Além dos trechos em obras e também programados para serem retomados no futuro, o Metrô de São Paulo possui projetos em estudos que podem adicionar nada menos que 79 km à rede sobre trilhos.
A informação consta do relatório de empreendimentos de março da companhia e traz alguns dados interessantes além de informações já conhecidas. São considerados projetos em estudo as extensões das linhas 4-Amarela e 5-Lilás e também os novos ramais de metrô pesado 16-Violeta, 19-Celeste e 20-Rosa.
Somadas, as cinco linhas poderão adicionar 68 estações ao sistema e necessitarão de 123 novos trens para dar conta da demanda, que poderá chegar a 4,5 milhões de passageiros por dia, contando os trechos atuais que estão em operação.
É muito próximo de volume de usuários da rede metroviária existente antes da pandemia, o que demonstra o potencial de melhoria na mobilidade da região metropolitana.
Além desses estudos nas mãos do Metrô, há ainda uma extensão da Linha 6-Laranja até a região da Rodovia dos Bandeirantes e que faz parte do contrato com a Acciona como um item opcional.
Ramal |
Extensão |
Estações |
Investimento (em milhares de reais) |
Trens |
Demanda (usuários/dia) |
Linha 4 | 3,3 km | 2* | 2.890.000 | – | 1.111.180** |
Linha 5 | 7,4 km | 5* | 5.606.000 | 18 | 1.124.930** |
Linha 16 | 21,8 km | 21 | 18.530.000 | 30 | 630.060 |
Linha 19 | 15,8 km | 15 | 16.708.000 | 31 | 580.470 |
Linha 20 | 30,2 km | 25 | 14.950.000 | 44 | 1.089.130 |
Total | 78,5 km | 68 | 58.684.000 | 123 | 4.536.400 |
A notícia ruim é que a companhia não prevê que essas novas obras saiam do papel tão cedo. A principal razão certamente envolve o volume de investimentos necessário para viabiliar esses projetos, da ordem de R$ 59 bilhões.
Para se ter uma ideia, trata-se de dez vezes o montante que o governo do estado pretende gastar para viabilizar a extensão da Linha 2-Verde até Penha (R$ 5,5 bilhões). Não é à toa que parte desses ramais ou todos contarão com investimentos da iniciativa privada diante da escassez de recursos públicos.
Ainda assim, destravar todos eles é uma tarefa hérculea que exige estudos, levantamentos em campo e todo uma consultoria legal, financeira e técnica para que sejam transformados em projetos viáveis.
Veja a seguir como o Metrô enxerga as cinco linhas:
Linha 4-Amarela: extensão até Taboão da Serra
A aguardada extensão da Linha 4 após Vila Sônia se tornou mais palpável após o governo assinar os novos aditivos com a ViaQuatro, concessionária que opera o ramal. Graças a isso, a empresa pode apresentar o projeto de estender a linha por mais 3,3 km e adicionar duas novas estações, Dummont Villares e Taboão da Serra, e assim sair dos limites da capital.
No entanto, na visão da companhia, a expansão ficará pronta apenas em 2028 e exigirá investimentos de R$ 2,89 bilhões. A ViaQuatro, por outro lado, pode adiantar esse prazo, dependendo das condições encontradas. Por enquanto, a gestão Doria não anunciou algum tipo de estudo nesse sentido.

Linha 5-Lilás: extensão até Jardim Ângela
Nos mesmos moldes do que foi feito com a ViaQuatro, o governo também assinou um termo aditivo com a ViaMobilidade que permite que a empresa invista na expansão da Linha 5. Nesse caso, os estudos para a extensão até Jardim Ângela já foram anunciados e devem ficar prontos nos próximos dois anos. Se a concessionária apresentar um plano viável antes e o poder concedente concordar com ele, as obras poderão começar num prazo mais próximo. Para o Metrô, o cenário para inicio de operação do trecho de 3,7 km e duas estações é de 2026.

Linha 5-Lilas: extensão até Ipiranga
Também com 3,7 km de extensão operacional, a expansão da Linha Lilás a partir de Chácara Klabin chegando a estação Ipiranga (Linha 10-Turquesa e futuramente 15-Prata) inclui três estações e o potencial de criar novas e importantes ligações na malha metroviária.
Apesar disso, o custo estimado é alto, de R$ 3,2 bilhões, e aparece no relatório como um projeto distante, para 2034.

Linha 16-Violeta
Revelada em primeira mão pelo site, a Linha 16 aos poucos tem ganhado espaço no planejamento do Metrô. Com quase 22 km, ela assume parte do que seria a segunda fase da Linha 6-Laranja, e deve transportar 630 mil passageiros sobretudo na Zona Leste da capital.
O investimento para viabilizá-la é bastante elevado: R$ 18,5 bilhões e seu horizonte, segundo a companhia, é de 2034.

Linha 19-Celeste
Dos ramais inéditos, a Linha 19 aparece como a mais próxima de virar realidade. Segundo o Metrô, o trecho da fase 1, com 15,8 km, pode ficar pronto em 2029. Seu custo também é significativo, de R$ 16,7 bilhões, mas ainda não está claro como o governo planeja lançá-lo ao mercado, apenas que será uma concessão à iniciativa privada.
Em termos de projetos e estudos, a Linha Celeste é também a mais adiantada, com vários contratos sendo executados além de licenças para sua implantação.

Linha 20-Rosa
A controvertida Linha 20-Rosa, usada pelo governo Doria para amainar as críticas ao cancelamento da Linha 18-Bronze, aparece no relatório num cenário já revelado pelo site numa proposta feita pela iniciativa privada: o distante ano de 2039.
Claro, trata-se do ramal inteiro, que é imenso, com mais de 30 km de extensão e 25 estações, mas deve ser iniciado pelo trecho Santa Marina-São Judas, dentro da capital paulista. O Metrô estima um custo de quase R$ 15 bilhões, mas certamente esse valor ou envolve apenas uma parte do priojeto ou foi estimado como uma PPP, em que o governo arca com metade do valor.
