Linha 13-Jade completa três anos de operação aquém do esperado

Ramal da CPTM inaugurado às pressas pelo ex-governador Geraldo Alckmin em 31 de março de 2018 atingiu metas importantes recentemente ao receber oito trens e ter o sistema de sinalização finalizado, mas oferta do serviço segue pífia
Linha 13-Jade (CPTM)

Construída com um investimento de R$ 2,3 bilhões, a Linha 13-Jade da CPTM já foi incorporada ao cenário de quem circula pelas rodovias Ayrton Senna, Dutra e Hélio Smidt além de passar a ser uma opção de acesso ao Aeroporto de Guarulhos, o maior da América do Sul.

O ramal, primeiro projetado e construído pela CPTM, foi inaugurado há exatos três anos, no dia 31 de março de 2018, pelo então governador Geraldo Alckmin, que estava prestes a se descompatibilizar do cargo para concorrer à eleição presidencial. Por isso, a linha acabou sendo aberta de forma atropelada, com vários serviços incompletos.

Tristemente, passados 36 meses desde aquela data, o cenário evoluiu pouco para os usuários. Prometida como uma ligação rápida à rede metroferroviária, a Linha 13 ainda opera com intervalos altíssimos, de até 30 minutos, muito longe dos 8 minutos projetados – e que também passam longe de alguns ramais como a Linha 9 e a Linha 11.

Trens também circulam com velocidade reduzida em certos trechos, tornando a viagem mais demorada do que deveria.

O grande entrave da Linha 13-Jade, no entanto, é estrutural. Quando projetou seu trajeto, a CPTM se deu por satisfeita em levá-la até a estação Engenheiro Goulart, distante 13 km do centro de São Paulo.

Trem da Série 2500 (SP Sobre Trilhos)

De lá o passageiro deveria utilizar a Linha 12-Safira, uma das mais precárias da companhia, tanto em material rodante quanto sinalização. Só então a partir do Brás seria possível seguir para outras conexões mais efetivas.

Para ir além de Engenheiro Goulart, a gestão Alckmin sacou o serviço Connect e o Airport Express. Enquanto o primeiro aproveitava alguns intervalos dos trens da Linha 12 para atender a estação Brás, o serviço expresso passou a chegar até a Luz em poucos horários, aproveitando as vias da Linha 11.

Enquanto o Airport Express fracassou, o Connect agradou até que a pandemia suspendeu o serviço. A gestão Doria então relançou uma ligação até o centro com o Aeroporto, o novo Expresso Aeroporto, novamente aproveitando as “brechas” dos altos intervalos das linhas 11 e 12. No entanto, trata-se de uma improvisação já que não há infraestrutura adequada para oferecer intervalos realmente atraentes (os trens partem a cada 60 minutos apenas).

A ironia dessa situação é que dois gargalos iniciais da Linha 13 foram resovidos nos últimos 12 meses. O primeiro era a falta de composições dedicadas ao ramal. Quando Alckmin cortou a fita em março de 2018 foram usados trens da Série 9500 emprestados da Linha 7-Rubi.

Mais tarde, a CPTM os trocou pelos modelos Série 9000 e que ainda aparecem por lá eventualmente. Já a encomenda de oito composições com bagageiros, a Série 2500 chinesa, só está disponível há cerca de um ano. Hoje o ramal conta com oito trens exclusivos, mas normalmente opera com quatro unidades porque a companhia mantém intervalos elevados entre as viagens.

Essa limitação era atribuída ao sistema de sinalização e controle de trens, fornecido pela Siemens. A empresa alemã só o finalizou em fevereiro, segundo o secretário Alexandre Baldy. Porém, mesmo tendo capacidade de inserir mais viagens nos 12 km da linha, o governo deu indícios de que não o fará tão cedo.

O motivo envolve a pandemia, com suas restrições de oferta e circulação, e também o fato de que o serviço convencional, até Engenheiro Goulart, traria mais lotação à Linha 12-Safira.

A solução, espera-se, é a conclusão da modernização das vias da Linha 12 entre Calmon Viana e Tatuapé, que deve permitir intervalos entre os trens de 3 minutos. Atualmente, o ramal circula com espera de 5 minutos nos horários de pico, ou seja, seria possível intercalar mais viagens da Linha 13 nesse novo formato.

O contrato, no entanto, tem prazo de entrega dentro de um ano caso não atrase, o que é praticamente uma regra na CPTM. O governo Doria ainda planeja levar a Linha 13-Jade até a estação Palmeiras-Barra Funda, mas isso a partir de 2024.

