STM simula como será experiência do passageiro na Linha 17-Ouro

Em dois vídeos, governo do estado mostrou o caminho do usuário nas estações Congonhas e Morumbi que só deve se tornar realidade daqui a pelos menos dois anos
Plataforma da estação Morumbi da Linha 17: por enquanto, viagem ainda é ficção (CMSP)

O passageiro desembarca do voo no Aeroporto de Congonhas, caminha no saguão até descer ao piso que conecta o estacionamento do terminal. Lá, ele segue à direita até encontrar uma parede no corredor onde magicamente desaparece até surgir num lance de escada escuro. Ele continua a descer outro lance até encontrar um longo túnel e logo mais dois lances de escadas em direção à superfície. Ao chegar ao outro lado, ele está no mezanino da estação Aeroporto Congonhas da Linha 17-Ouro do Metrô. Com a passagem em mãos, ele acessa os bloqueios e sobe uma escada até a plataforma do monotrilho para aguardar o próximo trem com destino à estação Morumbi, onde seguirá para uma reunião de negócios em uma empresa nas proximidades.

O trajeto fictício ainda está distante de se tornar realidade no ramal metroviário, o mais atrasado de São Paulo, mas a experiência foi simulada pela Secretaria dos Transportes Metropolitanos nesta sexta-feira em vídeo publicado nas redes sociais. A mesma situação foi mostrada na estação Morumbi, o destino final do nosso “passageiro do futuro”, e a mais adiantada das oito que compõem o primeiro trecho em obras e que já está na fase de acabamento.

Lá, o vídeo parte do acesso lateral ao lado do edifício WT Morumbi, atravessa a passarela por cima da Marginal Pinheiros até sair no mezanino da futura estação. A gravação então sobe novamente à plataforma, nesse caso lateral, de Morumbi, de onde se tem uma visão bastante privilegiada dos inúmeros prédios da região e do rio Pinheiros. O passeio continua em direção à interligação com a estação Morumbi da Linha 9-Esmeralda da CPTM onde tomamos conhecimento do caminho que muitas pessoas farão para realizar a baldeação entre elas.

A estação Morumbi, que já passou a receber o forro amarelo “ouro”, é a primeira a exibir um formato mais próximo do final após anos em que as demais estações são apenas monumentos vazios de concreto e metal simbolizando a incompetência do Brasil em gerir obras públicas.

Provimento em parte

Lá se vão quase uma década desde que a Linha 17 passou a ser tratada pelo Metrô como um dos seus principais projetos e hoje ela continua a ter uma perspectiva incerta. Após as seguidas dificuldades com o consórcio Monotrilho Integração (Andrade Gutierrez e CR Almeida), o governo Doria decidiu rescindir contrato e apostou em duas licitações para destravar o projeto, uma para as obras civis e outra para os sistemas, incluindo os trens de monotrilho.

Com isso, esperava-se que fosse possível resolver os dois problemas de forma mais célere já que originalmente eles faziam parte de um mesmo escopo. Mas o resultado foi desastroso. Um ano depois de lançar os dois editais, o Metrô ainda não conseguiu retomar as obras muito menos a fabricação dos trens. Em ambas licitações, houve protestos dos consórcios derrotados que conseguiram convencer a Justiça de que os vencedores não tinham uma situação regular.

São pormenores burocráticos que nunca deveriam ter sido motivo de ações na Justiça, porém, a legislação que rege contratos públicos não consegue esclarecer coisas como comprovações de capacidade técnica e financeira ou como calcular o patrimônio público proporcional de um consórcio. Sim, uma simples conta aritmética é motivo para levar um recurso à 2ª instância da Justiça para que três desembargadores discutam aula de matemática.

Nesta quarta-feira, 15, uma das ações, que envolve a Coesa Engenharia e a Constran (vencedora da licitação de obras civis) foi julgada pelo Tribunal de Justiça, que deu “provimento em parte” aos argumentos da primeira. A decisão, no entanto, ainda não havia sido publicada até a manhã desta sexta-feira. Só então será possível saber se essa “meia vitória” da Coesa significa que ela assumirá o contrato ou se esses quase seis meses de espera não resultaram em mudança na situação. Quanto à disputa entre Signalling e BYD pelos trens, devemos esperar mais tempo por um julgamento.

Até que esse impasse seja resolvido, realizar o passeio mostrado pela STM estará mais para ficção científica com toques de terror.

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
7 comments
  1. O projeto dessa linha da nojo só de ouvir falar, já sugeri mudar para linha ” MARROM”, isso cheira muito mal!!
    Enquanto isso o povo se aperta e é tratado como sardinha enlatada.

  2. Quem diria que a Estação Morumbi, a última a iniciar a construção, parece ser a mais adiantada de todas. Difícil de entender o que acontece.

  3. Eu acho que a Linha 17 nunca foi tratada como “prioridade” do Governo. Só foi usada como marketing como ligação da rede metroferroviária com o Aeroporto (o mesmo acontece com a Linha 13). Torço para que as extensões pra São Paulo – Morumbi e Jabaquara saiam do papel, mas acho que a curto e médio prazo é muito difícil

    1. Era pra essa estação estar dentro do aeroporto, mas tombaram ele como patrimônio histórico, e nada pode ser alterado na sua estrutura agora. Agora me diga, o que tem de tão histórico nesse aeroporto que não se pode fazer uma melhoria decente nele? O Brasil é o país que nasceu pra dar errado, e nisso foi um sucesso.

  4. Vergonhoso. Não conseguir ligar o aeroporto da maior cidade do Brasil ao metrô. Lembrado que a linha azul do metrô está a 2 KM de distância.

    Existem outras obras intermináveis, como o Rodoanel, caso em que o Serra está sendo investigado.

    Pensar que o trem que liga Curitiba a Morretes foi construído na base picareta (ferramenta) em 4 anos!

    Hoje tem tatuzão, jateamento de concreto com secagem rápida, ferramentas de alta precisão.

    Dá para entender isso? Claro que dá!!!

Comments are closed.

Previous Post

Questionado por deputados, secretário Baldy ignora pergunta sobre a proposta da BYD para a Linha 18

Next Post

Governo admite que entrega da estação Vila Sônia da Linha 4 pode atrasar

Related Posts