Entenda como foi a primeira semana de obras na Linha 13-Jade

Obras no ramal e na Linha 12-Safira estiveram focadas na remoção dos aparelhos de mudança de via antigos e a instalação parcial de novos equipamentos
Obras vão pretendem melhorar o Expresso Aeroporto (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

Como foi amplamente noticiado, a CPTM iniciou neste final de semana as intervenções de grande porte nas linhas 12-Safira e 13-Jade. Tais mudanças são tão impactantes que o serviço Expresso Aeroporto, um dos mais procurados da empresa, teve que ser suspenso para que os serviços sejam realizados. Durante quatro finais de semana o trecho entre a estação Tatuapé e Comendador Ermelino sofrerá restrições para que as obras possam ser realizadas dentro dos parâmetros de segurança.

Para entender plenamente o que está sendo realizado, o presidente da CPTM, Pedro Moro, divulgou em suas redes sociais uma série de imagens das obras que estão ocorrendo na junção entre as linhas 12 e 13. As obras são muito mais do que uma simples manutenção, trata-se uma completa remodelação que passa pela via permanente e vai até a rede aérea e sistemas de sinalização. O objetivo final das obras é aumentar a velocidade de transposição dos trens da Linha 13-Jade de 20 km/h para 50 km/h.

Antes mesmo das obras serem iniciadas é possível ver que as equipes que iriam realizar os serviços já haviam deixado os materiais separados em pontos estratégicos. Nas imagens que veremos a seguir temos a presença de uma secção de trilhos com dormentes de concretos já montados e um aparelho de mudança de via.

Nas próximas imagens veremos o procedimento que se denomina “demolição de via”. Esse é o termo técnico utilizado para a realização do desmonte da via permanente, que neste caso será substituída pela secção de trilhos novos e também do novo AMV. É possível ver o modelo do AMV antigo, que é largamente aplicado na ferrovia, assentado em dormentes de madeira. É realizado o corte dos trilhos para sua posterior remoção e por fim são retirados os dormentes de madeira, restando apenas penas a brita.

Na próxima sequência é possível ver que trabalhos para a contenção do solo na via estão em andamento. Os funcionários planejam o procedimento para a instalação do novo AMV realizando marcações no trecho e medições nos pontos de junção da via simples para as vias do aparelho de mudança de via. Essa união é feita através do processo de soldagem que, geralmente, é executado através do processo de solda aluminotérmica.

Além dos serviços na via permanente também está acontecendo a preparação para as mudanças na rede aérea. Uma pergunta que talvez possa surgir é: qual o motivo de realizar modificações em um sistema que não está diretamente ligado às vias? A razão é justamente o novo traçado do AMV.

A rede aérea precisa estar precisamente centralizada e ter sua geometria corrigida para que os pantógrafos, equipamentos que coletam energia para os trens, possam encostar na rede sem que haja o risco de perderem o contato, o que geralmente gera acidentes graves. Novas estruturas estão sendo instaladas para que a rede de elétrica esteja devidamente posicionada. A energia no trecho teve que ser desligada para que a operação ocorresse dentro dos parâmetros de segurança.

Voltando para o serviços na via. Feita a instalação de parte do AMV no local designado, máquinas realizaram a pré-socaria com o derramamento de lastro sobre o novo equipamento. Posteriormente, equipamentos de manutenção entram em ação para realizar a regulação do lastro e o nivelamento de via através da socaria mecanizada. Esses processos são importantes para que os trilhos estejam bem assentados e devidamente nivelados ao longo de toda a sua extensão.

A primeira imagem é curiosa e ao mesmo tempo esclarecedora, mostrando o núcleo do AMV, conhecido como jacaré. Ao se analisar o equipamento é possível ver que ele é diferente do equipamento que estava implantado até então. Esse modelo de AMV possui o jacaré móvel, ou seja, não somente as pontas do AMV como também a parte central do equipamento também se movimentam.

Apesar da presença de um equipamento extra, o que demanda mais atenção da manutenção, esse modelo de aparelho de mudança de via é mais efetivo por garantir a transposição dos trens de forma mais segura do que no aparelho convencional.

Na próxima etapa é feita a instalação das novas máquinas de chave. Esses equipamentos são fundamentais para que o AMV entre em funcionamento e possa realizar a transposição dos trens entre as vias. O dispositivo eletromecânico é ligado em um ponto específico da via onde é possível realizar a movimentação das agulhas, por meio do par de trilhos que são deslocados quando a mudança de via é solicitada.

Outro equipamento também é instalado próximo ao jacaré móvel. O equipamento é automatizado pelo centro de controle operacional através do sistema de sinalização. Nessa etapa, entretanto, o procedimento para ativação e teste do equipamento não foi realizado, sendo que seu comissionamento deverá ocorrer ao longo das próximas intervenções.

Na imagem final é possível ver que grande parte dos serviços foi executada, porém ainda há muito trabalho pela frente. Por sinal, a figura é muito boa para ilustrar as mudanças que estão sendo realizadas. Temos a presença de um AMV antigo na parte superior esquerda da foto enquanto na parte central temos o novo equipamento.

Uma das principais diferenças entre eles é justamente a “abertura” dos equipamentos. O AMV antigo é mais fechado e descreve uma curva com menor raio de curva, isso impacta diretamente na velocidade máxima que os trens podem realizar ao passar pelo equipamento. O AMV mais novo é mais aberto, ou seja, possui uma curva mais suave o que possibilita que os trens possam mudar de via com maior velocidade sem prescindir da segurança. O equipamento novo também é maior em extensão, justamente pela suavidade da curva.

Resultado dos serviços de manutenção até o momento (Pedro Moro)

Conclusão

Em primeiro ponto, é importante destacar a transparência na realização dos serviços. A divulgação das imagens das obras reforça que as paralisações do fim de semana, que afetam milhares de passageiros, têm como objetivo melhorar as condições de transporte para todas essas pessoas. Além disso, a população fica ciente da quantidade de esforço empregado na realização de manutenções e implantações no ambiente ferroviário, algo que mobiliza dezenas, quando não centenas de funcionários.

O segundo ponto fica para as equipes técnicas e de engenharia que, até então, têm mostrado dedicação ímpar na implantação das novas vias. Para o passageiro de todo dia fica a impressão de que um árduo trabalho está sendo realizado, para o olhar técnico pode-se ver a implantação de uma solução que trará muitos benefícios ao longo prazo. Desde a escolha dos equipamentos até a realização dos serviços correlatos, tudo parece ter sido bem pensado e programado. Certamente, após o término dos serviços, o passageiro será o maior beneficiado das ações executadas hoje.

Total
22
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
6 comments
  1. Gostaria de saber se vai melhorar o fluxos dos trens da linha 12 Safira… Pois os trens estão sempre lotados devido os intervalos entre os trens… Muito agradecido…

  2. Espero que isso acarrete uma frequência maior de partidas do Expresso Aeroporto, se sair ao menos a cada 15~20 minutos, a linha 13 vai ser bem mais atrativa!

  3. Parabéns a equipe de manutenção de via ,principalmente ao Eng. Sérgio Luis , pelo belo trabalho!

  4. Que bom ser divulgado, pois a população tem q saber o q está acontecendo.👏🏿👏🏿👏🏿

Comments are closed.

Previous Post

Prevista para setembro, estação Jardim Colonial tem novo vídeo de obras publicado

Next Post

Inauguração de Mendes-Vila Natal no dia 30 de junho parece improvável

Related Posts