Governo do estado decide rescindir contrato com consórcio das obras da Linha 17-Ouro

Consórcio Monotrilho Ouro já havia abandonado canteiros desde o final de dezembro, como mostramos em primeira mão. Governador Tarcísio diz que ramal ficará pronto até 2025
Estação Campo Belo (iTechdrones)

Diante da situação óbvia de abandono dos canteiros mostrada por este site em primeira mão, o Metrô de São Paulo decidiu rescindir contrato com o Consórcio Monotrilho Ouro, formado pelas empresas Coesa e KPE, e que era responsável pelas obras civis remanescentes da Linha 17-Ouro.

O anúncio foi feito pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta quinta-feira, 2, em entrevista. Segundo ele, a empresa foi instada a cumprir o contrato, porém, não houve qualquer ação nesse sentido, e a decisão já foi comunicada ao consórcio.

Agora o governo estuda três alternativas para concluir as obras de sete estações, o pátio de manutenção e alguns trechos de via. A primeira é oferecer o projeto para o 3º colocado na licitação de 2019, o Consórcio Paulitec-Sacyr, que na época propôs fazer a obra por R$ 516 milhões.

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Outra hipótese é chegar a um acordo com a ViaMobilidade, concessionária que irá operar o ramal quando ficar pronto. A ideia é que ela concluísse a implantação mediante algum tipo de compensação, seja financeira ou pela extensão da concessão.

A terceira opção, segundo a TV Globo, é realizar uma nova licitação do que restou de obras civis a serem concluídas. Nesse caso, o risco é que o tempo para encontrar um novo consórcio seja longo já que Tarcísio arriscou dizer que quer ver a Linha 17 pronta em 2024 ou no máximo no início de 2025.

Os poucos funcionários da Coesa e KPE descansam na quarta-feira, 1º de fevereiro (iTechdrones)

Diante de experiências anteriores, uma nova concorrência pode acabar parando na Justiça, como ocorreu há quase quatro anos, quando a Constran venceu a licitação, mas acabou afastada após a Coesa vencer um processo na Justiça e assumir o contrato. Na época, este site já alertava sobre a precária saúde financeira da construtora, então um braço da OAS.

De lá para cá, o grupo baiano se desfez, mas o contrato da Linha 17 ficou sob responsabilidade da KPE, um dos espólios da OAS, e da Coesa, que acabou nas mãos de outros empresários, mas que logo em seguida entrou em recuperação judicial. Ainda assim, o grupo Coesa tem participado ativamente de novas licitações do Metrô e venceu a concorrência para construir a estação Ipiranga, da Linha 15-Prata, em sociedade com a Álya Construtora, antiga Queiróz Galvão.

Opinião do editor: problemas não relacionados ao monotrilho

Como este site não cansa de explicar diante dos “chavões” da grande imprensa, os problemas enfrentados pelo Metrô na Linha 17 e na Linha 15 não têm qualquer relação com o modal monotrilho.

A TV Globo, por exemplo, voltou a repetir que a obra do monotrilho seria rápida e barata, como se o problema fosse esse tipo de transporte. Construir um ramal de montrilho é sim rápido, desde que haja planejamento e empresas sérias e sadias por trás disso. Basta ver a obra da estação Jardim Colonial, erguida em pouco mais de dois anos.

Placa do Consórcio Monotrilho Ouro, formado pela KPE e Coesa: empresa convenceu Justiça que concorrente não tinha capacidade de tocar a obra (Jean Carlos)

Dar voz a “especialistas” que dizem que um corredor de ônibus daria conta da demanda é apenas ajudar o lobby do setor a combater uma tendência natural, a de que a malha metroferroviária, integrada e eficiente, irá assumir a demanda de passageiros de muitas linhas que hoje fazem muito mal o papel de eixos principais de transporte.

E pensar na Linha 17 apenas no trecho inicial de 6,7 km é pura má fé. Ela pode cumprir seu papel quando for implantada por completo.

Outro erro da reportagem é dizer que o contrato foi assinado em julho de 2021. Na verdade, isso ocorreu em novembro de 2020, com a ordem de serviço em dezembro daquele ano.

