Trem Intercidades até Campinas contará com 15 trens de média velocidade

Projeto do TIC deve passar por audiência pública no final de julho e prevê investimento de R$ 7,5 bilhões pela concessionária que vencer a licitação
Trem regional da Hyundai Rotem (Kouhosei)

O governo Doria está nos preparativos finais de apresentar o projeto do Trem Intercidades (TIC) entre São Paulo e Campinas. Segundo afirmou José Augusto Bissacot, chefe da assessoria de concessões e parcerias da CPTM, durante workshop da ANPTrilhos nesta terça, a audiência pública deverá ocorrer no final do mês.

Bissacot provavelmente se referia ao final de julho já que não houve qualquer aviso da STM para que o evento ocorre-se nesta quarta-feira. Ainda de acordo com o executivo, o projeto seguirá para consulta pública após a audiência.

A apresentação trouxe algumas informações já conhecidas como a implantação das novas vias e a recuperação de outros trechos em conjunto com a MRS, que é responsável pelo transporte de cargas entre Jundiaí e a capital paulista.

Mas alguns dados e explicações esclareceram dúvidas sobre o projeto. Um deles é a quantidade de trens necessária para operar o serviço do TIC. Segundo Bissacot, serão 15 composições de média velocidade. Elas serão capazes de atingir uma velocidade máxima de 160 km/h, mas devem operar entre 90 km/h e 100 km/h.

Como deverá ser a implantação do TIC e do TIM (CPTM)

Além desses trens, a concessionária deverá adquirir outras oito composições para o serviço Intermetropolitano (TIM) entre Francisco Morato e Campinas. Não está claro ainda quais serão as características desses trens, mas devem ficar próximos às series que hoje operam na CPTM.

A princípio, o edital não deverá exigir que esses novos trens sejam fabricados no Brasil, mas esse é um ponto ainda a ser resolvido.

Todas as vias obedecerão à bitola de 1.600 mm para que seja possível compartilhar trilhos com a Linha 7-Rubi em casos especiais. Segundo a CPTM, o traçado definido exigirá pouquíssimas desapropriações, como será o caso da estação Lapa, que será reunificada pela concessionária.

A futura operadora privada também ficará incumbida de construir a nova estação de Água Branca, que unirá as linhas 7 e 8 com a Linha 6-Laranja do Metrô.

A divisão de responsabilidades entre a concessionária e a MRS (CPTM)

Congestionamento será o ponto fraco do modal rodoviário

A definição do formato de remuneração do projeto ainda está sendo discutida e pode envolver pagamentos por disponibilidade (km), demanda (tarifa de remuneração) ou mesmo os dois combinados.

A referência do custo da tarifa para o passageiro é o valor da passagem de ônibus, atualmente em R$ 37,00. Há, por exemplo, a possibilidade de a definição ficar a cargo da concessionária desde que não passe um valor de teto. A empresa também poderá oferecer tarifas diferenciadas por horário, classe de serviço ou integração.

Uma boa constatação dos estudos é que não está previsto existir pendularidade entre São Paulo e Campinas. Segundo os dados levantados, a demanda é semelhante em ambos os sentidos e horários. O TIC deve atrair 58 mil usuários por dia enquanto o TIM, quase 100 mil pessoas num cenário de 2035.

Trens Intercidades terão lugares marcados (Subway06)

Embora o tempo de viagem do TIC, de pouco mais de uma hora, seja semelhante a viagem rodoviária, a CPTM acredita que os congestionamentos constantes na entrada de São Paulo farão toda a diferença. O Trem Intercidades será atraente não apenas por chegar de forma previsível e rápida à região central, mas também por estar conectado à crescente malha metroferroviária da capital.

Questionados sobre o projeto ter visto a velocidade média cair desde o começo dos estudos, há cerca de 15 anos, os técnicos da CPTM argumentaram que uma redução pequena no tempo de viagem, algo como 10 minutos, implicaria num aumento de investimento que poderia tornar o projeto inviável.

Investimentos da concessionária

Entre as obrigações contratuais da futura operadora do pacote TIC-TIM-Linha 7 estão a construção de 150 km de novas vias energizadas e sinalizadas, revitalização e reconstrução de outros 50 km para a via de carga entre Campinas e Jundiaí, construção de novas estações (Lapa e Água Branca), reconstrução das antigas estações de Vinhedo e Valinhos além de reforma de Louveira, Jundiaí e Barra Funda, neste caso para adequá-la à receber o TIC.

Estação de Jundiaí será reformada pela concessionária (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

A parceira privada também deverá modernizar 12 estações da Linha 7, modernizar sistemas, revitalizar e implantar novos equipamentos. Por fim, caberá à ela construir um túnel de 700 m na região de Botojuru.

