Em manifestações em rede social, Baldy diz que Linha 18-Bronze é passado

Baldy com a maquete do monotrilho da BYD: “não existe mais Linha 18” (STM)

Após alguns dias em silêncio desde a repercussão do interesse da fabricante chinesa de monotrilhos BYD ter feito proposta para retomar a Linha 18-Bronze do Metrô, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, se manifestou a respeito em seu perfil na rede social Instagram. Instado a responder se havia alguma chance de o ramal de 14 km voltar a ser incluído entre os projetos do governo, o executivo reafirmou que o plano de mobilidade segue o mesmo anunciado há um ano: corredor de ônibus BRT, modernização da Linha 10 da CPTM e o projeto da Linha 20-Rosa.

Nesta quinta-feira, 9, em nova resposta, Baldy foi mais categórico ao dizer que “não existe mais a Linha 18 segundo a Procuradoria Geral do Estado e os comitês dentro do Estado“. O secretário se referia à decisão do Conselho Gestor de Parcerias Público-Privadas, que votou para extinguir o contrato de concessão patrocinada da Linha Bronze com a concessionária VEM ABC em 13 de agosto de 2019.

O secretário, no entanto, inverteu a cronologia dos fatos ao atribuir a responsabilidade aos comitês já que o anúncio do cancelamento da Linha 18 foi feito no dia 3 de julho pelo governador João Doria, portanto, mais de 40 dias antes da reunião que ratificou o fim do projeto. Ou seja, a conclusão do conselho, que conta com representantes da Procuradoria Geral do Estado, o vice-governador Rodrigo Garcia e outros secretários, foi meramente decorativa. Reforça esse cenário o fato de Doria ter antecipado a decisão de pôr fim ao monotrilho em favor de um corredor de ônibus meses antes do próprio anúncio oficial.

Projeção do monotrilho da Linha 18 - Bronze
Projeção do monotrilho da Linha 18 – Bronze: contrato em arbitragem

Em abril do ano passado, durante a inauguração da estação Campo Belo, o tucano já preparava o terreno para o cancelamento da linha de metrô ao dizer que “nós teremos um outro formato que não vai exigir R$ 600 milhões de pagamento de indenizações por desapropriações. Até porque isso é inviável. Nós não temos 600 milhões de reais no orçamento para essa finalidade. Então esse planejamento, que o secretário Alexandre Baldy tem conduzido, será apresentado muito em breve para que a nova solução a ser apresentada“.

Preterido pelos prefeitos e a BYD

A resposta do secretário dos Transportes Metropolitanos não surpreende afinal as novas tratativas entre a BYD, o consórcio de prefeitos do ABC Paulista e o governo do estado não o incluíram de imediato. Em vez disso, o grupo optou por apresentar a proposta para o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, que não possui qualquer atribuição envolvendo transporte público, apenas o fato de ter encontros frequentes com prefeitos do estado. Presidente estadual do PSDB em São Paulo, o ex-deputado estadual é considerado um pupilo do governador, a quem demonstra uma grande devoção.

Entende-se que graças ao trânsito junto à Doria, Vinholi poderia ajudar a reverter a decisão tomada logo nos primeiros meses da atual gestão e que contrariou promessas do candidato tucano, que havia prometido viabilizar a Linha 18-Bronze durante a campanha eleitoral. O secretário de Desenvolvimento Regional teria se mostrado empolgado com a proposta da BYD e prometido mostrá-la ao seu colega da STM, segundo revelou o jornal Diário do Grande ABC. Vale dizer que Baldy, a despeito de várias promessas, pouco se encontrou com os prefeitos do ABC desde o anúncio do projeto de corredor de ônibus.

O governador Doria com o secretário Marco Vinholi: novo canal escolhido pelos prefeitos do ABC e a BYD (GESP)

Às vésperas de um complicada eleição municipal, é natural que políticos se movimentem em busca de propostas para agradar seus leitores. Com a lentidão com que o plano de mobilidade anunciado por Doria em julho do ano passado tem sido tocado, como mostrou o site no início da semana, voltar a falar no monotrilho como uma alternativa mais factível e de curto prazo é completamente esperada.

Restam poucas dúvidas de que a decisão de cancelar a Linha 18 obedeceu a critérios políticos e não técnicos. Por isso, a proposta da BYD não deve criar grandes esperanças em quem defende um modal mais eficiente, limpo e inclusivo. Mas há de se contestar a afirmação de Baldy, de que a Linha 18 ‘morreu’. Na realidade, o contrato continua ativo, a VEM ABC está funcionando, assim como a perspectiva de que as negociações para definir um valor de ressarcimento ao parceiro privado sejam longas. Ou seja, em política o jogo segue em aberto até mesmo após o “apito do juiz”.

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