10 questões para Alexandre Baldy sobre o BRT e a Linha 18 do Metrô

O secretário Alexandre Baldy (ao centro) a bordo do monotrilho (GESP)

Quem acompanha os perfis de Alexandre Baldy nas redes sociais já se habituou às suas odes à transparência, capacidade de gestão e diálogo. Diante disso, este site decidiu abrir um espaço para que o secretário dos Transportes Metropolitanos do governo Doria possa esclarecer diversos assuntos a respeito da escolha do modal rodoviário ‘BRT ABC’ para ligar os municípios de São Bernardo, Santo André e São Caetano às estações Sacomã e Vila Prudente do Metrô.

O corredor de ônibus, como se sabe, foi anunciado pelo governador João Doria em julho de 2019 como uma solução barata e equivalente à Linha 18-Bronze do Metrô, um projeto de PPP assinado pelo seu antecessor, mas que ficou em compasso de espera por anos.

No entanto, desde esse dia pouco se explicou sobre o que levou a atual administração a abandonar um contrato assinado e em vigor por um sistema que só bem mais tarde soube-se que seria encampado pela Metra, uma concessionária que está à frente dos principais contratos de transporte coletivo na região, como o Corredor ABD.

Nesta semana, Baldy lamentou o artigo em que mostramos porque a solução metroviária é a indicada para o ABC, ao contrário do BRT. E se colocou à disposição quando quiséssemos discutir a questão. “Sempre a disposição quando desejar debater”, afirmou em comentário postado por ele.

Vídeo do governo Doria que mostra o BRT ABC (GESP)

Pois bem, caro secretário, eis aqui nossas questões sobre o assunto. São 10 perguntas que ajudariam a trazer mais luz ao caso e que foram enviadas à assessoria da Secretaria dos Transportes Metropolitanos na terça-feira (25).

Como até a publicação deste artigo não recebemos qualquer resposta, o espaço ficará aberto à manifestação do secretário se ele achar por bem abordá-las.

1 – Onde estão os estudos e projeções usadas para afirmar que a Linha 18-Bronze seria inviável e que o BRT daria conta da demanda? O monotrilho possui um relatório de impacto ambiental público (EIA-RIMA), que explica a escolha do modal e estimativas de operação, mas o BRT até hoje permanece um mistério. Por que?

(Espaço para resposta do secretário).

2 – Em ata do CGPPP e do CDPED (conselhos de parcerias público-privadas e desestatização do governo) , representante da EMTU (empresa sob gestão da STM) afirmou que renovar o contrato com a Metra seria mais benéfico para o estado do que relicitar a concessão do Corredor ABD. No entanto, o teor dessa apresentação ou os estudos que levaram a essa conclusão nunca foram divulgados. Por que?

(Espaço para resposta do secretário).

3 – O governo Doria alega que a Linha 18-Bronze teria um custo muito alto, de R$ 6 bilhões em números atualizados. No entanto, a mesma gestão considerou viável a extensão da Linha 2-Verde até Penha, cujo custo é estimado em R$ 5,5 bilhões. Qual é a diferença entre um trecho de metrô subterrâneo com 8 km e capacidade para 300 mil passageiros/dia e um ramal de monotrilho de 15,4 km capaz de atender 342 mil usuários/dia? Por que não vale a pena bancar cerca de R$ 3 bilhões num projeto de PPP, mas financiar 100% da extensão da Linha 2 (83% a mais que a Linha 18) se o benefício é semelhante?

(Espaço para resposta do secretário).

O trecho de oito estações da Linha 2 em construção: valores e benefícios semelhantes à Linha 18 (CMSP)

4 – Por que o senhor apontou a falência da Scomi como um dos motivos para constatar a inviabilidade da Linha 18 enquanto o próprio Metrô conseguiu reverter (a duras penas por conta da modalidade de licitação) a mesma situação ao contratar a BYD para a Linha 17? O que o faz crer que a concessionária VEM ABC não poderia ter obtido o mesmo até porque ela não teria qualquer dificuldade em buscar outro fornecedor?

(Espaço para resposta do secretário).

5 – Como considerar equivalente à Linha 18-Bronze um sistema de ônibus que vai realizar viagens entre 40 minutos (expresso) e 52 minutos (parador) enquanto o monotrilho previa um tempo de trajeto de 26,5 minutos entre as estações Djalma Dutra e Tamanduateí?

(Espaço para resposta do secretário).

Falência da Scomi foi apontada como um problema na Linha 18, mas que foi superado na Linha 17 (Reprodução)

6 – Numa média simples, o futuro usuário do BRT perderá 40 minutos por dia entre o centro de São Bernardo e a Linha 2-Verde (ida e volta). Esse tempo multiplicado por 22 dias úteis equivale a quase 15 horas perdidas por mês dentro do ônibus em vez de usufruir de outras atividades úteis ou mesmo de lazer. A saúde e o bem de estar da população do ABC não valem o investimento numa linha de metrô?

(Espaço para resposta do secretário).

7 – Por que o governo Doria exalta a expansão da Linha 15-Prata, planeja a extensão da Linha 17 até Jabaquara (conforme relatório do Metrô), mas considera a Linha 18-Bronze inexequível? Como o monotrilho pode ser ruim e bom ao mesmo tempo?

(Espaço para resposta do secretário).

O percurso do BRT ABC: poucos meses após assinatura com a Metra e já surgem previsões de início de obra (GESP)

8 – Como um projeto de BRT que em tese necessita de estudos, projetos, licenças ambientais, desapropriações, pode sair do papel em tão pouco tempo se a assinatura da extensão do contrato com a Metra ocorreu apenas em março deste ano?

(Espaço para resposta do secretário).

9 – O senhor afirmou recentemente que o BRT ABC não substituiu a Linha 18-Bronze. Sendo assim, seria possível reestruturar o projeto um dia e lançar uma nova licitação com revisão dos custos. É uma possibilidade?

(Espaço para resposta do secretário).

Estação Tamanduateí da Linha 2-Verde: enquanto Linha 18 teria integração gratuita com outras linhas de metrô e trens, o governo ainda não garantiu o mesmo benefício para os passageiros no BRT ABC (GESP)

10 – Como toda linha metroferroviária em São Paulo, a Linha 18-Bronze gozaria de integração tarifária gratuita com o restante da rede. Em outras palavras, um morador de São Bernardo do Campo poderia, por exemplo, tomar um ônibus municipal (R$ 4,75) até uma estação do ramal e de lá acessar a malha sobre trilhos pagando mais R$ 4,40 em valores de 2021. Total da viagem: R$ 9,15 e a possibilidade de chegar a qualquer destino nos mais de 370 km atuais de Metrô e CPTM.

No BRT ABC, o usuário também será agraciado com essa integração sem custo extra? Ou ele terá de bancar a passagem municipal, a tarifa do corredor de ônibus e por fim a do Metrô ou CPTM?

(Espaço para resposta do secretário).

Previous Post

Greve na CPTM, prevista para esta quinta, 27, é suspensa

Next Post

BRT ABC: solução ‘gato por lebre’

Related Posts