A MRS, por sua vez, terá a missão de construir 57 km de via segregada com passagens entre Barra Funda e Jundiaí além de adequar os acessos das estações que precisarão passar pela segregação.

A meta do governo é pagar sua parte no projeto por meio de aportes calculados pelo avanço da obra pela concessionária. A CPTM estima uma taxa de retorno de 9 a 10% ao fim da concessão de 30 anos.

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19 comments
  1. Ter esse trem será muito bom para São Paulo e região. O que me entristece um pouco, é que aqui no Brasil leva-se anos e anos para um projeto sair do papel, e quando sai é algo que acaba ficando um tanto abaixo do esperado.
    Essa velocidade média entre 90 e 100 Km/h, é baixa quando comparamos com trens que operam em outros países.
    Por exemplo, o projeto trem Maya em desenvolvimento no México, está sendo projetado para atingir velocidade máxima de 160 km/h e média de 120 km/h.
    Os trens do projeto paulista deveriam alcançar velocidade média de pelo menos uns 130 km/h.

  2. Então pode-se concluir que a concessão da linha 10 e o TIC até Santos não vai ser contemplado nessa concessão? Será que vamos ter alguma outra concessão com esse projeto? E como fica o serviço 710? O Governo tem que esclarecer essas questões…

  3. Não terminaram o BRT , e estão querendo fazer uma obra de 7,5 bilhões , essa corja estão querendo acabar com o Brasil , mais uma licitação furada , isso é uma vergonha , só um idiota para cair nessa , haja propina nessa obra.

    1. se for a obra do BRT de campinas que vc se refere, nada tem haver uma coisa com outra, já q esta é uma obra custeada com recursos do governo federal, logico q está atrasada e quem paga somos nós, porém a do trem intercidades é uma ppp.(parceria pública privada), são coisas com suas burocracias e particularidades a partes.

  4. Já que não há investimentos federais em nenhum tipo de transporte, ainda mais sobre trilhos, a notícia apenas reforça a seriedade com que o governo de SP vê o transporte metroferroviário na RMSP. São novidades toda a semana.

  5. Pelas obrigações no contrato de concessão que exijam vultuosos investimentos, a concessionária deveria receber 60 anos de concessão e não 30.
    Seria interessante que a concessionária responsável pela operação do TIC, TIM e linha 710, fosse entre as suas empresas acionistas a MRS.

    1. Andei muito nesse trecho São Paulo Campinas, não entendo a dificuldade de reativar um trecho já existe, primeiro projeto na época em que o Mário Covas era governador e Cláudio de Senna Frederico era secretário o trem ia andar a 200 km por hora, depois com Alckmin e Jurandir Fernandes, caia para 160 km por hora, agora com Doria e Alexandre baldy reduziram para 100 km/h. O próximo governador irá operar o trecho com os velhos Toshiba 5800 da fepasa bitola métrica a 60 km/h. A maior dificuldade no Brasil é a falta de empenho e vontade política de resolver as coisas, sempre servindo a interesses próprios ou de um grupo de pessoas, na época da fepasa era um trem antigo e limitado, mas posso afirmar com certeza, tinha um trem.

  6. Os próprios corruptos do PSDB que desfizeram das linhas da Fepasa, são os mesmos que falam em reconstruir este trajeto como se fosse a coisa mais nova a ser implantada.
    O povo de São Paulo se julga tão superior e culto do que dos outros estados, mas são feitos de otários à mais de 30 anos votando nos tucanos.
    Para que ninguém ache que sou um petista ou bolsonarista de outro estado, aquí vai a resposta:
    Sou de São Paulo e não voto em ninguém, pois não apoio partido nenhum!

  7. As estações da linha 7 RUBI, e de outros ramais necessitam urgentemente de cobertura por causa dos dia de chuva, e elevadores e escadas e rampas rolantes para os portadores de deficiência. Modernização já.

  8. A Dilma tinha lançado um projeto assim tb pra ficar pronto pra Copa 2014. O Brasil não é pra amadores.

  9. O problema que tudo aqui quando é para beneficiar a população, se tona tudo burocrático e demorado. Isso quando não fica só no papel ou para no meio, como é o expresso capital ao abc paulista que até hoje é só utopia.
    Lamentável meu país !!!

  10. Maravilha e veremos pronto em 2090 , os cara nem terminaram o que estaria pronto em 2014 ja estão projetando fazer outro kkkk, comédia né? Lamentável.

  11. O Brasil está tão atrasado na malha ferroviária que se faz licitação para um serviço de trem que vai correr a 90 km/hora !!!!! Enquanto isso, na Espanha, por exemplo, existe trens a 270 km/h

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