Começar a construir uma linha metroferroviária pela “ponta externa” é muitas vezes necessário, mas também significa atrair poucos passageiros. Um exemplo bastante ilustrativo disso é o da Linha 5-Lilás, de metrô. Inaugurada em 2002, a linha estreou com apenas seis estações distantes do resto da malha metroviária. Havia sim uma importante conexão com a então Linha C na estação Santo Amaro, mas a ferrovia da CPTM possuía intervalos altos e basicamente percorria a Marginal Pinheiros.
No início, o ramal chegava a fechar aos fins de semana tão fraco era o movimento. Foi só quando a Linha 4-Amarela chegou à estação Pinheiros que utilizar a Linha 5 em conjunto com a Linha 9-Esmeralda (ex-Linha C) tornou-se bastante vantajoso. Hoje, com o ramal conectado às linhas 1 e 2 do Metrô e com 20 km e 17 estações, são transportardas mais de 600 mil pessoas por dia.
Fenômeno relativamente semelhante ocorre com a Linha 13-Jade, da CPTM. Prestes a completar 20 meses em operação, o ramal tem visto sua demanda crescer lentamente. Em outubro, por exemplo, foram 15,5 mil usuários por dia útil, um salto de mais de mil passageiros em relação a setembro (14.444) – ainda assim, somente 13% da sua capacidade projetada.
Entre as várias razões para um movimento tão baixo estão o pequeno número de estações (apenas duas em locais novos), os intervalos bastante altos (20 minutos contra 8 minutos do projeto) e o principal, o fato de a Linha 13 acabar muito longe da região central ou de outros ramais melhor conectados. A ligação natural é com a Linha 12-Safira, uma das mais precárias da CPTM e que ainda mantém intervalos bastante elevados além de chegar à região de Engenheiro Goulart com seus trens bastante cheios.
Em resumo, a viagem comum pela Linha 13 é sofrida, demorada e muitas vezes imprevisível. Não é à toa, portanto, que o cenário seja ruim e poderia ser ainda pior se não existisse o serviço Connect. Ao contrário do Expresso Aeroporto que, como mostrou o site, transporta uma média de 30 passageiros por viagem, o Connect, que leva alguns trens até a estação Brás, é o grande responsável pela atual demanda da linha Jade.
Segundo dados da CPTM enviados ao jornal Guarulhos Hoje, o Connect respondeu por 10,5 mil dos 15,5 mil passageiros diários em outubro. Ou seja, ele é responsável na prática por mais de dois terços do movimento atualmente. É um claro sinal de que a Linha 12, na atual configuração, não consegue oferecer a conectividade necessária para que sua irmã possa funcionar dentro da expectativa do passageiro.
Mês | Movimento diário de passageiros |
---|---|
jan/19 | 10.989 |
fev/19 | 11.858 |
mar/19 | 12.771 |
abr/19 | 13.307 |
mai/19 | 13.621 |
jun/19 | 13.512 |
jul/19 | 13.683 |
ago/19 | 14.110 |
set/19 | 14.444 |
out/19 | 15.500 |
Fonte: CPTM
Cenário ideal vai demorar
Apesar do panorama ainda aquém do ideal, as perspectivas para os passageiros da Linha 13 são positivas. Em breve estrearão os novos trens da Série 2500, exclusivos do ramal, e que permitirão a ampliação do serviço assim a sinalização esteja funcionando de acordo. Com mais trens será possível se programar melhor para utilizá-la. De quebra, espera-se pela modernização do trecho de vias hoje compartilhado com a Linha 12, o que permitirá que o Connect possa ter mais horários.
Na próxima década, caso as obras da extensão da Linha 2-Verde do Metrô realmente comecem e não atrasem, será possível conectar-se com a Linha 13 na futura estação Tiquatira, encurtando a distância e o tempo de viagem até a região do Aeroporto de Guarulhos.
Ou seja, assim como a Linha 5-Lilás já conectou “nada a lugar algum” e hoje demonstra sua importância, a Linha 13 caminha lentamente na mesma direção, embora a passos lentos.
