Alstom deve fazer proposta pela divisão ferroviária da Bombardier

Com dívidas bilionárias, fabricante canadense tem se desfeito de vários programas de aviões e agora pode deixar setor de trilhos, onde tem como cliente o Metrô de São Paulo
Monotrilho da Bombardier: divisão ferroviária pode parar nas mãos da Alstom (CMSP)

O assunto não costuma ser abordado por este site, porém, a especulação sobre uma oferta de compra da divisão ferroviária da Bombardier pela Alstom pode refletir também na expansão da rede metroferroviária em São Paulo. Na Europa, a proposta da Alstom é dada como certa por alguns veículos de imprensa e pode ocorrer nos próximos dias.

A Bombardier, um gigante industrial canadense, enfrenta uma crise sem precedentes, com dívidas bilionárias e com boa parte delas vencendo no ano que vem. A empresa, no entanto, havia decidido vender suas divisões na indústria aeronáutica, incluindo um elogiado jato comercial, o C Series, e que foi repassado para a Airbus. No ano passado, ela também se desfez de outros aviões comerciais e agora surgiram rumores de que seus jatos executivos Global Express e Learjet também serão vendidos para a americana Textron.

Por sua vez, a divisão ferroviária, que surgiu nos anos 70, já tem sua venda cogitada há alguns anos. Uma sociedade entre Alstom e Siemens chegou a ser divulgada como interessada em assumir o negócio mas nada ocorreu. Agora, segundo a imprensa europeia, o grupo francês teria feito uma oferta de US$ 7 bilhões pela Bombardier Transportation, algo como R$ 30 bilhões.

Os rumores dão conta que a Alstom fará uma proposta final nos próximos dias. A Bombardier apresentará os resultados financeiros de 2019 nesta quinta-feira, 13, e a expectativa é que seja comunicada a intenção de vender a divisão ferroviária ou de jatos executivos.

Estima-se que a Bombardier possua uma carteira de negócios de cerca de US$ 35 bilhões (mais de R$ 150 bilhões), porém, a maior parte possui baixa rentabilidade. Siemens e Hitachi teriam se interessado pelo negócio mas desistido tempos atrás.

Contratos no Brasil

É cedo para afirmar qualquer reflexo nas atividades da Bombardier caso a Alstom assuma seu controle, mas eles existirão, sem dúvida. A empresa canadense, que reformou parte da frota de trens do Metrô, tem vários contratos com o governo do estado para fornecer os Innovia 300, monotrilho da Linha 15-Prata, além de sistemas de sinalização e portas de plataformas nas linhas 5 e 15. A encomenda de composições, que era de 54 unidades, acabou sendo reduzida inicialmente para 27, porém, a montagem do pedido remanescente deve ocorrer nos próximos anos já que a gestão Doria sinalizou com a volta da expansão do ramal.

Trem da Série 9000 fabricado pela Alstom: empresa francesa foi condenada pelo CADE por cartel (GESP)

Já os contratos de sinalização e PSDs estão ainda sendo implementados e aí está um dos problemas. Embora já devessem estar concluídos, esses sistemas e equipamentos continuam apresentando problemas ou atraso na instalação. A crise da empresa, inclusive, demonstra que as dificuldades já vem de longe. Sua fábrica na cidade de Hortolândia estaria fechada por falta de encomendas, inclusive.

A Alstom tem uma presença mais antiga no Brasil, mas foi alvo de um processo do CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, por formação de cartel, juntamente com outras 10 empresas, incluindo a Bombardier. A fabricante, no entanto, foi a única a ser condenada à pena de proibição de participação em licitações públicas.

Em um segmento em que há pouca concorrência, a saída de cena de um competidor pode prejudicar futuras concorrências por material rodante como o pedido de 34 trens da CPTM ou as 44 composições que serão necessárias para a extensão da Linha 2-Verde do Metrô. As duas empresas não quiseram comentar as notícias no exterior.

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3 comments
  1. Porque post sobre o status das obras em todas as linhas não está mais sendo atualizado? Temos tido tantas novidades ultimamente.

    1. Novidades nas obras? Desde que o Dória assumiu a gestão, não vemos quase nenhuma alteração no nosso mapa metropolitano. E nem veremos, Linha 18-Bronze mandou um abraço.

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