CPTM abre licitação para reduzir intervalo da Linha 12-Safira para 3 minutos

Trem na Linha 12-Safira: intervalo de espera deve cair para 3 minutos (GESP)

Em linha com a intenção de ampliar as viagens da Linha 13-Jade até a estação Brás, hoje restritas a alguns horários, a CPTM publicou nesta quinta-feira o edital de licitação para modernização do sistema de sinalização da Linha 12-Safira. A intenção com isso é reduzir o intervalo do ramal para 3 minutos, meta da companhia para várias de suas linhas – hoje a média de intervalo está em 6 minutos e 15 segundos em suas sete linhas.

Para conseguir essa meta, a CPTM reduzirá o tamanho dos blocos do sistema ATC (Automatic Train Control, ou controle de trem automático), utilizado para manter os trens circulando na Linha 12. Hoje esses “blocos” (trechos de trilhos) são muito grandes, fazendo com que os trens fiquem mais distantes uns dos outros. A grosso modo, esse sistema de sinalização e controle de trens mantém um trem em cada bloco, separados por um bloco vazio. Com isso, evita-se que haja um risco de colisão, por exemplo. Com mais e menores blocos, é possível colocar mais composições em circulação, reduzindo o tempo de espera sem afetar a segurança.

O ATC é hoje usado também pelo Metrô nas linha 1-Azul e 3-Vermelha, mas serão substituídos pelo sistema CBTC, que controla os trens em tempo real e permite intervalos de até 80 segundos. No entanto, o ATC do Metrô possui um recurso extra não existente na CPTM, o controle automático dos trens. A diferença na prática é que os trens do Metrô se movimentam automaticamente, cabendo ao operador apenas manobras específicas quando autorizado pelo Centro de Controle Operacional, o CCO.

No caso da CPTM, os operadores de fato aceleram e freiam os trens sob orientação do CCO, ou seja, eles não têm autonomia para executar manobras que não estão de acordo com a velocidade do trecho, por exemplo. Com a modernização da Linha 12, esse papel deixará de ser feito pelo operador e assumido automaticamente pelo sistema.

Com isso, será possível reduzir o intervalo para 3 minutos, que é bastante baixo para os padrões da CPTM. Assim, além de oferecer mais trens na Linha 12, será possível inserir mais viagens da Linha 13 sem que isso afete o serviço da Safira – hoje o serviço Connect “invade” os trilhos da Linha 12 entre Engenheiro Goulart e Brás, mas apenas em certos horários. De quebra, será possível aumentar a velocidade dos trens que hoje se arrastam  em alguns trechos.

Esquema de funcionamento do ATC e do ATP: com blocos menores é possível inserir mais trens e reduzir a viagem (Ison Technology)

Mudança de rumo

O investimento na recapacitação da Linha 12-Safira é uma mudança de prioridade do governo Doria em relação ao futuro da Linha 13-Jade. Quando foi concebida, a linha que deveria atender ao Aeroporto de Guarulhos teria como destinos finais a região da Mooca e Chácara Klabin, onde se ligaria com a Linha 5-Lilás. Para os passageiros que quisessem seguir para o centro da capital paulista, a alternativa seria trocar de trem em Engenheiro Goulart ou na futura estação Tiquatira, onde existirá uma conexão com a Linha 2-Verde no futuro.

Após Tiquatira, a Linha 13 seguiria isolada da rede até chegar à estação Parque da Mooca, uma nova parada da Linha 10-Turquesa e ponto de conexão futuro com a Linha 16-Violeta de metrô. Ou seja, um caminho turtuoso para muitos passageiros.

Embora tenha sido implantado pela gestão Alckmin, o serviço Connect (que leva alguns trens da Linha 13 até Brás) nasceu com caráter provisório devido às limitações das vias entre Engenheiro Goulart e Brás. O atual governo enxergou a ida até o Brás como algo de longo prazo e priorizou a solução ao investir na modernização das vias.

Trata-se de um acerto da atual gestão, da qual criticamos em relação a outros projetos. As linhas da CPTM em geral têm potencial para transportar muito mais passageiros e ignorar esse fato tem sido um erro até aqui. Ironicamente, os trechos centrais das linhas 7, 8, 10, 11 e 12 são mal estruturados, com poucas paradas, restrições nas vias e estações muitas vezes decrépitas, algo que poderia ser revertido sem grandes investimentos, além de permitirem uma requalificação de seu entorno.

Planos para isso não faltaram, desde a unificação das estações Lapa, a construção das estações Água Branca, Bom Retiro e Parque da Mooca, e até mesmo a criação de serviços expressos nesses trechos centrais, mas nada disso saiu do papel. Por essa razão, a modernização da sinalização da Linha 12 já é uma boa notícia.

O trecho a ser modernizado vai da estação Calmon Viana à Tatuapé (GESP)

 

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