarcisio, obra bancada 75% pelo estado pra ente privado lucrar a troco de banana, esse leilão nem deveria ter acontecido

      1. guile, faz muita diferença para entender os motivos dos questionamentos. e na reportagem em questão não aparece essas informações.
        mas por incrível que pareça, questionamentos como este não interessam ao grande público. ou seja, as intenções de grupos que atrapalham o interesse público não pode ser questionado e sim aplaudido.

        1. guile, faz muita diferença para entender os motivos dos questionamentos. e na reportagem em questão não aparece essas informações.
          mas por incrível que pareça, questionamentos como este não interessam ao grande público. ou seja, as intenções de grupos que atrapalham o interesse público não pode ser questionado e sim aplaudido.

    2. kkkk

      o questionamento do sujeito é o nome do presidente e do advogado do sindicato, como se fosse um segredo guardado a 7 chaves. só ler as reportagens que aparecem o nome de ambos. e o que isso faz diferença?

      olha o tipode sujeito que aparece …

Comments are closed.

Previous Post
Formação das 14 operadoras de trens da Linha 5

ViaMobilidade forma 14 operadoras de trem na Linha 5-Lilás

Next Post
Estação Jurubatuba, da Linha 9-Esmeralda

Duas estações da Linha 9-Esmeralda passam a ter nomes de marcas comerciais

Related Posts