Até lá, o ramal continuará muito distante da previsão de transportar diariamente 120 mil pessoas.

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  1. Não entendo pq.nao atende Brás, Goulart e Tatuapé nos 2 sentidos, ajudariam nós Guarulhenses e tb um pequeno alívio nas linhas 11, 22 e 3 vermelha. Seria mais atrativa a linha. Usar 2.linhas na mesma plataforma, situação corriqueira de.muitos países aí fora. Só questão de programação, sinalização. Áudios nas 2 estações e nos trens daria conta para a população se adaptar fácil, fora que se vc entrar em uma linha errada e só descer na próxima estação. Iria prejudicar o Expresso? Não, quantos minutos seriam a mais na viagem, nada de tão absurdo.

    1. Até aqui no Brasil isso é normal, no Metrô de Recife, a linha Centro tem dois ramais, Camaragibe e Jaboatão, e esses ramais compartilham as mesmas plataformas em várias estações. Os usuários se orientam pelo itinerário eletrônico na frente dos trens, assim como esses trens são intercalados. Se aparecer um trem para Camaragibe, é certeza que o próximo é Jaboatão. O sistema, ao menos nesse aspecto, funciona bem, e as pessoas já sabem que se pegarem o trem errado, vão para a próxima estação esperar o trem certo. Para mim essa desculpa do Baldy e CPTM é apenas para esconder a incompetência em ter feito a linha como deveria ter sido feita.

    2. O sistema de sinalização que controla a circulação dos trens da Linha 12 (Brás-Calmon Viana) foi instalado em 1979 e recebeu melhorias pontuais ao longo dos anos mas ainda possui limitações de segurança que impedem sua ideia de ser implementada. O custo para a instalação de um sistema novo está na casa das centenas de milhões de reais.

      A CPTM não tem esse dinheiro e apostou em um projeto de melhoria pontual para diminuir os intervalos. Se esse projeto vai dar certo ou não, só o tempo dirá, mas o ideal seria um sistema moderno, novo e capaz de baixar os intervalos da Linha 12 de 5 minutos para 2 minutos (algo que é previsto para essa linha desde 1982!).

  2. Políticos só pensam neles,nesse caso Geraldo Alckmin para concorrer a presidente,nunca na população se tivessem feito a estação até o terminal de ônibus jardim são João, hoje teriamos demanda de passageiros e muiiiitaaaa demanda ,mas não ficaram a mercê da gru airpport ,pois o consórcio que adquiriu o aeroporto de guarulhos não aceitou a ida dos trens até o terminal, sempre quem perdem é a população.

  3. Causa estranheza esta insistência em se levar a Linha 13-Jade até após o Brás, mesmo se sobrepondo a Linha 11-Coral que é a de maior demanda do sistema com 7,1 passageiros por m² sem ampliar as linhas existentes, uma pane irá travar além dela as Linhas 12-Safira e 11-Coral.

    Também não haverá aumento expressivo de demanda e vantagens reais, e não será a simples troca dos atuais ônibus circulares na GRU Airpot por VLT, Aero Móvel, Monotrilho ou People Mover ou quaisquer outros que irá aumentar esta baixa procura desta linha 13-Jade, e sim sua a extensão do trecho pós estação Aeroporto Guarulhos ainda nesta década com quatro estações Jardim dos Eucaliptos, São João, Presidente Dutra e Bonsucesso que levarão o ramal para uma região carente de transporte no entorno do aeroporto, onde iria aguardar a chegada da Linha 2-Verde em que seria construído um pátio e um terminal de manutenção de trens, afinal este é o 2º maior município do Brasil com 1,3 milhões de habitantes e não tem Trem Metropolitano e nem Metrô, e esta linha 13-Jade está com uma demanda ociosa de 16 mil contra uma capacidade de mais de 120 mil, ao invés de se lançar novas linhas como esta Linha 19-Celeste que só seriam viáveis após a década de trinta!

    Uma vez que existe este bloqueio contratual por conta de um contrato de concessão mal elaborado, para a extensão da Linha 13-Jade sem baldeação para os terminais da GRU Airport que comprovadamente seria tecnicamente a solução correta a exemplo que já ocorre no Terminal Tietê da Linha-1, entendo ser a melhor alternativa se manter os atuais ônibus circulares, uma vez que com as alternativas propostas se ira manter as mesmas baldeações desnecessárias, uma das clausulas de negociação para renovação deste contrato no futuro seria a eliminação deste inconveniente e desconfortável transbordo desnecessário com a linha Linha-13 Jade chegando até os terminais.

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