O jornal SP2 também se equivocou ao citar a instalação de escadas rolantes nas estações como se isso tivesse alguma relação com o Consórcio Monotrilho Ouro. Trata-se na verdade de outro contrato, que estava suspenso há vários anos. Por razões desconhecidas, o Metrô decidiu liberar a instalação, mesmo sem as estações estarem concluídas, expondo os equipamentos a ação do tempo.

Tarcísio: governador tem escolha difícil para concluir obras da Linha 17 (Jean Carlos)

A novela da Linha 17 tem tudo para se estender por mais alguns anos não porque nasceu como um monotrilho, mas sim por falta de planejamento da companhia e do lançamento de um projeto, então pouco conhecido pelo Metrô, feito às pressas por gestões anteriores de governo.

Para corrigir essa situação, o Metrô e o governo precisam aprimorar os processos de seleção a fim de evitar aventureiros nas concorrências públicas. Proibir que empresas com contratos atrasados com o governo participem de novas licitações seria uma delas.

A ironia é pensar que a Coesa teve sucesso em postergar o reinício das obras na Justiça para então ela mesma comprovar na prática que não estava habilitada a tocar um projeto de R$ 500 milhões. Talvez a única boa notícia até aqui é que o consórcio recebeu apenas R$ 100 milhões pelo pouco que fez.

A divisão de fases da Linha 17-Ouro

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20 comments
  1. Concordo com a nota do editor, o problema não é o modal e sim quem está gerindo os contrataos e as obras, se o prblema fosse o modal o mesmo já teria sido suprimido em outras partes do mundo.

  2. Espero que o governo chame a terceira colocada e retome logo as obras, essa outra empresinha porca, ridícula e de fundo de quintal não deveria construir nem casebres, quanto mais obras pesadas, a ViaMobilidade também não serve para tocar as obras, o contrato atual nem permite isso e acredito que seria tão lerda quanto esse consórcio sujo anterior!

  3. E a fantástica aventura dos trenzinhos da disneylândia continua a todo vapor! O terrível furacão 17 ouro continua sugando todo o dinheiro público e deixando um rastro de destruição por onde passa. Quem será capaz de salvar São Paulo dessa catástrofe??? Será que nossos amigos do blog serão capazes de impedir o pior? Ou morrerão abraçados defendendo o indefensável? Aguarde o próximo episódio!!!!!

    1. O problema não é o “trenzinho da disneylandia” como você afirma ironicamente, o problema são estas empresas picaretas contratadas.
      O tal “trem da disneylandia” já se mostrou um modal eficaz de transporte público em várias partes do mundo.
      Acho que você deveria se basear nas informações como um todo e não em notícias isoladas da mídia manipuladora, sobretudo Rede Globo de Televisão.

      1. Tanto o problema não é o modal e sim as construtoras, que é só ver que outras obras como a Linha 6, que é um metrô normal, e o Rodoanel Norte, que é uma obra viária, sofreram do mesmo problema.

  4. Na boa, não existe transporte melhor para grandes e médias cidades do que metrô subterrâneo:
    Rápido, seguro, econômico e não segrega e nem polui o ar e a paisagem urbana!

    Não sou contra o monotrilho em sí, só penso que este modal é mais adequado para ser um sistema que irá alimentar linhas de metrô/trem, ou para ser um trem turístico.
    Mas sou contra o investimento neste modal em substituição ao investimento em metrô, ainda mais numa cidade como São Paulo.

    Muitos que gostam de soluções emediatistas não pensam no longo prazo.
    Hoje a demanda que é pequena, ficará enorme no futuro, aí terá que gastar duas vezes mais em desapropriações e obras civis, para então implantar um transporte de massa.

    É só ver o exemplo do projeto da linha 16 do metrô para desafogar a linha 15 do monotrilho.

