Linha 5-Lilás tem quatro trens fora de serviço há quase seis anos

Embora ViaMobilidade tenha necessidade de contar com todas as 34 composições, parte da Frota F permanece sem operar desde março de 2017
O Trem 505, um dos poucos Frota F que circulam na Linha 5-Lilás (Jean Carlos)

A Linha 5-Lilás padece de um problema crônico, a indisponibilidade de parte de sua frota de trens. O ramal de metrô que é operado pela concessionária ViaMobilidade possui 34 composições, 26 da Frota P, fabricadas pela CAF na década passada, e oito trens da Frota F, produzidos por um consórcio liderado pela Alstom, ainda na virada do milênio.

No entanto, são trens que foram concebidos com tecnologia de sinalização diferentes. Enquanto os “F” operaram com o sistema ATC entre 2002 e 2017, os “P” estrearam nesse último ano com o CBTC a bordo. Por vários anos, a Frota P ficou parada no pátio da Linha 5 justamente porque o sistema CBTC, implantado pela Bombardier não ficava pronto.

Agora, a situação é semelhante. Embora necessite dos 34 trens, a ViaMobilidade só pode contar com 30 deles. Há quatro composições, todas da Frota F, que não rodam desde março de 2017, ou seja, estão perto de completar seis anos afastadas do serviço.

O problema afeta os trens 501, 502, 503 e 507, embora a concessionária tenha incluído também a unidade 504 na lista de composições que “ainda estão passando por reformulações e não foram liberados para operação comercial”, segundo nota enviada pela empresa por meio da Secretaria dos Transportes Metropolitanos após a abertura de uma Solicitação de Informação ao Cidadão.

A km rodada dos 34 trens da Linha 5-Lilás: três deles estão parados há anos e um rodou apenas 382 km em 2022 (clique para ampliar)

Mesmo os três trens que estão ativos têm rodado muito pouco. Entre janeiro e setembro deste ano, os trens 505, 506 e 508 percorreram apenas 36.000 km em operação comercial. Para se ter uma ideia de como trata-se de uma distância pequena, o trem 510 acumulou mais de 82 mil km em serviço no mesmo período. Detalhe: é a unidade da Frota P com menor rodagem entre os 26 trens neste ano.

A justificativa para a utilização bem abaixo da média é que eles “possuem algumas especificidades técnicas em relação ao desempenho que ainda estão em processo de evolução pelo fornecedor do sistema de sinalização”. Por fornecedor, o texto se refere à Bombardier, que hoje é parte do grupo Alstom, fabricante da Frota F.

Trem da Frota F fabricado pela Alstom para a Linha 5 quando foi entregue em 2002: “especificidades técnicas” impedem que ele opere na Linha 5 (GESP)

Falta de trens no pico?

Em que pese o fato que a Bombardier e a Alstom possuírem tecnologia proprietária diferente, é de espantar que a adaptação da Frota F ao sistema CBTC esteja levando tanto tempo. Mesmo na época em que operavam na Linha 5 com o ATC, essas composições já haviam recebido parte dos equipamentos, portanto o trabalho da Bombardier já se estende por muitos e muitos anos.

Ignora-se quais seriam as “especificidades técnicas” que impedem que os antigos trens possam operar de forma plena já que os poucos que ainda circulam o fazem em horários reduzidos. Sem falar que as composições perderam algumas de suas características como o painel luminoso da testeira desde os tempos do Metrô.

Um dos 26 trens da Frota P, no qual a ViaMobilidade depende para manter a Linha 5 funcionando (Jean Carlos)

Um possível reflexo da falta de trens disponíveis é a tentativa da ViaMobilidade de reduzir o intervalo da Linha 5-Lilás ao realizar embarques e desembarques na mesma plataforma na estação Chácara Klabin. Sem levar os trens para manobrar após as plataformas, a operadora ganha tempo, mas causa dificuldades para os passageiros. Se tivesse mais trens à sua disposição, bastaria ampliar a frota no horário de pico, estratégia comum no Metrô.

A Linha 5-Lilás está se aproximando dos níveis de demanda pré-pandemia, o que deve colocar em evidência a falta de trens. Em outubro passaram pelo ramal em dias úteis uma média de 525 mil usuários, pouco menos do que em janeiro de 2020, quando o Covid-19 ainda não era uma ameaça. Nos seus tempos áureos, a linha que liga Capão Redondo à Linha 2-Verde chegou a transportar diariamente 620 mil pessoas.

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  1. O que me deixa indignado é que essa via mobilidade tem dinheiro mas quer que o estado sustente eles, ganhando absurdos com o nível de passageiros que passam diariamente. Eles precisam arrumar e cobrar a bombadier

  2. Fazem uma falta danada. Capão Redondo fica entupida logo de manhã, tem dia que o trem demora pra chegar à estação.

  3. Estes trens não serão colocados em operação ,eles vão ficar parados aii por bastante tempo ainda, a Via Mobilidade está fazendo os estudos da expansão da L5-LILÁS até Jardim Angela/Ipiranga ,e nisso estará incluído uma nova frota para L5-LILÁS substituindo os antigos Frota F

    E tudo indica que essa nova frota que será estudada na expansão da L5-LILÁS serão UTO-Drivelers semelhantes ao que já é praticado na L4-AMARELA e L15-PRATA

      1. Da própria obra ,tem matérias no Via Trolebus, Metrô Cptm e diversos outros sobre ,nos estudos de expansão da L5-LILÁS até Jardim Angela/Ipiranga terá uma nova frota de 13 trens ,sendo assim 35 trens no total na L5-LILÁS de IPIRANGA até JARDIM ÂNGELA

  4. Essa ViaMobilidade tem é má vontade com a Frota F, isso sim, é uma empresa porca e desleixada porque sempre inventa desculpas e não faz porcaria nenhuma para agilizar as coisas, sempre alega falta de alguma coisa, problemas técnicos, problemas em conseguir peças para esses trens junto à Alstom e não resolve nada! Está na hora de a STM pressionar para que tomem providencias quanto a isso, é muita conversa fiada e pouca ação!

  5. Eu acredito que seja possível a vm optar em substituir ou encostar essa frota, assim como estão fazendo com os 5400 da L8. O que é uma pena, e fora o fato da frota F não poder ser aproveitada pela CPTM.

    E sobre a estética dessa frota, eles sempre parecem mais novos que os irmãos 2070 que foram fabricados anos depois.

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