    Outro exemplo é a cidade de Curitiba que nos anos 70 ao invés de implantar o metrô, preferiu uma solução mais barata e rápida que são os BRT’s, e que hoje mostra sinais de saturação.
    Por realizar esta escolha no passado, Curitiba tem dificuldades para implantar o seu metrô devido o crescimento da cidade que exige altos custos em desapropriações.
    O barato no passado saiu caro no futuro.

    Embora a implantação de linhas de metrô ou trem tem um custo inicial alto, ela é muito mais econômica à longo prazo, pois trará grande economia de recursos para uma cidade.
    Veja quanto de dinheiro São Paulo perde por causa do seu trânsito caótico!
    Além do mais, grande parte dos subsídios dada ao transporte por ônubus, é para custear o gasto com combustível que é refém da cotação do preço do barril do petróleo.

    A tendência é que mais pessoas venham morar em cidades, e que grandes empreendimentos imobiliários e comerciais se formem aos arredores das vias de transporte.
    Somente um modal de alta capacidade poderá suprir a grande demanda por transporte no futuro.

  5. Esse monotrilho lembra muito o monotrilho do episódio dos Simpsons.
    Nesse episódio o monotrilho já tinha destruído algumas cidades com suas obras e sua ineficiência.
    E o construtor em Springfield parecia tão corrupto quanto os nossos políticos. Estava construindo algo que não funcionaria e ainda tinha Homer Simpson como condutor.

  6. Até concordo que montrilho é melhor do que BRT, Porém, acredito que esse modal, nessa linha, só terá valido a pena se for construído todo o trajeto inicialmente proposto (São Paulo-Morumbi – Congonhas – Jabaquara). Agora, se for pra ficar só nesse trecho entre Morumbi e Washington Luis mais o ramal Congonhas, fica a impressão de que o BRT daria sim conta do recado. Você ter toda uma estrutura como essa de estações, pátio e outras coisas, pra operar um trecho de pouco mais de oito quilômetros, fica totalmente sem sentido.

  7. Apesar de claramente demonstrado pelo site da lenta evolução das obras físicas locais, o governador falastrão anuncia que enviará uma missão para visitar a fábrica da BYD na China se tornará inócua pois a infraestrutura não estará pronta para recebe-los em mais um passeio turístico seus ocupantes sem efeitos práticos.
    O resultado do recalculo feito por especialistas resultou como conclusão das recentes reduções das demandas das Linhas 2-Verde (-)9,9%, 15-Prata (-)20,9% e principalmente desta Linha 17-Ouro (-)43,6% em erros de cálculo grosseiros ficando comprovado quanto equivocado está o planejamento, pois se tivessem levado em conta pela Pesquisa Origem Destino das Linhas Metropolitanas comprobatórias atualizadas (2022), visto edição mais recente ser de 2017, além de proporem de forma atabalhoada sem fundamento algum, a mudança da Lei do Zoneamento no Plano Diretor da região por onde se trafegaria a Linha 17-Ouro demonstrando que ou estão pressionados politicamente ou completamente desfocados da realidade, lançando linhas de forma aleatória e despreparados para administrar contratos e do andamento e fiscalizações de obras e empreiteiras, e calcular a demanda e o deslocamento de passageiros, além do dimensionamento das obras Metrô ferroviárias, principalmente quando se trata de integração de Linhas.

    1. Essa pesquisa origem-destino feita por adolescentes de coletes, é tão valioso quanto um feriado no domingo. Quanto ao governador que está há dois meses no cargo, sim, a culpa da linha 17 é dele

  8. Ricardo, você tem toda a razão! A Linha 4 Amarela também teve uma série de problemas na sua implantação, e houve muitos atrasos. E nem por isso se diz que o modal metrô é ruim.

  9. Correta a análise… só valerá a pena se construído na totalidade… se entregarem somente o trecho que está em obras será um grande elefante branco…

  10. Deveriam ao menos construir o trecho até Paraisópolis, pois ai sim terá uma demanda razoável, pq nas condições atuais vai bater lata na maior parte do trecho.

  11. No consórcio monotrilho ouro, começou como coesa depois passou os trabalhadores para KPE e depois deixou os trabalhadores sem pagamento do mês de janeiro 2023 e sem receber as verbas recisorias

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